segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vasco Reis reclamou junto do presidente do grupo parlamentar do CDS/PP Nuno Magalhães da interpelação de João Almeida sobre tauromaquia

Vasco_mm_reisCarta que Vasco Reis, médico veterinário, fez chegar ao presidente do grupo parlamentar do CDS/PP, Nuno Magalhães, sobre a intervenção do deputado daquele partido, João Almeida, na interpelação ao secretário de Estado da Cultura durante o debate na comissão parlamentar sobre o Orçamento de Estado para 2012.



Exmo. Senhor Deputado Nuno Magalhães
Dgmo. Presidente do Grupo Parlamentar CDS/PP


A intervenção veemente do Senhor Deputado João Almeida em favor da tauromaquia revelou um profundo desconhecimento científico ou uma total indiferença pelo terrível sofrimento de touros e de cavalos; uma atroz ausência de compaixão e de sentido de ética; uma forte faceta oportunista e uma falta de vergonha e de respeito pelas muitas pessoas conscientes, que por justas razões abominam tal actividade, que só existe para gáudio de pessoas viciadas em violência e crueldade, para exibicionismo, para negócio em nome da tradição e até em vários sítios para inovação.

O acompanhamento por 25 pessoas que se retrataram como aficionados e elementos influentes da tauromaquia, feito nas galerias da AR durante a respectiva alocução, ilustra o papel do deputado como emissário deste grupo, pelos vistos, por ele bem avisado e com ele bem concertado.

O senso comum induz e a ciência confirma que os animais utilizados, touros e cavalos, sofrem muito psicológica e fisicamente antes, durante e depois das corridas. E muitos mais sofrerão em lides privadas para "treino e diversão tauromáquicos" por este país fora.

São estes seres dotados de fisiologia e de sistema nervoso semelhante aos do Senhor Deputado e, pelo menos, tanto como ele, sensíveis a claustrofobia, susto, medo, fúria, dor, esgotamento, infecção, doença, etc., mas que os aficionados pretendem ignorar e que deixa muita gente indiferente.

Muito mais haveria a argumentar, mas que até aborrece repetir, de tão óbvio.

Tratou-se, portanto, na minha opinião, de um acontecimento vergonhoso para o Senhor Deputado, para o seu Grupo Parlamentar, para o seu Partido, para o nosso Parlamento, para a reputação do nosso país, quiçá em nome de uma liberdade democrática que tem permitido a crueldade como espectáculo e que aceita agora esta sua apaixonada defesa na sede da nossa democracia, a Assembleia da República, sem que vozes da indignação se tenham feito ouvir.

Assino-me como um dos muitos porugueses que se envergonham deste acontecimento e que lastimam também a repercussão que isso vai ter no mundo evoluído.

Vasco Reis, médico veterinário
Aljezur

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