1. O QUE É A TENTA
A
“tenta” é um teste daquilo a que alguns chamam de bravura do (chamado)
gado bravo de lide. Faz-se a praticamente todas as fêmeas, e a alguns
machos, quando estas/estes têm cerca de 2 anos de idade.
1.1. A tenta das fêmeas
Um
homem, o tentador (geralmente um picador profissional), montado em cima
de um cavalo cujos olhos estão vendados, e armado com uma vara de 2,5m
com um aguilhão na ponta, provoca cada vaquinha, de modo a que esta
invista contra o cavalo para assim a castigar, espetando-lhe o aguilhão
entre as espáduas e repetindo este processo, várias vezes, quando é
conseguida a repetição/recarga. Muitas das jovens vacas são ainda
lidadas de muleta. Tudo isto é feito nos tentadeiros das ganadarias que
são redondéis ou pequenas praças de touros. Participam, para além do
picador (que tem o papel principal), amadores e toureiros (ou ex
toureiros) profissionais, o ganadeiro e o pessoal superior da ganadaria.
Assistem, muitas vezes, convidados.
1.2. A tenta dos machos
1.2.1. No tentadeiro
Para
as tentas feitas em tentadeiro, o procedimento é basicamente o mesmo
tanto para fêmeas como para machos. As diferenças que existem visam que
estes, que são dotados de uma excelente memória, se um dia chegarem a
ser torturados também numa corrida de touros, não se recordem da tenta,
já que isso pode ser uma desvantagem para quem os vier a lidar em praça.
Assim sendo, enquanto nas tentas das fêmeas, na primeira fase, os
toureiros de turno utilizam o capote para afastar as vaquinhas do
cavalo, para que elas, preferencialmente, voltem a investir contra o
cavalo e sejam novamente picadas com a vara; nas tentas dos machos são
utilizados, para o efeito de os afastar provisoriamente do cavalo, ramos
de eucalipto ou choupo. Para que os machos não vejam o capote, também
se dispensa, usualmente, a lide de muleta.
1.2.2. Em campo aberto
Uma
vez que o tentadeiro pode dar a conhecer um ambiente semelhante ao de
uma praça de touros - com todas as desvantagens que daí poderão advir
decorrentes da capacidade de aprendizagem e excelente memória dos
bovinos -, os machos são quase sempre tentados em campo aberto. Dois
cavaleiros separam de um grupo o indivíduo que querem tentar,
servindo-se para Isso de longas varas com que, de seguida, o perseguem
até o conduzirem ao local onde se encontra o tentador. Quando o animal
perseguido percebe que lhe taparam o caminho, num instinto de defesa
tenta atacar o tentador, que aproveita para o castigar, da mesma forma
como se castiga em tentadeiro: picando-o, repetidamente, com o aguilhão
da vara dos 2,5m. Há animais que são espetados, pela vara de castigo, 12
(DOZE) ou mais vezes.
2. A VIOLÊNCIA DAS TENTAS
2.1. A tenta como ato violento para os bovinos
Ao
serem picados, com o ferro afiado e comprido que lhes rasga e perfura a
pele, carne e músculos, estes animais, que estão a ser testados, sentem
dores fortíssimas. Tentando libertar-se da vara, empurraram, muitas das
vezes, o cavalo montado pelo picador, o que faz com que a vara lhes
perfure ainda mais o corpo e os deixe severamente feridos e
enfraquecidos. Para alguns, a tenta não termina após o tércio das varas
ou da muleta, e são ainda violentados pelo cravar de bandarilhas,
algumas dessas vezes por alunos de escolas de toureiro.
2.2. A tenta como ato violento para os cavalos
Os
cavalos, que estão mal protegidos, apenas pelo “peito” - uma espécie de
capa de borracha e algodão - sofrem as investidas dos bovinos e ficam
muitas vezes com lesões, em especial lesões internas nem sempre
visíveis, que a tal estrutura, supostamente protetora, não consegue
prevenir. Além disso, são derrubados com alguma frequência, devido às
referidas investidas, ocorridas num momento em que eles estão de olhos
vendados e com os movimentos dificultados pela estrutura que os deveria
proteger, mas que, não só não os protege convenientemente, como é
desconfortável e pesada.
Fotos da sequência desta queda: https://picasaweb.google.com/ant.teix.ftg/Tenta#5459262252465817650
3. O DESTINO DAS VÍTIMAS TESTADAS
3.1. O destino das fêmeas
À
generalidade das fêmeas que são atraídas pelos cites do picador, e que
investem várias vezes contra o cavalo e obtêm boa nota na tenta, é-lhes
atribuída a função de procriar até aos 13/14 anos de idade, normalmente,
dois anos sim, um ano não. Quanto às que não são atraída pelos cites do
picador, fogem do cavalo ou da vara ou, por outros motivos, obtêm má
nota final, vão para o matadouro. Arriscamos dizer que é o que acontece a
cerca de 50% das vacas testadas. (De referir que algumas vaquinhas nem
chegam a ser testadas em tentas, pois são torturadas ainda antes disso,
por exemplo em treinos de toureiros e de alunos de escolas de toureio, e
perdem a vida antes de completarem os 2 anos de idade.)
3.2. O destino dos machos
Os
machos que se mostram voluntários e, de acordo com os critérios de quem
os avalia, nobres: ficam destinados à lide. Poucos meses, ou poucos
anos, depois, serão torturados para gáudio de pessoas que pagam para
ver. Entre os que se mostram voluntários e nobres, os que fazem pelo
menos doze fortes entradas no cavalo são muitas vezes, de seguida,
lidados por um novilheiro ou por um matador, com os três tércios
(capote, bandarilhas e muleta), sendo que se obtiverem boa nota quer na
primeira fase com o picador, quer na faena, serão destinados a cobrir
vacas; dependendo a continuação desta função das características dos
filhos que forem tendo. Os machos que são fugidios e demonstram medo vão
para a charrua ou para o matadouro. (De referir que muitos machos, por
não reunirem uma série de características, são abatidos muito antes dos
dois anos de idade e não chegam a ser testados.)
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