terça-feira, 23 de março de 2010

Tauromaquia é cultura?


O Ministério da Cultura demonstrou a intenção de criar uma secção dedicada à tauromaquia. Acto contínuo, duas petições contrárias entraram em discussão na praça pública. De um lado defende-se a necessidade de preservar esta tradição cultural, do outro critica-se a criação desta secção.
Nesta discussão queremos avaliar e dar a conhecer os argumentos de ambas as partes para a formação de uma opinião esclarecida. É uma atividade cultural e artística?
Ou um acto de barbárie sem qualquer justificação? É uma arte? Deveriam ser ilegais?
Convidados:
Defensor Moura, Deputado do PS, Ex-Pres. Câmara Municipal Viana do Castelo – primeira Cidade Anti-Touradas de Portugal
Paulo Borges, Partido pelos Animais
Maurício do Vale, Crítico de tauromaquia e Taurino
Carlos Alberto Moniz, Apresentador TV
http://sociedade-civil.blogspot.pt/2010/03/tauromaquia-e-cultura.html 

Em primeiro lugar os meus parabéns por abordarem o tema. 
Tauromaquia não é nem nunca poderá ser cultura. O argumento de que se trata de uma tradição não é aceitável, pois as sociedades tem que evoluir deixando para trás os costumes obsoletos e muitas vezes bárbaros. Veja-se o caso da matança do porco, veja-se o caso da escravatura, até o da pena de morte. 
Lamentavelmente a própria ministra da cultura resolveu incluir, com a criação de uma secção de tauromaquia no CNC, a tauromaquia na cultura, o que representa um retrocesso em relação à evolução em termos éticos que em Portugal se vem lentamente conseguindo. Já inúmeras vozes públicas e privadas se levantaram contra esta triste decisão, entre as quais a de Rui Vieira Nery, musicólogo e membro do referido conselho. 
Nas palavras da própria ministra, no seu discurso de 21/12/09 na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, “ a principal missão do ministério da cultura é afirmar a cultura como (…) meio mais eficaz para o desenvolvimento social , para a evolução das mentalidades e consolidação da consciência cívica dos cidadãos. 
“… a sensibilidade , a capacidade de reconhecimento na comunidade nacional e internacional e europeia o respeito pelos valores éticos, e o conhecimento assente no conhecimento próprio e no mundo que nos circunda” 
Ora a criação de uma secção de tauromaquia no CNC representa não um meio para o desenvolvimento social mas para o seu retrocesso, não para a evolução das mentalidades mas para a sua decadência, não para a consolidação da consciência cívica dos cidadãos, mas para o seu enfraquecimento e desestruturação. 
A criação de uma secção de tauromaquia no CNC não é demonstração de sensibilidade nem irá granjear o reconhecimento na comunidade nacional e internacional e europeia e é a antítese do respeito pelos mais elementares valores éticos universalmente aceites.
Incluir a tauromaquia no campo da cultura é um erro crasso. A tauromaquia é de facto um costume bárbaro e mantido vivo unicamente devido aos interesses económicos de uma reduzida classe que faz do sofrimento brutal de um animal nobre como o touro o seu sustento e de uma minoria que se deleita com esse sofrimento. 
Cultura é um conjunto de actividades que orgulham e enobrecem um país, não que o entristecem e envergonham.  
Atentamente,
Isabel Santos – 48 anos - Porto"
(via e-mail)

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