Num mundo que vive de noções deturpadas, vejo muita gente a defender matérias como se tivessem uma perfeita definição do que é arte e principalmente como se achassem donos e senhores da definição de 'cultura'. A prova disso mesmo é a ignóbil convicção - num certo cultivo grotesco de uma profunda ignorância - de que o prazer na tourada não é consequência da tortura e do sofrimento de um animal inocente, isto é o touro entra na arena porque é seu destino ser toureado. Não é necessário salientar a indigência de semelhante... não lhe vou chamar raciocínio, mas absurda dedução... A «lógica» pseudo-moralista desta maralha é a mesma das beatas que passam horas infindáveis em oração por si próprias. Ou a dos doentes mentais que passam horas a puxar o brilho ao pelo dos cavalos numa mostra doentia de um afecto que terminará um dia pelos transformar em base de mesas depois de serem feridos de morte, mas que no entanto não são capazes de se levantar para afagar o bebé que chora a meio da noite, pois isso não é coisa de macho e a mulher que o faça. Que dizer de quem acha que o sentimento que se pode ter por um animal, o prazer de partilhar momentos de alegria e a angústia de uma correria para o veterinário, não passam de modas? Tudo não passa de um sentimento menor, ressabiado, de uma pequenez sem sentido e de um profundo sentimento de frustração perante a vida e a sociedade que os envolve. Partir do princípio de que o homem é o único que pode ter direitos e de que o direito é uma realidade cultural, é a mais profunda demonstração de uma falácia ignorante e desprovida de qualquer sentido.
O homem, como ser sapiente, tem a obrigação moral de defender os animais e essa defesa é o exponencial moral da condição humana, jamais sendo uma degradação da sua humanidade. Rotular os movimentos anti-taurinos como uma tendência social de origem urbana, é não compreender o mundo rural e uma tentativa de conflitualidade entre dois «mundos». Note-se a utilização do termo virilidade como uma justificação do meio pró-tourada como que o confronto entre o animal e a besta (e a besta não é o touro), viesse provar a superioridade do homem. As próprias justificações pró-taurinas são a imagem reflectida de um pensamento que se quer erradicado de uma sociedade evoluída. O meio rural não é, sendo-o só na tacanha visão de uma mente doentia, um mundo violento e pouco higiénico, e tão pouco um mundo onde a aceitação da tourada é plena. É a eterna dicotomia aldeia versus cidade sem nunca terem a noção de que "aldeia sempre foi sinónimo de isolamento e conformismo, de mesquinhez, aborrecimento e mexerico." Esta só o é porque se acha conveniente manter um povo ignorante e estúpido, pois um povo que não questiona é um povo e uma sociedade submissa e permissível à violência das touradas.
por Rui Barbosa
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quarta-feira, 1 de agosto de 2012
terça-feira, 31 de julho de 2012
Tourada não é CULTURA!
20% de desconto em toda a cultura!
- Será que posso comprar um bilhete para a tourada?
- Será que posso comprar um bilhete para a tourada?
Não... Tourada NÃO É CULTURA!!!
terça-feira, 22 de maio de 2012
Touradas - Cultura de tortura, exploração e sofrimento
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Fonte: Fight Bull |
No entanto, ficam expostas algumas respostas aos argumentos mais vulgares de quem se esforça por tentar justificar uma prática sem justificação. Para quem se decidir a pensar.
1- As Touradas são uma tradição antiga e por isso devem ser defendidas e perpetuadas.
As touradas são de facto uma tradição (importada de Espanha). Mas isso por si só não deve justicar que se pratiquem. As tradições normalmente têm origem em tempos antigos, em que as sociedades, mentalidades e modos de vida eram bastante diferentes dos actuais. Com o tempo, o Homem e as suas comunidades tendem a aperfeiçoar e desenvolver a sua forma de viver e pensar. Chama-se a isso evolução. É por essa razão que já não tomamos banho com baldes de água aquecida numa fogueira, é por essa razão que a escravatura, que tanto agradava a algumas pessoas, foi abolida e é também por essa razão que já não acreditamos que basta dançar ou sacrificar um animal para fazer chover.
As tradições, por muito bonitas que sejam, só fazem sentido quando são compatíveis com as formas de pensar e os conceitos vigentes. Como hoje em dia, o respeito pelo sofrimento dos animais começa a fazer parte da forma de pensar de muita gente, as Touradas deveriam ser postas em causa, ou repensadas, colocando na arena, por exemplo, o Toureiro nu em frente ao Touro (sempre era mais masculino do que com aqueles fatos). E cada um que se desenrascasse. Isso era espectáculo!
2- Se não fossem as Touradas e os seus adeptos, a raça dos Touros Bravos já estava extinta.
Isto é evidentemente falso. Os Pandas e outros animais que correram risco de extinção nunca serviram para as Touradas e continuam a existir. Felizmente existem no nosso país reservas e espaços destinados a que determinadas raças subsistam caso os seus habitats naturais não o permitam. De qualquer forma com certeza de que os aficcionados que tanto dizem amar os Touros se esforçariam para que estes sobrevivessem mesmo que não servissem para nada.
Independentemente de tudo isto, o mais importante é deixar claro que perpetuar uma espécie de animais apenas para que estes possam ser usados em espectáculos que se baseiam no seu sofrimento não é um acto nobre nem louvável. E muito menos favorável ao próprio animal. Se é pra isso, que se extingam!
3- Quem não gosta ou não concorda, não veja.
Felizmente na nossa sociedade, as coisas não são assim. Se toda a gente fechasse os olhos às injustiças que se passam à sua volta o mundo seria certamente bastante diferente.
É evidente que quando sabemos que se passa algo com que não concordamos, o remédio não é olhar para outro lado. Isso já muita gente faz em relação a demasiadas coisas.
Este argumento é tão despropositado que torna-se quase ridículo combatê-lo. No entanto pode dizer-se o seguinte:
Quem se insurge contra as touradas não o faz por prazer nem proveito próprio. Esse esforço deve, por isso, ser respeitado por quem consegue assistir ao espectáculo sem a mínima misericórdia e reflexão pelo que lá se passa.
4- Quem é contra as Touradas devia preocupar-se com outras coisas que também são feitas, nomeadamente o abandono de cães.
O Ser Humano tem a capacidade de se preocupar com várias coisas ao mesmo tempo. É uma espécie de dom.
O facto de se ser contra as Touradas não invalida que a pessoa não se preocupe com muitas outras coisas que se fazem a outros animais. Não é por haver uma guerra no Iraque que não nos podemos preocupar com os assaltos ou com a inflação.
Há sempre coisas mais e menos graves, mas temos evidentemente o direito de nos preocupar com todas.
Certamente que quem critica as touradas insurge-se também contra o abandono de cães, lutas organizadas de animais e muitos outros assuntos.
5- Quem diz que é contra as touradas é hipócrita porque muitas vezes maltrata os cães e outros animais.
Esta é uma afirmação que não se baseia em nada (nem em lógica nem em senso comum) a não ser na experiência pessoal que eventualmente alguém terá.
Pessoas e argumentos hipócritas haverá sempre, e não é por isso que se pode generalizar e tomar a parte pelo todo.
Ao contrário daquela afirmação, o razoável é supor que quem é contra as touradas preza os sentimentos dos animais de uma forma profunda e geral. E é normalmente isso que se verifica.
6- O touro praticamente não sofre com o que lhe é feito na arena.
É de facto difícil afirmar o que é que um Touro sente numa tourada. No entanto, os estudos científicos ( feitos até agora apontam no sentido de que as agressões sofridas antes e durante as corridas sejam não só dolorosas mas incapacitantes. O touro fica com nervos e músculos rasgados, e a quantidade de sangue que perde continuamente enfraquece-o. Não parece ser sensato pensar que isto pode ser agradável para o Touro, ou mesmo indiferente.
O touro, tal como os outros mamíferos, ao ter sistema nervoso central tem capacidade para sentir dor, ansiedade, medo e sofrimento. E os sinais exteriores que mostra na arena denunciam essas emoções. Não é portanto razoável aceitar a ideia de que os Touros sofrem pouco numa tourada.
7- Os Touros nascem para serem lidados. São animais agressivos por natureza.
Uma coisa é o instinto de sobrevivência e auto-defesa de um animal, outra é o seu temperamento e personalidade. Embora o cortex cerebral de um Touro seja bastante mais básico do que o Humano (o que faz com que a sua personalidade seja igualmente menos complexa), cada animal tem o seu próprio temperamento, fruto, como no Homem, de factores genéticos associados a experiências vividas. O que todos têm em comum dentro da espécie é a sua técnica de defesa, que utilizam sempre que se sentem em perigo. Isto não deve ser confundido com a chamada "natureza" do animal. Com certeza que um Touro saudável deixado em paz no campo não anda a atacar tudo o que se mexe.
8- Se quem gosta, respeita a opinião de quem não gosta, porque é que quem é contra não respeita a opinião contrária?
Toda a gente respeita as opiniões de todos e na realidade a opinião de quem é favorável às touradas também deve ser respeitada.
A sua prática é que não.
É fácil entender isto se pensarmos que Hitler era da opinião de que todos os Judeus deviam ser exterminados.
Mesmo que alguém tenha o direito a ter opiniões bizarra sobre qualquer assunto a sua colocação em prática não tem que ser respeitada nem tolerada se isso for ilegítimo. Se a prática de Touradas choca contra princípios considerados importantes por quem se lhes opõe, esta não tem que ser admitida.
9- A arte de tourear é tão bonita que seria uma pena perdê-la.
A “arte” de tourear pode de facto ser considerada bonita e ter grande mérito artístico e principalmente técnico. Mas perde toda a legitimidade quando necessita de fazer sofrer física e psicológicamente animais para ser executada. Tal sofrimento não se pode exigir a um animal que não tem nada a ver com o assunto. É injusto, prepotente e cobarde fazê-lo. Esta arte é bonita, mas injusta e cobarde e nenhuma arte pode ter mérito assim. Nesse aspecto penso que todos concordarão. É uma arte desonrosa, para utilizar a linha de valores da tauromaquia.
A arte de lutar até à morte dos gladiadores era considerada bastante mais honrosa e bonita por quem assistia. Mesmo essa acabou. Será também uma pena?
10- As Touradas enaltecem a nobreza do Touro.
Só uma mente muito ignorante ou distorcida pode realmente acreditar que os Touros quando vão para uma arena cumprem um qualquer desígnio divino.
A justificação de que o Touro é nobre por lutar pela vida numa tourada vem de quem alimenta o seu negócio e enriquece à custa deste espectáculo perverso mas rentável.
A nobreza é um conceito inventado pelo homem. Na natureza todos os animais são iguais e todos lutam pela sobrevivência. Ninguém duvida de que o Homem, numa luta com as suas armas e condições consegue ser superior a qualquer outro animal. Tentar provar isso numa luta desigual não é nobre, é estúpido.
Os argumentos contra as Touradas:
Não há qualquer justificação moral para se causar sofrimento a uma animal para fins de entretenimento.
É muito simples, e pouco mais há a dizer sobre o assunto.
A recusa em ter consideração pelo sofrimento de um animal só pode ter origem em três factores:
Falta de cultura
Falta de educação
Falta de carácter.
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