Mostrar mensagens com a etiqueta touro de lide. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta touro de lide. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 20 de maio de 2014

A Psicologia do Touro de Lide


O texto que abaixo transcrevemos e traduzimos e que é apenas um excerto do original, descreve e bem o comportamento dos touros de lide ou bravos.
Este texto pertence ao “El Cossío”, a enciclopédia tauromáquica Os Touros.

O “El Cossío”, é um tratado técnico e histórico escrito por José Maria de Cossío e que foi publicado pela primeira vez em 1943. É o tratado mais extenso e documentado que existe sobre tauromaquia e corridas de touros. Daí ser definido com a “a Bíblia dos touros”.
Os sublinhados são da nossa autoria.

A Psicologia do Touro de Lide

Em todos os animais existem fenómenos tais como os digestivos ou respiratórios, que ocorrem quase que inadvertidamente: são os fenómenos orgânicos. Em contrapartida existem outros, tais como efeitos de um tóxico ou reacções à luz, ao som ou outros agentes exteriores que impressionam o animal, que tem consciência dos mesmos e que pertencem à categoria dos psíquicos. Como tal, no touro, tal como em todos os animais superiores, fenómenos desta natureza acontecem.
Toda a consciência supõe um sujeito que percebe ou sente. As propriedades deste eu ou as suas reacções especiais são o que chamamos carácter.

Para pontualizar como e quais destes fenómenos psíquicos se apresentam no touro, devemos estudá-lo na natureza. Os animais carnívoros, guiados pelo seu instinto de preservação, buscam uma presa viva que os alimente e estão sempre dispostos a atacar e a matar; são dotados de combatividade permanente e sempre prontos para a luta. As suas faculdades mentais foram treinadas desta forma e fazem com que sejam astutos e peritos em perseguir e caçar a sua presa.

Os ruminantes, entre os quais se encontram os touros, animais herbívoros, pelo contrário, não necessitam de atacar ninguém. O touro não ataca nenhuma espécie de animais, nem ataca o homem. O que um animal herbívoro faz é defender-se de um que seja carnívoro. Por isso os bovinos têm fortes reacções defensivas e são medrosos e assustadiços.Tão medrosos que já no séc. XVI Diego Ramírez de Haro observava que o touro quando pasta o faz recuando. Esperam sempre o ataque, sobretudo quanto se encontram isolados da manada ou quando têm que defender a sua prole. Quando tal acontece, investem sem sequer se aperceberem da superioridade que o inimigo possa ter e fazem-no sempre de forma cega e imparável.

As investigações do padre jesuíta Laburu

A investida do touro é um instinto que existe em qualquer animal, investe para se defender, como o leão para apanhar a sua presa e como todos os animais na época de cio. O bezerro, poucas horas depois de nascer já mostra instinto de investir mesmo que mal se consiga aguentar de pé.

Em colectividade, o touro verdadeiramente bravo nunca investe contra os outros e consciente do seu poder, é pacífico e calmo.

O touro muge de diversas formas e expressa distintamente o seu estado de animo: muge quando está com o cio, quando luta, quando pede ajuda ou quando foge.

Os estudos de Sanz Egaña

O touro investe em objectos ou seres em movimento, por medo; o touro ante um movimento, repara e assusta-se; o medo fá-lo correr sem direcção; o touro investe na capa porque esta lhe molesta a visão e cansa a sua retina e devido a essa dor investe, para se libertar da mesma.

A sensação

As sensações do touro são muito intensas, especialmente as do olfacto e audição. Se um touro morre em certo lugar e esse lugar não foi perturbado, podem passar 3 ou 4 anos e todas as reses que por ali passam cheiram-no e mostram que se deram conta de tal facto. O menor ruído que se faça no campo ou na praça põe a rês em guarda e a sua atitude demonstra inquietude. Qualquer objecto brilhante ou de cores vivas assusta-a. Embora a vista do touro não seja muito desenvolvida ao contrário do que acontece com outros animais, cores como os cinzentos, verdes ou azuis pálidos, ferem muito menos a sua sensibilidade que os vermelhos ou amarelos.

Vida afectiva

O touro sente simpatia ou antipatia por pastores ou lugares nos quais encontra sensações gratificantes ao ponto de se deixar acariciar por crianças. Não gosta de variar de lugar, come sempre no mesmo sítio e recordando lugares onde viveu, pode percorrer distâncias enormes, voltando se puder, ao seu campo quando é separado dele; tem uma facilidade enorme em recordar e reconhecer caminhos.

Vida activa

Devido ao seu instinto de associação, os touros gostam de viver em manada e excitam-se quando se vêem sós daí que ataquem tudo o que lhes aparece pela frente.

Prótouro
Pelos touros em liberdade

terça-feira, 21 de maio de 2013

A raça dita de "lide" não existe



A diversidade genética dos touros ditos “bravos” ou

de “Lide”



“Raça (Zoologia) - subdivisão da espécie com uma unidade de constituição hereditária “ In Infopédia – Porto Editora


 Normalmente, as raças bovinas são caracterizadas por três parâmetros: o peso, o perfil cefálico e as proporções corporais. Na suposta “raça brava” não é possível fixar parâmetros devido à grande variabilidade genética e diversidade de caracteres dos touros usados nos espectáculos tauromáquicos. Com efeito, entre os bovinos ditos de “lide” podem-se encontrar animais com morfologias, pelagem, cornaduras, perfil cefálico, tamanho e peso muito variados, pelo que não é possível distingui-los com clareza dos touros comuns (Bos Tauros). Não é de admirar, pois todos os bovinos existentes na actualidade, mansos e não mansos, descendem do mesmo antepassado comum – o Uro ou Auroch.
     Os touros ditos de “lide” que existem na actualidade, para além de não constituírem uma espécie, não são uma verdadeira raça, mas sim um tipo de touros muito diversos entre si, que não pertencem a nenhuma raça bovina determinada.


     Estudos apontam para cerca de 31 grupos genéticos distintos e para níveis elevados de diferenciação genética dos vários sub-grupos de touros de tipo “bravo” designados por “encastes”: Estes níveis de diferenciação são superiores aos que separam as raças de bovinos comummente aceites como tais. São pois animais mestiços, estando longe de estar provado com critérios científicos válidos que os touros que usam nas touradas são uma raça de bovinos distinta das demais. Para estarmos diante de uma raça propriamente dita tem de existir uma unidade de constituição hereditária, algo que não existe no caso dos bovinos de tipo “bravo”.
     Na natureza não existem animais de lide, muito menos bovinos, animais herbívoros de índole pacífica. Uma raça, cuja razão de existir fosse apenas a tortura em arenas, seria uma aberração, só concebível por mentes doentes de quem quer perpetuar a violência contra os animais.


A falsidade da “bravura” como denominador comum na pseudo “raça brava”

 

A indústria tauromáquica alega que a unidade da raça bovina “brava” é a bravura - uma característica psicológica. Como não é possível definir um protótipo racial para os bovinos de tipo “bravo”, que possuem características morfológicas muito heterogéneas, inventaram um denominador comum designado por “bravura” para construir o mito de uma nova raça distinta das demais raças de bovinos. A identificação de uma raça com base numa característica subjectiva psicológica, à qual se deu o nome de “bravura”, carece de fundamentação científica, desconhecendo-se outros casos de raças definidas apenas por um elemento de tipo comportamental de uma determinada população de seres vivos. É algo inédito, uma invenção da indústria tauromáquica, que nem sequer é feita com coerência, dado que os peritos tauromáquicos apontam variações no comportamento dos bovinos durante a lide consoante as ganadarias de onde procedem.
      A selecção artificial (não natural) do gado dito “bravo” realiza-se por meio de provas de selecção chamadas de “tentas”, onde são eliminados os bovinos considerados mais mansos e escolhidos os bovinos considerados mais agressivos. A avaliação baseia-se na observação subjectiva das características comportamentais dos bovinos face a ataques e provocações. Os comportamentos do animal são pontuados com critérios de técnica tauromáquica, desprovidos de qualquer base científica zoológica. O objectivo é seleccionar os animais considerados mais aptos a comportarem-se de uma forma desejada nos eventos tauromáquicos. 
 

 As contradições da indústria tauromáquica relativamente à bravura dos touros



 Os ganadeiros da indústria tauromáquica confirmam a dificuldade em obter um touro bravo, não garantindo o nascimento de um touro bravo, mesmo quando os progenitores são do tipo “bravo”. Trata-se de uma situação tão insólita como dizer que os filhotes de um cão de raça caniche e uma cadela de raça caniche, dificilmente vão ser caniches. Se os touros ditos de “lide” fossem uma verdadeira raça, certamente todos os bovinos nascidos de progenitores de tipo “bravo” herdariam a hipotética característica unitária designada por “bravura”. Mas isso não é verdade, muito poucos nascem com a dita “bravura”.




“Obter touros bravos é custoso no que se refere a tempo e dinheiro. As estatísticas dizem que de 100 touros lidados, 50 eram mansos, 20 passáveis, 20 regulares e apenas 10 bravos. Podemos estar ou não de acordo com estas cifras, um pouco mais ou menos. O certo é que a criação do touro de lide é muito custosa, e ainda mais obter um com bravura, em virtude da selecção exigente. Quanto e como pesa uma decisão de eliminar um semental ou várias vacas. “ – Julián Castro Marrero, médico veterinário


 “As mães têm que ter a bravura necessária para transmitir aos filhos, o que nem sempre acontece, porque como certamente viu, nós estamos a seleccionar um carácter psicológico, não é uma coisa física. O físico comanda-se, no psicológico, você sabe tão bem que de um pai e de uma mãe valentíssimos sai um cobarde, e às vezes o contrário. E isto no gado bravo é dificílimo porque de um touro muito bravo e de uma vaca muito brava sai por vezes um animal mansíssimo, o que é um contra-senso tremendo.” – Fernando Palha, Companhia das Lezírias
 A dita “bravura” do touro acossado é apenas uma manifestação do instinto de sobrevivência, que também está presente em exemplares de outros tipos de bovinos, que se defendem quando se sentem ameaçados. Os touros torturados nos espectáculos tauromáquicos não são mais temperamentais ou mais agressivos do que outros mamíferos ruminantes com características semelhantes que, quando encurralados e sentindo-se em perigo, também atacam. Experiências tauromáquicas efectuadas com búfalos comprovam que a reacção destes animais ao que acontece numa corrida de touros é muito semelhante à reacção dos bovinos.


Tourada com Búfalo em Tarascon, França


“A bravura é um instinto defensivo, ou melhor, é um instinto de liberação.” - Sanz Egaña, médico veterinário e professor espanhol


Apesar do comportamento pacífico dos bovinos ditos de “lide” ser facilmente comprovável com a abundância de exemplos, os aficionados, de forma fanática, insistem na teoria da ferocidade, na teoria do animal diferente de todos os demais – um alienígena perigoso. Não faltam imagens e vídeos de touros ditos “bravos” que comem na mão de seres humanos, que se deixam acariciar e que se comportam de forma tranquila na presença do ser humano e de outros animais, tal como é o normal e natural nos mamíferos ruminantes domésticos.
 
 
Chiquilin
Machote, un toro de lidia que es parte de una familia

http://www.youtube.com/watch?v=WiZofVakLgA
Palomo

http://youtu.be/hqJ8i5bM5lk
Civilon

http://elpatiodemama.blogspot.pt/2012/06/toro-civilon-el-amigo-de-la-nina.html
Fadjen, touro da ganadaria Domecq, que estava destinado a ser toureado em Barcelona

http://youtu.be/nMbBcDiuLfc
Romerito (de Antonete)

http://www.elmundo.es/suplementos/magazine/2007/426/1195978350.html
Curro (Ganadaria Flores Tassara)

Bonito (México)

http://ahtm.wordpress.com/2011/06/15/el-toro-bonito/
Meloso (Ganadaria Los Bayones)

Rozuelo (Ganadaria Pablo Romero 3/7/1916)

http://larazonincorporea.blogspot.pt/2011/05/tremenda-decepcion-con-los-pablo-romero.html
Ricardito

http://youtu.be/-x1g2cUpSSI
Califa

Pizarrin

http://youtu.be/KGx_tOiZaEU
Abulaga

http://youtu.be/CJE2U7NavCg
Cornetito

Playero
http://www.diariodesevilla.es/article/toros/1296897/la/vida/insolita/playero/indultado/la/maestranza.html



Os touros ditos “bravos” são animais domésticos de origem espanhola, inadequados para lutas desleais em arenas



Os bovinos ditos “bravos” que existem na actualidade não são animais selvagens ou silvestres, mas sim animais domésticos descendentes de 6 variedades bovinas originárias do Reino de Espanha, designadas por “castas fundacionais”. São animais domésticos como os restantes bovinos visto que a sua subsistência depende totalmente do homem, que é quem determina o seu meio ambiente e a sua dieta.
No século XVIII o gado bovino dito “bravo” começa a ser criado em Espanha com uma dupla função: trabalho agrícola / produção de carne e espectáculos tauromáquicos. Só no século XIX começa a existir separação do gado considerado mais agressivo destinado a espectáculos tauromáquicos, surgindo as ganadarias de gado de tipo “bravo” como se conhecem na actualidade. Estão então definidas as "castas" ou tipos fundacionais de bovinos ditos “bravos”: Morucha, Navarra, Jijona, Cabrera, Vazqueña e Vistahermosa. Actualmente, 90% das linhagens de gado dito “bravo” procedem desta última "casta".
É principalmente desde do século XX que o gado dito “bravo” é exportado para Portugal, sul de França e países americanos.
A "bravura" não é intrínseca de raça nenhuma de bovinos, mas sim um “produto” fabricado mediante técnicas, onde estão incluídas as cruéis “tentas” de animais jovens. Apesar de serem criados para serem bravos, mediante selecção criteriosa dos bovinos mais agressivos, a indústria tauromáquica não consegue evitar os muitos e muitos touros mansos que persistem em aparecer nos espectáculos tauromáquicos. Disso dão conta os relatos e crónicas de comentadores e críticos tauromáquicos.
 

“Moura – ‘8 Bombas’ que Explodiram Mansidão. “ - in tauródromo, Setembro de 2011
     “ […] um toiro de Veiga Teixeira, manso e a descair sempre para tábuas[…]” – in bolasetouradas blog
       http://bolasetetouradas.blogspot.pt/2010/10/premios-para-toiros-de-oliveiras-irmaos.html


 Prova evidente de que os bovinos, herbívoros ruminantes, não se adequam aos jogos violentos em que são forçados a participar, são os episódios frequentes de touros que saltam as barreiras das praças de touros, desesperados por escapar das arenas infernais onde não pertencem.


Touro voa sobre a trincheira no Campo Pequeno
Pajarito, o touro que queria ser livre e que acabou brutalmente assassinado


O mito da “besta negra” ao serviço da desculpabilização da tortura dos touros

     
     Os aficionados instruem-se uns aos outros, divulgando a história da “besta negra”. Contam às crianças que o touro é mau e que é correcto castigá-lo com ferros. António Moreno, um ex-aficionado espanhol que testemunhou no parlamento da Catalunha em favor da abolição das corridas de touros, denunciou a autêntica lavagem cerebral que é feita às crianças através da “diabolização”do touro.


http://youtu.be/icHu14u2t6U


As mentes dos criminosos psicopatas são engenhosas e buscam desculpas para os seus actos criminosos. “As minhas vítimas são culpadas”, disse Paul Haigh, um serial killer. John Wayne Gacy, outro serial killer, afirmou que as suas vítimas mereceram morrer.
http://www.heraldsun.com.au/news/victoria/my-victims-are-to-blame/story-fn7x8me2-1226322356454


De igual forma, no meio tauromáquico existe a ideia que as bandarilhas e outros instrumentos perfurantes são uma forma de castigar os touros. Castigar pressupõe que os touros fizeram algo de errado. Consideram os touros “bestas negras” e condenam-nos à morte.
     De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, os pedófilos frequentemente justificam os seus comportamentos alegando que as crianças “gostam” ou que as crianças os provocaram sexualmente. Por sua vez, no meio dos aficionados das touradas, afirma-se que os touros são “bravos”, que gostam de lutar e até que eles se sentem “nobres” por morrerem na arena. Justificam o maltrato dos touros, negando ou minimizando a capacidade de sentir dor desses animais, que dizem ser diferentes de todos os demais.
     A fabricação do mito do touro como uma “besta negra” feroz e perigoso serve o propósito de auto-absolvição dos aficionados pelo seu gosto sádico e doentio em causar dano a um ser inocente. A ideia do touro mau, que não sente dor, é um óptimo álibi para justificarem a catarse colectiva com o castigo com ferros de um pobre animal que não cometeu mal nenhum.
O mito da “besta negra” é uma tentativa fracassada de justificação da injustiça que se comete contra os touros. É uma forma desonesta da indústria tauromáquica varrer a imagem cruel e atroz da tourada, colocando o ónus da culpa nas vítimas das touradas – os touros – à semelhança de muitos criminosos que culpabilizam as vítimas pelos seus crimes.


A verdadeira natureza do touro

Um animal mal disposto para a luta
    
      “No quadro da zoologia o touro aparece como animal cobarde, mal disposto para a luta; a sua defesa é a fuga, sempre que lhe seja permitida. Perseguido, cercado, aceita o combate utilizando as únicas armas de que dispõe – as hastes – e recorrendo a um mecanismo muscular fixo. Ainda: acode com intensidade ao engano, só cede ante o esgotamento físico, a fadiga muscular. Resumindo: o touro acomete aos objectos ou seres móveis, por medo; investe à muleta vermelha porque lhe incomoda a vista, cansa, fatiga a retina, dói-lhe e quer livrar-se desse incómodo.” - Sanz Egaña, médico veterinário e professor espanhol


Um animal herbívoro receoso e defensivo



“Os animais carnívoros, guiados pelo seu instinto de conservação, procuram presa viva que os alimente, dispostos sempre a atacá-la e a matá-la; estão dotados de acometividade permanente e sempre prontos para a luta. As suas faculdades mentais adestram-se nesta forma, tornando-se sagazes, astutos e mestres da caça, por surpresa. Os ruminantes, e entre eles os touros, pelo contrário, têm alimentação herbívora, não necessitam de atacar ninguém, e como isso seria absurdo e na natureza não existem fenómenos desta espécie, o touro não ataca nenhuma espécie de animais, nem o homem. O animal herbívoro só tem que se defender dos carnívoros, e como o touro e os outros ruminantes constituem presas desejadas, dada a sua substância e volume, se as suas faculdades defensivas não fossem tão grandes, careceriam de condições de vida e desapareceriam. Por isso todos os bovinos têm potentíssimas reacções defensivas e são receosos e assustadiços. Tão receosos que já no século XVI D. Diogo Ramirez de Haro observava que o touro pasta, geralmente andando para trás. Espera sempre o ataque, sobretudo quando se encontra isolado da piara ou quando tem de defender a sua prole, que o espera no mesmo sítio, o escolhido para cama. Em tais circunstâncias investe sem reparar na superioridade que possa ter o inimigo, e sempre á cega. Fora disso, os ruminantes são tranquilos, porque essa função, que lhes dá o nome, requer largo repouso depois das comidas, para voltar a mastigar e salivar os alimentos depositados na pança, tornando-se, porém, inquietos quando, ao despertar a primavera, os alimentos abundam e os ardores genésicos aparecem. E assim se explica a habilidade de que usam os toureiros que só começam a tourear depois de Maio. “ - ABC da Tauromaquia de El Terrible Pérez, Edições VIC, 1944
“Por instinto, o toiro busca apoios para a sua defesa, procura os lugares da praça em que crê proteger-se melhor; a porta dos chiqueiros, por onde lhe chega o odor animal dos currais onde podia estar a sua momentânea libertação; as tábuas da trincheira, onde pode apoiar-se e ver vir de frente os seus opositores.” - LOS TOROS, La Gran Enciclopedia del Espectaculo, Antonio Abad Ojuel Don Antonio e Emilio L. Oliva Paíto (Libreria Editorial Argos – 1966 Barcelona) 


Um animal sociável e simpático


  
“Sente o touro simpatia ou antipatia por pastores e lugares, «querenças» onde encontra sensações gratas, chegando-se a deixar acariciar por crianças. Tal não é raro, e basta recordar-se o touro «Civilon», de Cabaleda, que tanto deu que falar e que tão má lide ofereceu na praça. A isto pode o autor opor que há uns bons vinte anos escreveu no Diário de Lisboa acerca do touro «Galego» do saudoso D. Florentino Sottomayor, que, lidado na praça de Madrid, foi bravo e matou o toureiro Mariano montes. Ora dias antes, quando o autor levava o seu cavalo ao bebedouro da «dehesa» encontrou aquele touro com o mesmo destino. O animal parou-se como a convidar o cavalo a beber. O autor deteve-se, por irrepreensível receio da delicadeza. E, depois, na dúvida, cautelosamente, avançou a montada até à fonte. E o touro, sempre delicado, cedeu-lhe a prioridade, amavelmente. Quando o cavalo se fartou de beber, afastámo-nos agradecidos, e o touro bebeu por seu turno, com satisfação do dever cumprido…” - ABC da Tauromaquia de El Terrible Pérez, Edições VIC, 1944
 

Um animal com memória


     “As sensações no touro são muito intensas, em especial as do olfacto e do ouvido. Diz a Enciclopédia «Los Toros»: No lugar em que tenha morrido um touro e se tenham corrompido, passam três e quatro anos e todas as reses que por ali transitam cheiram e mostram compreender o facto. Podemos acrescentar que o touro dá disto outras provas, movidas pela recordação, quando transita pelo local onde passou fome ou sofreu castigos, isto mesmo anos depois, como anos depois ainda recorda as pessoas que lhe fizeram mal, segundo afirmam alguns tratadores. Daí o inconveniente dos «ganaderos» mandarem touros já corridos, em desprestígio do espectáculo e com perigo para os lidadores.”- ABC da Tauromaquia de El Terrible Pérez, Edições VIC, 1944


Um ruminante tranquilo e pacífico


     “O touro na manada é profundamente pacífico, tranquilo e tímido” Álvaro Domecq y Diez, ganadeiro empresário tauromáquico


Um animal sensível ao som, aos movimentos e aos contrastes de luz
  
     " Los factores que van a hacer que el toro disminuya su capacidad de visión son: la luminosidad (las corridas tienen lugar en la época más luminosa del año). Los estímulos más eficaces representados por el movimiento y los excitantes cromáticos de mayor contraste. [...] El toro ataca unicamente cuando estas excitaciones alcanzan los centros nerviosos y se transforman en sensaciones de fatiga y nerviosidad que se caracterizan por una acción explosiva inadecuada al excitante. [...] El animal, bajo este estado de semiinconsciencia sufre en la última parte de la lidia una gran disminución de su visión normal motivada por una constante fijación de la mirada, producida por pases rápidos delante de su cara, gran fatiga muscular y un intenso dolor producido por las puyas y las banderillas. Sus músculos mantenidos en constante movimiento le producen un agotamiento nervioso. [...] Por tanto, los excitantes intensos de luminosidad, movimiento, dolor, hiponosis e isquemia cerebral, producen una disminución de su visión normal durante la lidia.”  - Fundamentos anatomo-funcionales de la visión en el Toro de Lidia, Prof Dr. R. Martín Roldán. Catedrático de Anatomía de la Univesidad de Madrid. 1976
 Na verdade, a "bravura" ou "mansidão" de um animal jamais pode legitimar o seu maltrato.



Links:
      http://pendientedemigracion.ucm.es/info/genetvet/genetic_variability_fighting_bull.pdf



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O comportamento do touro na corrida




Há sinais que revelam que os bovinos sofrem enquanto o público aplaude. Se conhece pessoas que assistem a touradas, peça-lhes que estejam atentas a alguns desses sinais, como sejam:
- olhos cerrados e boca aberta no momento em que lhes são cravadas as bandarilhas/ferros, o que é sinónimo de dor;
- tentativa desesperada de retirarem os incomodativos instrumentos dilacerantes com os cornos e sacudindo-se;
- refugio, por medo, junto às tábuas;
- língua de fora quando já não conseguem controlar o aumento da temperatura corporal e estão totalmente exaustos;
- lágrimas vertidas, por dor e desespero;
- etc.

via  Marinhenses Anti-touradas


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Touro de lide não é um ser sobrenatural.

Depois de escrever o meu post sobre a tourada em que incluí parágrafos sobre as reacções do touro na arena, descobri inúmeros comentários relativos a um estudo que dizia que os touros não sentem dor ou que não sofrem na tourada.

O numero de animais variava, os métodos variavam e as conclusões também e era importante encontrar a versão "oficial". Tudo o que encontrei foi este estudo, editado pela própria Faculdade do autor:

"Regulação neuro-endocrina do stress e da dor no touro de lide (BOS TAURUS L.). Um estudo preliminar"(1), por Carlos Ileria

E começa assim:
"O gado bravo possui uma série de peculiaridades que fazem com que seja praticamente impossível a sua comparação com outras espécies ou raças de animais."

Uma afirmação extraordinária não? Nada frequente em ciência. Mas podemos aceitar uma certa liberdade semântica dentro de um contexto que o justifique, por isso vamos continuar.

O estudo diz que é preliminar logo no titulo. E isso nota-se que é, por razões que direi mais à frente. Quer dizer que o estudo não serve para tirar conclusões definitivas, mas deveria servir para justificar mais estudos e mais pesquisa. Ou pelo menos devia ser esse o significado de preliminar. Parece-me estranho que mais à frente se tirem mais conclusões extraordinárias. Embora em nenhum lado diga que o touro não sofre. Isso, o estudo tem a razoabilidade de não dizer.

Mas devo dizer desde já que eu espero que aqueles resultados sejam verdadeiros, porque longe de mostrar que não há sofrimento brutal na tourada, sempre mostra que o touro pode ter alguma coisa a seu favor para aguentar melhor (que outra raça) que lhe espetem uma farpa nas costas (e a girem para "castigar") e lhe partam vértebras, rompam músculos, cortem nervos, etc. Para bem dos touros espero que alguma coisa aqui seja verdade. Agora que há sofrimento e que o espectáculo é uma barbárie, este estudo não põe em causa. Pelo contrário, eu penso que mostra o tipo de dor que esta em causa, embora sugira que o touro possa de facto, pela sua atitude, conseguir tolerar o stress. Tudo junto é uma barbaridade de qualquer maneira.

Adiante, vamos aos pormenores:

O estudo mede o cortisol, uma hormona do stress, em três situações: Durante a lide, o transporte e uma corrida de touros. E mede também a ACTH e as beta-endorfinas. A ACTH é a hormona produzida na hipófise para levar a adrenal a produzir corticoides (cortisol) e as beta-endorfinas são moderadores da dor. Estas endorfinas opioides naturais que reduzem a sensação de dor - mas não a eliminam. Tanto que relativamente aos animas e humanos também, uma situação em que há muita beta-endorfina em circulação é no parto e é de notar que as mulheres queixam-se de dores na mesma - na realidade é o topo da escala de dor! Com endorfinas incluídas.

Quanto ACTH e Cortisol. Ele usa-os como uma medida do stress. Tudo bem E conclui que:

"a primeira coisa que reparamos é que o touro é um animal especial endocrinologicamente falando já que tem uma resposta totalmente diferente de todas as outras espécies de gado e espécies animais".
Bem, esquecendo a linguagem, estranhamente cheia de liberdades semânticas (mais uma vez), eu penso que aqui poderá haver alguma verdade. Vale a pena prosseguir mais estudos para confirmar ou refutar isto. Parece haver de facto uma diferença significativa entre o cortisol libertado no transporte - uma situação extremamente stressante para os animais, já muito debatida e conhecida - e a lide. Era de esperar que os valores fossem bastante mais próximos. Além disso, há uma explicação plausível. O touro pode ter a determinada altura a ilusão que tem alguma coisa que pode fazer acerca da situação. A impotência é uma causa de stress. E a postura agressiva está associada a menos libertação de cortisol. Talvez pela mesma razão de aparentemente haver alguma coisa que o touro possa fazer, como dar umas marradas para se vingar. É estúpido, mas pode ser a perspectiva dele. É algo que ajuda, tal como dar um cinto para trincar aos soldados a quem se vai cortar uma perna, ou dizer uns palavrões para descomprimir. Mas a diferença para o transporte, em que a impotência é aparentemente maior é muito grande. Por isso, é de admitir que haja de facto um stress menor na lide que no transporte, ou pelo menos um stress menos debilitante.

No entanto precisamos de confirmar isto melhor. É preciso experimentar outras raças na lide - a ideia não me agrada mas seria a única ideia de poder comparar o touro de lide com outras raças a este respeito, sem isso o autor não pode concluir cientificamente que o touro de lide é assim tão especial. Por mim a tourada acabava na mesma, mas eu encontrei estudos que mostram que a variabilidade da libertação de cortisol, por causa de uma cirurgia, nas raças "normais", é muito variável de animal para animal. Na realidade se se escolhessem os casos individuais menos reactivos poderíamos conseguir artificialmente e desonestamente o mesmo efeito que há no estudo de Ilera. Isto não mostra que há desonestidade no trabalho de Ilera, mostra sim que o efeito esta dentro da variabilidade natural. Que não há nada de realmente novo que pode ser explicado apenas por selecção de genes que já existem nas outras raças, não havendo na raça brava algo mais que uma afinação para reagir melhor ao cortisol. Algo que se pode conseguir até com treino físico apenas.

Faltam também resultados de medições mais seriadas. Antes da lide, durante e imediatamente após pelo menos. Falta dizer a que horas do dia. (o cortisol tem um ritmo circadiano). Falta dizer quanto tempo depois da colheita foi feita analise. Como foi o sangue conservado? E em relação ao transporte a mesma coisa. Muito importante era saber quanto tempo de transporte houve antes de se colher o cortisol, alem da hora do dia, etc.

O autor diz que não é possível ter um controle cientifico porque não se conseguem ter amostras de cortisol basal. Todo o acto de medir, picar, influencia o resultado. Isto é verdade. Há sempre stress envolvido na colheita com os métodos actuais. Mas mesmo assim, uma pesquisa pela Internet levou-me a imensas tentativas de encontrar esse valor para a espécie bovina e os valores andam entre as 3 e 10 ng /ml quando os animais estão calmos e em ambientes neutros. Parece que no campo, apanha-los para medir da origem a valores um pouco mais altos, mas não muito mais. Um estudo refere 15ng/ml (ou mg/L). Se o touro de lide tiver valores tão baixos então a lide representa um aumento de duas vezes o valor de repouso. Isso é stress. Se o touro de lide tiver já de si valores anormalmente altos, então sabe-se que isso esta associado a respostas menores de cortisol, tal como está a doença ou a depressão. Não parece ser o caso por causa da resposta de cortisol no transporte, por isso eu penso que vamos encontrar valores semi-basais (há sempre stress) entre os tais 3 e 10 mg/ml.

E a conclusão é de que há stress. Não que não há stress. E nada que seja tão extraordinário que permita concluir que o touro esta com menos stress que uma gazela que acabou de conseguir puxar a pata de dentro da boca do leão. Que a ansiedade causada pelo transporte é uma tensão brutal já é bem conhecido. Abaixo esta um estudo que mostra por exemplo que pilotos de aviões militares em missão quase não stressam quando comparados com o estado em que segue a tripulação do mesmo avião.

Agora as endorfinas.

Aqui é que eu acho que o estudo cai completamente por agua abaixo. Muitas endorfinas quer dizer muita dor. Se a quantidade de endorfinas é tão estupidamente alta, é porque a dor é estupidamente alta. Experimentem ir dizer a uma mulher que o parto não dói por causa das enforfinas. Depois do parto, se for natural, vão ouvir umas bonitas. Assumir que aquele nível de endorfinas é capaz de eliminar a dor é um exagero. Um exagero que o autor reconhece no fim do estudo quando diz que é preciso fazer outros exames. Agora, que aponta para uma redução da dor é um facto. Mas quanto dói ter as vértebras a serem estilhaçadas com a bandarilha espetada e que fracção disso é eliminada pelas endorfinas? Não é total. O Touro tem outras manifestações que sugerem que haja dor. Tal como a tentativa raivosa de vingança após levar com a estocada. Talvez a farpa não doa tanto ao touro como uma farpa espetada nas nossas costas. Talvez seja só como se fossem pregos e não farpas. E em vez de doer como grandes músculos a rasgar e vértebras a partir doa só como se fossem menos vértebras a partir e menos músculos a rasgar. E o que é que isto quer dizer?

Outra coisa que dá origem a elevações acentuadas das endorfinas é o acido láctico. O tal da dor de burro, com origem no metabolismo anaeróbio durante o exercício físico. E esse é tão elevado na lide que o touro entra em acidose metabólica.

Uma mulher em parto (sem preparação ou analgésicos) chega aos 65pg/ml de beta endorfinas(2). O touro bravo chega neste estudo aos 17pg/ml. Tive de confirmar as unidades várias vezes para ver que era verdade.. Torna a afirmação do estudo: "chega o momento em que deixa de sentir dor" absolutamente extraordinária.

E afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.

Coisas que o autor parece afinal, no fim do estudo lembrar-se. Relembra que é um estudo preliminar e que faziam falta ressonâncias magnéticas funcionais para comprovar a sua tese.

Sim, isso e aumentar o rigor deste trabalho.

Até lá, não há aqui nada que sugira que não há sofrimento e muito na tourada. Pelo contrário, há sinais que a destruição de tecidos e a estimulação de receptores de dor é muito grande.

Além do mais sabemos que altos níveis de endorfina levam a alteração do estado de consciência. O que levariam a uma aspecto sedado do touro. Coisa que parece não acontecer.

Se se mostrar que o touro na tourada não tem dor NENHUMA, para lá da dúvida razoável, eu penso que isso de facto será um argumento de força para os aficionados. E um que eu até espero que seja verdade, uma vez que me parece não posso fazer muito para acabar com ela. Mas a tourada inclui o transporte por exemplo. A não ser que passemos a criar o touro na arena. O autor apenas mostra mais um aspecto que causa sofrimento desnecessário associados à tourada.

Mas se não houvesse dor era sem dúvida melhor. 

Mas estamos longe de poder tirar tal conclusão. Com a maior das honestidades. Quando isso for um facto penso que se devem rever os argumentos a favor e contra a tourada. Não creio de modo algum que tenha chegado esse momento.

Notas:
Não me apetece ter o trabalho de ordenar as citações de acordo com os estudos. No entanto estão referenciados dois estudos directamente pela relevância. São todos pertinentes, e deixei notas sobre o que dizem, pois faz parte da maneira como eu colecciono artigos para depois fazer os textos. Está lá tudo.

Valores normais são entre 3 e 10 mg/ml.Podemos ver a enorme variação na reposta de cortisol entre os vários animais e como alguns reagem mais à cirurgia que o touro bravo na lide e outros menos à cirurgia que o touro bravo na lide:
http://vfu-www.vfu.cz/acta-vet/vol74/74-037.pdf

A refutação por outro colega meu, que salienta alguns pontos de modo diferente:
http://sites.google.com/a/avatau.com/www/elsufrimientodeltoroenlalidia

(1) - REGULACIÓN NEUROENDOCRINA DEL ESTRÉS Y DOLOR EN EL TORO DELIDIA (BOS TAURUS L.): ESTUDIO PRELIMINAR -http://revistas.ucm.es/vet/19882688/articulos/RCCV0707330001A.PDF

Estudo sobre a quantidade de cortisol libertado de acordo com a personalidade:
http://www.nature.com/npp/journal/v31/n7/full/1301012a.html

Homens treinados libertam menos cortisol:
http://www.psych.nyu.edu/phelpslab/papers/07_Psychoneuro_V32.pdf

alterações ao nível da bioquímica sanguínea:
http://revistaveterinaria.fmvz.unam.mx/fmvz/revvetmex/a1998/rvmv29n4/rvm29410.pdf

Atitudes mais agressivas podem libertar menos cortisol:http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&amp%3B_udi=B6T0P-47XN26S-47&amp%3B_user=10&amp%3B_coverDate=06%2F30%2F1990&amp%3B_rdoc=1&amp%3B_fmt=high&amp%3B_orig=search&amp%3B_origin=search&amp%3B_sort=d&amp%3B_docanchor&amp%3Bview=c&amp%3B_searchStrId=1463087442&amp%3B_rerunOrigin=google&amp%3B_acct=C000050221&amp%3B_version=1&amp%3B_urlVersion=0&amp%3B_userid=10&amp%3Bmd5=afee6a9284b9169508d8fc1199ce48b8 animais doentes secretam menos cortisol:http://www.actavetscand.com/content/52/1/31

Os pilotos stressam menos que os outros membros da tripulação:http://www.psychosomaticmedicine.org/cgi/content/abstract/47/4/333

Níveis de betaendorfinas ante e post-mortem em matadouro com pistola de estilete (notar que a morte é sem dor):http://www.aspajournal.it/index.php/ijas/article/viewFile/ijas.2007.1s.457/1473

(2) Níveis de beta-endorfinas no parto na espécie humana:http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2932121"

Fonte

Touros de Lide versus Drogas

Somos frequentemente acusados pelos aficionados de proferirmos afirmações que são totalmente falsas e de facto em alguns casos, temos que admitir que eles têm razão. Tal facto não ajuda a nossa causa, antes pelo contrário.

Existem numerosas informações na internet, que afirmam que os touros antes de uma tourada são sujeitos a diversas práticas, tais como vaselina nos olhos, sacos de areia, agulhas nos testículos, algodão nas narinas e etc, não vale a pena enumerar todas essas afirmações porque são do conhecimento geral.

Talvez essas práticas fossem usadas no séc. XIX ou mesmo no séc. XX, não se sabe se são verdadeiras porque se provas existissem, com o tempo desapareceram. No séc. XXI se alguém quer enfraquecer um touro para melhor ser toureado, recorre à prática de drogas. Mesmo os criadores de touros de lide reconhecem que as usam.

Anti-inflamatórios

Aspirinas, analgésicos e antipiréticos, cujo objectivo é minorar as dores e o coxear mascarando assim as lesões antes do reconhecimento anterior à lide.

Estimulantes cardio-respiratórios

Anfetaminas com efeito de estímulo cardíaco, circulatório, respiratório e de reflexos. Em exemplares com pouca força ajudam a uma melhoria.

Estimulantes do Sistema Nervoso

Nicotina em doses baixas, vitaminas B1 e B2 que têm como finalidade incrementar a energia e os reflexos.

Estimulantes musculares

Vitamina E.

Hormonas

Hormonas sexuais e anabolizantes cujo objectivo é produzir efeitos anabolizantes e eliminar o stress para dar ao touro uma maior resistência durante a lide. Os animais tratados com estas hormonas são exemplares que apresentam lentidão de movimentos, falta de agilidade e reflexos de fadiga rápida.

Em 2006 a Policía Judiciária iniciou uma investigação sobre a utilização de drogas nos touros de lide. De acordo com denúncias feitas por veterinários, teriam sido detectados vestígios de Rompun e Calmivet em carcaças de touros lidados em praças portuguesas.

O Rompun e o Calmivet, são substâncias analgésicas, e o objectivo da sua utilização será o de tornar os touros mais dóceis para o toureio a cavalo.

Estranhamente ou talvez não, os resultados dessa investigação permanecem no segredo dos deuses!

Como se pode concluir do exposto existem hoje em dias drogas, algumas delas perfeitamente indetectáveis, capazes de enfraquecer os touros.

Recorrer a afirmações que não se podem provar só enfraquece e descredibiliza a nossa luta pela abolição da tauromaquia.

Fonte

domingo, 14 de outubro de 2012

E para que não haja dúvidas, aqui fica um vídeo feito pelos nossos caros amigos aficcionados. Atentem principalmente na parte do "Espaço para a Natureza". Agora venham cá outra vez desmentir que o touro de lide é um animal resultante de um processo longo de selecção artificial e que a experiência na sua criação nada ou pouco permite aprender em concreto acerca da natureza ou instinto do animal em si.

 

sábado, 8 de setembro de 2012

A vida dos touros ditos bravos nas ganadarias – as manadas

“Otro sufrimiento colectivo posible es la longevidad. Si una población de animales tiene su longevidad media reducida considerablemente por cualquier motivo, esto afecta su capacidad de reproducirse, y se podría hablar de que la población “sufre”un problema demográfico. Este sí es un tema aplicable al toro de lidia, ya que la longevidad de los individuos seleccionados para las corridas queda drásticamente reducida al menos una tercera parte de la longevidad a la que ellos podrían llegar. Los toros de lidia se matan cuando tienen tres, cuatro, cinco o como mucho seis años de edad, pero si la tauromaquia no existiera estos individuos podrían vivir 20 años o más. De hecho, la longevidad media de machos de la especie a la que los toros pertenecen es de 20 años en cautiverio.

Esta reducción artificial de longevidad tiene otra consecuencia para el colectivo de toros de lidia. Tiene un efecto negativo a la estructura social de los grupos. Cualquier especie social asume su equilibrio social con una combinación específica de miembros de diferentes edades y géneros. Si se elimina sistemáticamente un grupo demográfico específico, como es el caso de los machos de más de seis años, el grupo no puede conseguir la estabilidad social ideal y está siempre en una situación constante de reajuste, que explica cómo a veces hay muchas peleas entre machos en la dehesa. Estas peleas hacen que los ganaderos separen los machos del grupo, que no siempre ayuda a generar estabilidad. Añadido a esto, como después de generaciones de selección artificial los ganaderos de toros de lidia han estado intentando crear individuos que tienen más tendencia a defenderse embistiendo que corriendo, esto ha generado una respuesta inadecuada y no natural a las confrontaciones entre machos por hembras o por dominancia, que o bien crea más peleas y heridas entre individuos (sufrimiento físico), u obliga a los ganaderos a separar más los grupos (sufrimiento social).

- Jordi Casamitjana, Etólogo

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Anatomia do sofrimento de um touro (quando espetado pelo 'matador' na praça de touros)


© Revista Complutense de Ciencias Veterinarias et al

Há algo que gostaria de partilhar, visto que a informação está a ser publicada de forma galopante pelos meios de comunicação social.
Eu não pude ficar indiferente à informação fraudulenta que por aí circula, numa tentativa de justificar o injustificável! Ainda por cima vindo de "profissionais" da área, isto é verdadeiramente triste, senão vergonhoso!
Analisando a imagem em baixo:
Primeiro que tudo existem vários tipos de stress, segundo as hormonas corticosteróides, como o cortisol, não são catecolaminas (Adrenalina, epinefrina, etc.), terceiro é lógico que o cortisol esteja mais elevado durante o transporte, afinal ele está relacionado principalmente com respostas de stress a longo prazo, não a curto!

A informação da imagem não tem valor científico algum! Apenas vem afirmar o que consta há 50 anos nos livros de Fisiologia! Se os defensores das touradas querem ser levados a sério façam uma pesquisa dos níveis dos mediadores da dor (bradicinina, serotonina, substância P, etc.) e das catecolaminas, aquando de todos os processos que o animal é sujeitado!
Dizer que o animal não sofre porque apresenta níveis de cortisol mais baixos do que em transporte é algo surreal! Estão a misturar os pés com as mãos. E isto não sou eu que estou a inventar, consta em todos os manuais de Fisiologia, é uma das bases da fisiologia e uma falha gravíssima atentar contra isto!

Dor ≠ Cortisol - Não podemos deixar que moldem os factos em favor das circunstâncias!
O pior é que isto até foi publicado no jornal de notícias e tem vindo a ser utilizado como argumento!
Um aplauso à ignorância gratuita!
Na minha óptica isto é VERGONHOSO!
É preciso filtrar a informação, pois há muita gente que acredita neste artigo falacioso!

por Ricardo Lopes
Mestrado Integrado em Medicina Veterinária · Évora



Anatomía del sufrimiento.
La lidia consta de una serie de tercios en los que el toro es picado, banderilleado, y herido de muerte con el estoque, siendo posteriormente descabellado y apuntillado.

La puya es un arma metálica cortante y punzante que consta de 6 cm de cuerda encolada y 2.5 cm de púa piramidal tan afilada en cada una de sus aristas como la hoja de un bisturí. Va provista de un tope cilíndrico que debería impedir que entrara en el cuerpo del animal más de esos 8.5 cm.

Son muchos los estudios anatomopatológicos que se han desarrollado sobre cadáveres de toros lidiados para determinar las lesiones que provocan.
En todos, absolutamente todos los estudios consultados al respecto, se reconoce que los puyazos suponen, entre otras cosas, un gran daño neurológico para el toro.
En más del 70% de los toros estudiados, se ha determinado que las puyas son clavadas en zonas muy posteriores a la indicada como “ideal”.

Las lesiones descritas afectan a más de 20 músculos, sin contar los intercostales y costales. Todas estas estructuras son necesarias para la movilidad del tercio anterior de animal, los movimientos del cuello, y de la cabeza, y para la función respiratoria. Pero no son sólo los músculos, tendones y ligamentos los que son seccionados, sino también importantes venas, arterias, y nervios

Los resultados indican que la profundidad media de los puyazos es de 20 cm, habiéndose encontrado trayectorias de hasta 30 cm. Se sabe que una sola vara puede abrir hasta 7,4 trayectorias diferentes.

Se reconoce que las puyas provocan fracturas de apófisis espinosas y transversas de vértebras, fracturas de costillas, y de sus cartílagos de prolongación, y que pueden perforar la pleura y el pulmón, dando lugar a neumotorax. Del mismo modo son inevitables las lesiones de la médula espinal, las hemorragias en el canal medular, y la lesión de nervios tan importantes como el plexo braquial (que se ocupa de la inervación de las extremidades anteriores), y de las ramas dorsales de los nervios espinales que se encuentran paralelos a la médula.

Las pérdidas de sangre que sufre un toro en la suerte de varas son algo contradictorias, oscilando entre el 8 y el 18% de su volumen sanguíneo. Un toro de 550 kilos perdería entre 3 y 7 litros de sangre tras los puyazos.

Las banderillas, que se clavan en número de seis, llevan en su extremo un arpón de acero cortante y punzante, que en su parte visible será de una longitud de 4-6 cm. Desgarran muchas de las estructuras anatómicas lesionadas con anterioridad por las puyas, y producen lesiones en unos 10 cm alrededor de donde han sido insertadas, aumentando la pérdida de sangre en el animal.

El estoque, una espada curvada de 80 cm de largo, debería lesionar o secciónar los grandes vasos que asientan en la cavidad torácica, es decir, la vena cava caudal y la arteria aorta posterior.

Lo que sucede con más frecuencia es que el estoque lesiona cordones nerviosos laterales a la médula, lo que provoca la desconexión de todo el aparato motor de la caja torácica, lo que añadido a la gran lesión del pulmón derecho, da lugar a una dramática dificultad respiratoria. La sangre pasa del pulmón a los bronquios, de allí llega a la traquea, y sale al exterior por la boca y la nariz.

En otras ocasiones se atraviesa el diafragma, lo que va a producir una parálisis por lesión del nervio frénico; la lesión del nervio frénico puede determinar compromiso de la función diafragmática con insuficiencia respiratoria.
Se dan casos en que las estocadas son tan traseras que pueden llegar a penetrar en el hígado y la panza.
El descabello se realiza con una espada similar al estoque, pero que lleva un tope de 10 cm. Su misión es lesionar y seccionar la médula espinal entre la 1ª y 2ª vértebra cervical.

La puntilla se le da al toro con un cuchillo de 10 cm de hoja, que una vez introducido en el espacio occipito-atlantoideo secciona el bulbo raquídeo, provocando la parálisis general del animal con disminución de la presión arterial. Los movimientos respiratorios se van paralizando y la sangre circulante, cargada de CO2, produce hipoxia en el encéfalo. Se dice que provoca la muerte instantánea del toro, pero no es cierto, ya que va a dar lugar a la la muerte por asfixia.

Algunos animales presentan durante algún tiempo después reflejos que son compatibles con la vida. La puntilla está prohibida en todos los mataderos de la UE por considerarse un método cruel de dar muerte a un animal.



RAZONES PARA ABOLIR LA TAUROMAQUIA: POR QUÉ EL TORO SI SUFRE


INFORME TÉCNICO VETERINARIO SOBRE LAS CORRIDAS: POR QUÉ EL TORO SI SUFRE.

POR QUÉ EL TORO NO SUFRE, ¿POR QUÉ?

POR QUÉ EL TORO SÍ SUFRE

de José Enrique Zaldivar Laguía
Veterinario
Colegiado en el Ilustre Colegio de Veterinarios de Madrid

sábado, 1 de setembro de 2012

E ninguém gosta mais dos touros que os aficonados.. olha se não gostassem!

 O Estoque: Um instrumento de tortura proibido nas touradas à portuguesa, mas que se pode utilizar e se utiliza, tal como aconteceu hoje, em Barrancos - Portugal (?) 

O estoque/espada é um instrumento que incorpora uma lâmina pontiaguda de 80 cm. A sua função é cortar a veia cava caudal e a aorta posterior, localizadas na cavidade torácica, mas, de acordo com um estudo realizado em Espanha, ela não é devidamente cumprida em cerca de 80% das ocorrências.

Na maior parte dos casos, o que sucede é serem danificados nervos que comprometem o sistema músculo-esquelético da caixa torácica, o que, associado a grandes lesões do pulmão, provoca uma dramática dificuldade respiratória. Nestes casos, o sangue passa do pulmão para os brônquios e partir daí chega à traqueia e sai pela boca e pelo nariz.

Acontece ainda, com alguma frequência, a espada tocar a parte externa dos pulmões e o bovino engolir o seu próprio sangue; e chega a acontecer a lâmina entrar no fígado e/ou no estômago do animal!

A estocada que esta foto documenta foi efectuada há uns anos por um aprendiz de matador, em Barrancos, e não foi bem sucedida. A vítima acabou por ser abatida, sob aplausos, com uma dezena de punhaladas na cabeça, por via da “puntilla” - um outro instrumento de tortura.

Fonte:  Marinhenses Anti-touradas

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"Morte do touro"

«Eu tento combater a tauromaquia em todas as frentes e acho que isso vale a pena.
Sem tomar posição, porque para mim tudo isto é cruel e abjecto, lembro que, quanto ao ponto restrito "morte do touro", seja na tourada de morte ou após a tourada, num matadouro:

No matadouro o animal deve ser atordoado/paralisado por um disparo que destroi o lobo frontal do cérebro, antes de ser sangrado por golpe na veia jugular, ev.te artéria carótida, o que lhe provoca a morte pela perda de sangue.
Na arena, sem qualquer atordoamento, com o golpe (ou golpes) da espada pelo torax dentro, o animal é rasgado, perfurado, posto a sangrar e + - asfixiado no próprio sangue, por vezes em repetidas tentativas até se acertar.
Outra diferença é que, na tourada de morte, embora com um fim de tremendo sofrimento este acaba ali com a morte.
Na outra, à portuguesa, antes de ser libertado do sofrimento pela morte, o touro vai ter que sofrer bastante tempo na sequência dos ferimentos inflingidos na lide e nas acções de confinamento e condução ao sítio do abate.
Obviamente, a "festa dos touros" só pode ser considerada uma festa para os tauromáquicos e para quem negoceie com isso.»

Vasco Reis,
médico veterinário
Para os touros e cavalos não é um festejo, certamente, nem para pessoas conscientes e compassivas.

domingo, 19 de agosto de 2012

Vampiros e outros seres hematófagos



As pulgas gostam de sangue.
As melgas gostam de sangue.
Os piolhos gostam de sangue.
As carraças gostam de sangue.
As sangessugas gostam de sangue.
Os aficionados gostam de sangue.

Fonte:  FARPAS E CORNADAS