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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Touros de Morte!


Este texto do professor Luís Vicente foi eliminado da sua cronologia devido a uma denúncia.

Segue o texto: [link]

Hoje um post de uma senhora de Alcochete em defesa das touradas irritou-me o suficiente para lhe responder com o que abaixo transcrevo:

Cara Senhora Mestre em Psicologia Inês Pinto Tavares,

Sabe o que é racismo? Racismo é a senhora ser caucasiana e considerar negros, judeus, palestinianos, asiáticos, etc, seres inferiores. Sendo seres inferiores considerava-se, não há muitos anos, que não tinham alma e, portanto, podiam ser mortos em campos de concentração ou noutros processos genocidas.
A isso chamou-se no século XX, NAZISMO.

Por generalização, o ESPECIÍSMO é uma extensão e um corolário do nazismo. É portanto uma forma de nazismo. É considerar que os outros animais, cães, gatos, porcos, touros, burros, etc. não têm alma e que, portanto, podem ser mortos. É rigorosamente a mesma coisa: NAZISMO, FASCISMO!!!!!

Chamemos as coisas pelo nome!
Pessoas congratularem-se com a tortura pública de um outro animal é um sentimento baixo (no caso que a senhora tanto aprecia, um touro), reles, primitivo, repugnante, NAZI. Nem se trata de matar um ser vivo numa situação de fome para comer, trata-se de torturar e matar por puro prazer. Se a senhora tivesse vivido no século XVI, XVII ou XVIII, certamente que se divertiria com os Autos de Fé no Rossio em que pessoas eram queimadas na fogueira. Talvez tivesse um imenso prazer na matança dos cristãos-novos. Se tivesse vivido na antiga Roma, muito se divertiria com os cristãos lançados aos leões para gáudio da população.

Enfim, estudou Psicologia na universidade onde sou professor, fez um mestrado em Psicologia Comunitária e Protecção de Menores. Provavelmente não aprendeu nada. Foi uma perda de tempo.
Sabe o que são neurotransmissores? Sabe o que é cortisol? Sabe o que é oxitocina? Sabe o que é serotonina? Conhece a anatomia do encéfalo?

Sabe que numa tomografia de emissão de positrões as áreas do encéfalo afectadas pelo sofrimento num touro, num rato, num cão ou num humano são rigorosamente as mesmas?
Sabe que as variações químicas no encéfalo são rigorosamente as mesmas em situações de prazer ou de dor em qualquer dos animais referidos, incluindo os humanos?

Se a senhora aprendeu alguma coisa sobre ciência e método científico o que é que deduz sobre o sofrimento do touro na arena?
Não vale a pena explicar-lhe, pois não?

Também deve pensar que Deus colocou o homem no centro do universo à sua imagem e semelhança logo abaixo dos anjos. Sabe, o meu Deus não é o seu. O meu Deus é infinitamente bondoso e misericordioso. Não pactua com os crimes que tanto prazer lhe dão a si. Não se compadece com pessoas que, da mesma forma que o louva-a-deus, rezam antes de matar.

Quer que eu tenha mais pena de um assassino do que de um touro que é torturado até à morte com requintes de malvadez? Lamento mas não tenho. Entre o assassino e o touro, de caras que escolho o touro.

Divirta-se nas suas touradas, divirta-se nos autos de fé no Rossio, divirta-se na praça da revolução em Paris enquanto cabeças dos guilhotinados rolam para um cesto de serradura, divirta-se nos circos romanos, divirta-se nos fornos crematórios de Auschwitz, divirta-se com a morte e o sofrimento dos outros, seja cúmplice!!!
Tenho a certeza absoluta que a senhora é incapaz, pelas suas limitações cognitivas, de compreender aquilo que estou a escrever. Não é certamente. Por isso perco o meu tempo.

Enfim, só lhe envio esta mensagem porque a senhora me tirou o sono.

Faça o favor de ser feliz com as suas mãos conspurcadas de sangue alheio!"


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

... Para mim acabou!


"A TVE PARA MIM ACABOU

A minha família nāo desgostava de touradas. Não que se babassem por ir ver o Tito Capristano à Moita ou o Nelo Cagarras a Santarém, mas lá em casa, se passava uma Corrida, a malta ficava a ver. Nas férias andaluzes, chegados ao apartamento com sal mediterrânico, o meu Pai punha na TVE e até ao jantar sorvíamos a cantilena espanhola dos comentadores especialistas e 8 ou 10 toiros de morte.

Não éramos aficionados mas gostávamos de ver. Do espectáculo. Da arte do matador. Da faena. Da orquestra. Do tribalismo. Só não podíamos ver os cavaleiros. Gajos de jaqueta brilhante montados num cavalo a espetar farpas que se transformavam em bandeirinhas que acenavam ao público. Degradante. O cavaleiro é o cobarde da tourada, é o puto que insulta e depois foge. Tínhamos, eu e o meu Pai, um sonho: unir a Ibéria numa só tourada: matadores espanhóis, forcados portugueses. Os cavaleiros passariam a alisar a areia, a limpar os estábulos e a dar água aos toiros.

Olho a televisão com o canal público a dar tourada. Aquelas mesmas caras de sempre de olhar bovino. Caras de gente laranja, de bigodes falsamente aristocráticos, as famílias da "tradição", os betos e os que querem passar por betos, as calças caqui, os penteados, as patilhas, uma portugalidade meio bizarra que parece advir de promíscuas relações entre primos e irmãos. Esta gente que ali está atrás das tábuas funde-se com as vacas em noites de Inverno: por isso aquele bovino olhar, a mansidão das carecas reluzentes, a lhaneza.

Pai, eu já não posso continuar a ver isto. Não é fácil questionarmos as coisas que enquanto crescemos eram naturais. Mais difícil quando as víamos junto aos que amamos. O meu Pai gostava de ver e eu via e também gostava porque gostava dele. Vamos continuar a ir aos nossos sítios a que íamos sempre juntos. Vamos a Moledo, a Ceuta, a Sevilha, a Mijas, ao Forte de Peniche, às Caldas do Luiz Pacheco, a Vilarelho ouvir o Maestro Coca-Cola Killer ensinar Bach às gentes do campo, vamos continuar a ir ao Estádio da Luz e a abraçarmo-nos dentro dos golos do Benfica, mas, Pai, a TVE para mim acabou.

Há qualquer coisa de profundamente degradante nas touradas. Não é só o sofrimento do animal, é o espanto com que ele observa os animais da bancada. A incredulidade de estar perante a maldade do mundo. O toiro leva nos olhos uma tristeza de estar assistindo à vileza do humano. Porte imponente, músculos fortes, cornos pontiagudos, nobreza de carácter, mas os olhos. É nos olhos do toiro que nós vemos a sua ingenuidade. Uma criança perdida no meio da multidão.

O animal sorve a vida de forma natural. Passa anos a comer ervinhas, a ver pores-do-sol, a esfocinhar amorosamente com outros animais. Vive a vida em liberdade, em campos abertos de luz, por onde pode correr, parar, dormitar, ficar só a ver. Ficar só a viver. Recebe arco-íris com uma chuvinha que lhe molha a língua e as dentolas, afasta borboletas e mosquitos com um espirro, ressona e acorda os pássaros da árvore onde está encostado. O animal não reflecte sobre o mundo, mas vive-o. Sobretudo, sente-o. Os elementos da natureza são-lhe prazenteiros. É-lhe natural ir beberricar aquela água, comer este molhe de ervas, cagar ou mijar onde lhe apetecer. O céu é-lhe natural, as nuvens e o Sol, os caminhos de terra, as plantas, os passarinhos. Aquela brisa que vem em Agosto com cheiro a cereais. Ele levanta a cabeça, fecha os olhos e sente-a. Não pensa sobre ela, mas sabe-a.

De repente, uma arena! Um cubículo de areia com milhares de pessoas e vozes e urros! De repente, o horror. Chamam-no, assustam-no, dão-lhe palmadas na cabeça, espetam-lhe ferros frios no lombo. Encosta-se às tábuas, sente a madeira, procura um caminho para voltar para o campo. Está cercado. Cornetas, luzes, gritos. Rios de sangue escorrem-lhe pelo corpo. O peso das bandarilhas coloridas enquanto corre. Não entende aquilo, não sabe o porquê. Cansado, ofegante, em pânico, investe contra o carrossel de homens e cavalos que o rodeiam.

Baixa a cabeça, com as patas tenta furar o chão como se pudesse abrir um alçapão que o fizesse cair da arena para um prado onde corresse e lambuzasse as bochechas de outro toiro. Um campo aberto a céu aberto. Sem cornetas, sem pessoas, sem gritos, sem bandarilhas coloridas, sem bigodes quase aristocráticos, sem ferros frios no lombo, sem rios de sangue pelo corpo, sem maldade.
O último sonho do toiro antes de morrer."



por Ricardo Silveirinha



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

... Terão Paz afinal!



"... Vai começar a festa....
Debaixo de um calor de mais de 30º, sem vento e depois de terem permanecido mais de 12 h metidos numa divisória de metal de um camião onde mal se podem mexer, os 6 touros vão ser "lidados" na praça.

Vão ser perfurados com ferros (bandarilhas) que medem 70 cm de comprimento, enfeitadas com papel de seda de variadas cores e rematadas com um ferro de 8 cm, com um arpão de 4 cm de comprimento e 20mm de largura, com farpas ou ferros compridos e ferros curtos que medem, respectivamente, 140 cm e 80 cm de comprimento, com ferragem idêntica à da bandarilha, mas com dois arpões enfeitados e rematados da mesma forma que as bandarilhas.

Os ferros que lhe penetram e rasgam o músculo, provocarão uma dor lancinante (o touro sente até uma mosca pousar-lhe no dorso - daí abanar com a cauda para a enxotar - porque não haveria de sentir dor se é feito de carne e osso como nós?). Depois de lhe serem cravados os ferros, exaustos e debilitados, enfraquecidos, vão ainda ser atormentados por 8 homens que o vão provocar, tentar imobilizar, saltar-lhe para cima e puxar-lhe violentamente a cauda (vértebras serão partidas) e humilhá-lo.

Depois será obrigado a recolher ao camião, como alguém me dizia hoje de manhã, "puxado e arrastado tão violentamente por cordas que se fica com a sensação que lhe vão arrancar os cornos".

No camião, ser-lhe-ão arrancados os ferros, a sangue frio, cortando a carne à volta do arpão com uma faca, deixando-lhe o dorso esburacado em carne viva...

Depois da "festa rija", quando os espectadores tiverem dificuldade em manter-se em pé, o touro vai ser levado para o matadouro, no mesmo camião onde não se pode mexer, deixando atrás de si um rasto de sangue e diarreia.

Hoje é sexta-feira.
Amanhã é sábado, os matadouros não trabalham.
Domingo também não.
Com sorte e, se não tiverem morrido até lá, os touros serão finalmente mortos na segunda-feira, depois de atordoados com choques eléctricos e pendurados de cabeça para baixo.

Terão Paz afinal."


Texto de isabel Santos - Campanha contra as touradas no mundo





sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tauromaquia III


E porque se permite a tauromaquia, actividade que assenta na violência e no sofrimento público de animais, legalizado e autorizado por lei e até apreciado, aplaudido e glorificado por alguns?

Para perpetuar uma tradição cruel e retrógrada, que sacrifica animais, prejudica a sociedade e o relacionamento com outros seres nossos companheiros da Terra, embota a sensibilidade, deseduca a juventude para uma vida pacífica e compassiva?
 Para que se cumpra uma lei que permite a tortura, lei essa que é contra a Lei de Protecção dos Animais?
Para satisfazer algumas poucas pessoas entusiastas da Tauromaquia, actividade indissociável de violência e de sofrimento?
Para exibicionismo e proventos para os artistas que violentam os animais (touros e cavalos) ou que se aproveitam deles depois destes estarem feridos e esgotados?
Para sustentar alguns postos de trabalho à custa do sofrimento dos touros e cavalos?
 Para permitir negócios à custa do sofrimento de touros e cavalos?
 Para atraírem turistas incautos ao engano?
Na sua maioria estes saem das praças incomodados e indignados com o espectáculo?
Embora esta actividade contribua para dissuadir a vinda a Portugal de muitos turistas, porque abominam a tauromaquia e evitam este país de arenas de tortura?
 Embora indignem, revoltem e envergonhem imensos portugueses conscientes e compassivos, por este massacre se passar no nosso país?
 Embora se comprometa a reputação de Portugal pelo desrespeito cruel pelos animais, ao contrário do que aqui devia ser princípio?

É claro, que uma verdadeira democracia não permite e legaliza a tortura. Por estas razões apelamos a que não assistam a touradas e afirmem e divulguem o vosso repúdio por esta cruel actividade.

Vasco Reis, 13.6.13.

Tauromaquia II


Aqui umas noções concisas de ciência a quem interessar:
Sistema nervoso, mais ou menos evoluído, é algo comum aos animais. Plantas não têm sistema nervoso, não têm sensibilidade, não têm consciência. Não têm a capacidade de fugir ao perigo, à agressão, por exemplo, ao corte, à seca, ao fogo.

Animais humanos e não humanos são seres dotados de sistema nervoso, mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é agradável, perigoso e agressivo e doloroso.

 Estes seres experimentam sensações, emoções e sentimentos muito semelhantes. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver. Sem essas capacidades não poderiam sobreviver. Portanto, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência.
Afirmar-se que nalguma situação não medicada, algum animal possa não sentir medo e dor se for ameaçado ou ferido, é testemunho da maior ignorância ou intenção de negar uma verdade vital.

Alguém acha que isso é possível aos humanos?
 A ciência revela que o esquema anatómico, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes. As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
O senso comum apreende e a ciência confirma isto. Portanto, homem, cão, gato, touro, cavalo, coelho, porco, ovelha, cabra, etc, sentem e sofrem de maneira semelhante, seja privação da liberdade, tensão de transporte, sede e fome, medo e pânico, cansaço, agressão, ferimento.

 Depois desta explicação, imaginem o sofrimento horrível que uma pessoa teria se fosse posta no lugar de um touro capturado e conduzido ao “calvário” de uma tourada.
Conclusão comportamental ética?
Seres humanos (tauromáquicos) não devem infligir a outros seres de sensibilidade semelhante (touros e cavalos), sofrimentos a que os próprios infligidores (tauromáquicos) não aceitariam ser submetidos.

 Vasco Reis, 13.6.13

Tauromaquia I


Na Tourada à Portuguesa, importa mencionar: o terrível sentimento de claustrofobia e pânico que o touro sofre desde que é retirado violentamente da campina e transportado em aperto e confinado; o maltrato antes da lide na arena com a finalidade de o enfraquecer física e animicamente; a provocação e a tortura durante a lide e no fim desta, com a retirada sempre violenta e muito dolorosa das bandarilhas; após a lide, metido no transporte e no curro onde fica esgotado, deprimido, ferido, dorido e febril, em acidose metabólica horrível que o maldispõe e intoxica, até que, dias depois, a morte o liberte de tanto sofrimento.

O cavalo sofre esgotamento e terrível tensão psicológica ao ser usado como veículo, sendo dominado, incitado e lançado pelo cavaleiro e obrigado a enfrentar o touro, quando a sua atitude natural seria a de fuga e de pôr-se a uma distância segura.
À força de treino, de esporas que o magoam e ferem, de ferros na boca e corrente à volta da mandíbula, que o magoam e o subjugam, o cavalo arrisca morte por síncope/paragem cardíaca, ferimentos mais ou menos graves, até a morte na arena.

É difícil, senão impossível, acreditar que toureiros e aficionados amem touros e cavalos, quando os submetem a violência, risco, sofrimento. Importa reconhecer que em todas as actividades tauromáquicas, mais ou menos cruentas, o sofrimento da captura, claustrofobia e pânico da prisão, do transporte, do curro, estão sempre presentes.


Bullfighting I

In Portuguese Bullfight, it should be mentioned: the terrible feeling of claustrophobia and panic that the bull suffers when he is taken violently from the field and transported in a narrow cage; the cruel treatment before the deal in the arena with the purpose of physical and psychological weakening of the animal;
the teasing and torturing during the deal and, at the end of this, the always violent and very painful withdrawal of the banderillas; after the deal, stuck again in transport and in stall where exhausted, depressed, hurt, sore and feverish, in horrible metabolic acidosis that make him so sick, until, days after a violent death will bring release to so much suffering.

The horse suffers terrible psychological tension and exhaustion as he is used as a vehicle, being dominated, incited and released by Knight and forced to face the bull, when their natural attitude would be to escape and to put himself at a safe distance.

He is forced by the action of spurs that hurt and make bleeding wounds, traction on the irons in the mouth (brake, bridle) exerted violently and painfully by the reins and reinforced by an iron chain around the jaw. All that hurt and subjugate the horse. He risks death by syncope/cardiac arrest, and more or less serious injuries, even death in the arena.

It is difficult, if not impossible, to believe that bullfighters and fans love the bulls and horses, when they submit this beings to violence, risk, suffering.
It is important to recognize that in all bullfighting activities, more or less bloody, the suffering of capture, claustrophobia and panic from prison, transport, confinement are always present.

Vasco Reis, 13.6.13

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cavalos e Pessoas II

Por:  Dr. Vasco Reis (médico veterinário aposentado)

Caras companheiras e caros companheiros,
Durante mais de 10 anos (1973-84), na Suíça e na Alemanha, fui cavaleiro de concurso hípico completo (provas de dressage, saltos de obstáculos e de corta mato) com os meus 2 cavalos PALOMBO e SEETEUFEL. Eu cuidava deles pessoalmente.
Esta informação serve para vos mostrar que tenho obrigação de saber de cavalos e de os compreender.
Confesso que exagerei algo do que exigi destes magníficos animais, tendo sido mais um cavaleiro ambicioso, o que lastimo agora sem mais remédio, mas tentando ajudar outros cavalos em risco.
Estou a dar-vos a minha convicção sobre o que suportam os cavalos explorados no toureio, pois creio que é importante tentar identificarmo-nos com estes seres sencientes e conscientes, extremamente explorados para o "espectáculo".
Consta que lhes operam as cordas vocais, para que não possam relinchar audivelmente durante a tourada. Por outro lado a música "pasodobleada" não dá oportunidade de escutar as suas vozes.
Creio que isto não deve ser silenciado.


Resumindo, o percurso do cavalo usado para toureio:
Como animal de fuga que é, procuraria a segurança, pondo-se à distância daquilo de que desconfia ou que considera ser perigoso.
No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com os ferros na boca, mais ou menos serrilhados, puxados pelas rédeas e actuando sobre as gengivas (freio; bridão - com accção de alavanca, ambos apertados contra as gengivas por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior– barbela), coisas muito castigadoras. É incitado pela voz do cavaleiro e por outras acções, chamadas hipocritamente de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas.

Ele é impelido para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro ou a ser parado por tracção nas rédeas.

Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso. É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem estar.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.


Já agora:

Muito sofrem cavalos sob violência, azelhice, ambição, exibicionismo de cavaleiros. Claro, que para além do bem estar físico, o bem estar emocional dos cavalos sofre imenso. São bastante excepcionais os cavaleiros que não usam de violência para os cavalos, principalmente em competição.
A violência física actua, principalmente, sobre a boca - gengivas e língua (ferros: freio e bridão - com acção de alavanca - e barbela - corrente apertando os ferros contra o maxilar inferior) e, também, no ventre dos cavalos (esporas) .
A acção violenta sobre a boca repercute-se muito sobre a coluna cervical, a coluna lombar, os membros e sobre os andamentos.
O desporto de competição e o trabalho sacrifica muitos cavalos, obviamente também pelo esforço exagerado exigido.
Cavalos de trabalho têm frequentemente uma vida muito difícil, sendo mal tratados, mal alimentados.
Cavalos explorados para toureio são obrigados com violência a suportar grande tensão emocional (capaz de lhes provocar a morte por colapso cardíaco), a suportar grande esforço físico, a arriscar ferimento e a morte.
Por outro lado, felizmente, muitos cavaleiros dos tempos livres, em maior número do sexo feminino, dedicam amizade, carinho e companheirismo sem exigir demasiado aos seus cavalos, concedendo-lhes bom alojamento, boa alimentação, cuidados higiénicos para com o pelo e os cascos, etc (habitualmente gostam de ser escovados).
Garantem-lhes exercício e alegria em encontros e passeios no seio da natureza.

Um abraço
Vasco


Foto:  Começa a ser um CRIME permitir que isto aconteça! Mas ninguém tem coragem para o dizer... e a muitos convém!

 A utilização de martingalas, in blog tauromáquico

Cavalos e pessoas I

Por: Dr. Vasco Reis (médico veterinário aposentado)

Muito sofrem cavalos sob violência, azelhice, ambição, exibicionismo de cavaleiros. Claro, que para além do bem estar físico, o bem estar emocional dos cavalos sofre imenso. São bastante excepcionais os cavaleiros que não usam de violência para os cavalos, principalmente em competição.

A violência física actua, principalmente, sobre a boca - gengivas e língua (ferros: freio e bridão - com acção de alavanca - e barbela - corrente apertando os ferros contra o maxilar inferior) e, também, no ventre dos cavalos (esporas).

A acção violenta sobre a boca repercute-se muito sobre a coluna cervical, a coluna lombar, os membros e sobre os andamentos.
O desporto de competição e o trabalho sacrifica muitos cavalos, obviamente também pelo esforço exagerado exigido.
Cavalos de trabalho têm frequentemente uma vida muito difícil, sendo mal tratados, mal alimentados.
Cavalos explorados para toureio são obrigados com violência a suportar grande tensão emocional (capaz de lhes provocar a morte por colapso cardíaco), a suportar grande esforço físico, a arriscar ferimento e a morte.

Por outro lado, felizmente, muitos cavaleiros dos tempos livres, em maior número do sexo feminino, dedicam amizade, carinho e companheirismo sem exigir demasiado aos seus cavalos, concedendo-lhes bom alojamento, boa alimentação, cuidados higiénicos para com o pelo e os cascos, etc (habitualmente gostam de ser escovados).
Garantem-lhes exercício e alegria em encontros e passeios no seio da natureza.

sábado, 6 de outubro de 2012

Tauromaquia, tem o seu lugar na história em Portugal...

Penso que é inegável que a tauromaquia tem o seu lugar na história em Portugal... tal como as lutas de gladiadores tiveram o seu lugar na história do Império Romano ou a escravatura teve o seu lugar nas nações de cultura ocidental ( e não só). Contudo quase invariavelmente tudo tem o seu tempo e à luz de novos factos e de uma nova consciência muitas coisas tornam-se anacrónicas e intoleráveis. É por isso que hoje em dia quando estamos doentes vamos ao médico em vez de rezar uma prece ao nosso santo padroeiro e tomar uma canja de galinha como ainda acontecia há 100 anos ou menos, só a título de exemplo. Desta forma julgo que é difícil alguém continuar a defender a tourada com a "tradição" e o "símbolismo" sendo este um fraco argumento. Por outro lado a sensíbilidade e o respeito pela vida não pode acabar na nossa família humana e nos animais de estimação: isso é sentimento de posse e egoísmo e não respeito... a questão do sofrimento do touro penso que nem está em discussão porque é comprovável empíricamente e até se quiserem científicamente que ele sofre... e a questão do touro não ser morto na arena é uma falsa questão porque o touro vai morrer na mesma com tanto ou mais sofrimento... não pretendo antagonizar ninguém com a minha opinião mas pelo contrário sugerir que reflitam nos meus argumentos e como seres racionais que todos somos verifiquem se fazem algum sentido. Além do mais se permitem que políticos como os nossos nos governem certamente acabar com as touradas será um bem imensamente maior.

por Pedro Miguel Macedo

sábado, 15 de setembro de 2012

Touradas V

Cultura é tudo aquilo que contribui para tornar a humanidade mais sensível, mais inteligente e civilizada. A violência, o sangue, a crueldade, tudo o que humilha e desrespeita a vida jamais poderá ser considerado "arte" ou "cultura". A violência é a negação da inteligência.
Uma sociedade justa não pode admitir actos eticamente reprováveis (mesmo que se sustem na tradição), cujas vítimas directas são milhares de animais.
É degradante ver que nas praças de touros torturam-se bois e cavalos para proporcionar aberrantes prazeres a um animal que se diz racional.
Portugal não se pode permitir continuar a prática do crime económico que é desperdiçar milhares de hectares de terra para manter as manadas de gado, dito bravo. A verdade é que são precisos dois hectares de terreno, o equivalente a dois campos de futebol, para criar em estado bravio cada boi destinado às touradas. Ora isto é tanto mais criminoso quando Portugal é obrigado a importar metade da alimentação que consome. Decerto os milhares de hectares desperdiçados a tentar manter bois em estado bravio, produziriam muito mais útil riqueza se aproveitados em produção agrícola, frutícola, etc.
Uma minoria quer manter as touradas e as praças de touros, bárbara e sangrenta reminiscência das arenas da decadência do Império Romano. De facto nas arenas de hoje o crime é o mesmo: tortura, sangue, sofrimento e morte de seres vivos para divertimento das gentes das bancadas. Como pode continuar tamanha barbaridade como esta, das touradas, no século XXI?
Só pode permanecer como tradição o que engrandece a humanidade e não os costumes aberrantes que a degradam e a embrutecem.

Não seja responsável pela tortura.
Não assista a touradas!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"chéché" e a Torreira

A nossa amiga Cristina D'Eça Leal publicou no seu mural este artigo que passamos a transcrever para perceberem o busílis:

Chaubet e a Torreira 
APESAR DOS MEUS ALERTAS CAÍRAM NA ESPARRELA
Desde que começou a ser moda, alguns meninos e meninas, armados em piedosas carpideiras, irem para junto das praças de toiros provocar e insultar os apreciadores de touradas, que tenho avisado os aficionados de que é preciso algum cuidado. Sei que estas juvenis e ridículas manifestações passam com a idade. Todavia, na fase de crescimento, sempre incomodam um tanto e até são capazes de convencer algum que, ingenuamente, os leve a sério. Não se aperceba de que a verdadeira pretensão dessa desocupada (digo desocupada porque, à hora em que aparecem com os protestos os jovens, normalmente, estão a estudar ou a trabalhar) é chamar a atenção.
Isso mesmo compreendeu a P.S.P. de Lisboa. Para evitar que aqueles a quem chamo os “ contra”, os auto intitulados anti taurinos, se aproximem e, com o falso pretexto de querer catequisar para a sua causa os taurinos, provoquem ou insultem, criou um espaço delimitado por um gradeamento onde os instala. Depois, vigilante, deixa-os vociferar os seus protestos e insultos mas não sair do espaço que lhes foi concedido. Sei, por experiência própria, a oportunidade desta medida.
Antes da P.S.P. ter tomado consciência de que não eram os taurinos que provocavam, insultavam ou queriam à força obrigar os “contra” a gostarem de touradas, os piedosos anti touradas andavam à vontade. Fui algumas vezes, atrevida e malcriadamente, abordado por piedosos e “pacíficos” contra que me questionavam porque gostava de touradas e censuravam-me por isso.
Como a abordagem era feita por miúdos com idade de serem meus filhos ou netos, levei sempre o caso para atitudes próprias da adolescência. Não lhes liguei. Mas houve aficionados, com todo o direito, devido às provocações de que eram alvo, que reagiram de forma menos tolerante. Até violenta. Era isso que eles queriam. O objetivo era esse. Levar os taurinos a perderem a cabeça e depois acusarem-nos de desordeiros, agressivos, etc. e, de início tiveram êxito.
Ultimamente porém os taurinos e, como disse já, a P.S.P. , estragou-lhes a tática. A P.S.P. encurralando-os, os taurinos não ligando às suas ruidosas provocações. Mas eles, certamente por terem pouco que fazer, não desarmam. Como em Lisboa nada conseguiam, lembraram-se de Viana do Castelo. Para mais sendo tão publicitada a tourada que se ia lá efetuar.
Porém, mediatizada a iniciativa da Prótoiro, as autoridades de Viana, seguiram o exemplo das de Lisboa. Criaram um espaço à volta da praça, onde os cavaleiros podiam exercitar os seus cavalos, as pessoas podiam chegar às bilheteiras sem serem importunadas, os intervenientes no espectáculo circularem livremente. Enfim, embora fora do “perímetro de segurança” criado pelas autoridades para os conter, lá estivessem, os planos dos “contra” falharam. Não deram nas vistas.
Já na Torreira a coisa foi diferente. A autoridade, talvez menos avisada, não os controlou devidamente e eles tiveram ocasião para atirar pedras aos cavalos e cavaleiros, provoca-los e insulta-los e conseguir a reação que procuravam.
Um dos cavalos espantou-se e foi para cima dos “contra” causando o pânico. Oportuna câmara de televisão que “POR ACASO” estava ali filmou o sucedido e até filmou uma menina lacrimosamente indignada a fazer queixa dos taurinos. Eles é que eram os maus. Eles é que tinham provocado.
Tudo planeado com antecipação. Tudo estudado cuidadosamente e os taurinos, caíram na esparrela.
Ora este arrazoado todo, até mesmo repetitivo, porque essa gente dos “contra” é manhosa e nós, os taurinos, temos que saber lidar com ela. Lembrem-se que até a coordenadora do Portal do Governo, confirmou que os resultados de uma iniciativa que os “contra” tiveram, era fraudulenta. Tinha 3.000 registos falsos! O que fez essa garotada? (dada a abismal diferença de idade existente entre nós, considero-me com direito a usar este adjetivo) Pediram desculpa pelo erro? Deram alguma explicação? Não! Atrevida e capciosamente, para sugestionar crédulos, publicitaram uma informação encorajadora do seu objetivo. A net é o seu meio de propaganda mais utilizado. Tentam através dela, dar a ideia de que têm numeroso apoio quando, afinal, perante o número de taurinos que há, são um número, barulhento e atrevido, sim, mas insignificante.
Digo atrevido porque, à porta de uma praça de toiros estão 30/40/vá lá/100, “contras”. A assistir à tourada, estão uns milhares de taurinos. Não será atrevimento pretensioso, malcriado e exagerado, essa miudagem criticar as opções desses milhares? A defesa dos animais? Não! Um expediente para se fazerem notados. Cresçam. Façam-se mulherzinhas e homenzinhos tranquilamente. Fazendo-se respeitar mas, também respeitando os outros.
Quanto a nós, não responder é o melhor. Se não lhes dermos "material" para poderem comentar, apagam-se como balão sem gás. Falta-lhes gás/imaginação para continuar.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

Como sempre alguém do "contra" comenta:

José Brás Um abraço a um homem grande: -"TORREIRA

Mais dia, menos dia, teria de acontecer!
Têm quase razão, os que dizem que não há paciência que aguente tanta demonstração de intolerância e de abuso de uma coisa que, se de modo justo se tem como liberdade de opinião no seu direito pleno, não só de a ter mas também de a defender publicamente, juntando-se por afinidade de ideais, organizando-se em grupos, manifestando-se no espaço público, mas que, por exagero de repetição, acaba por se tornar numa clara provocação e apelo ao confronto com os que, no outro lado das suas “razões”, agem dentro da legalidade, em tempos e espaços de fruição do seu crer e do seu fazer.

De início foram as palavras apenas que ouvimos e lemos de gente que, seja lá com que motivação for, começou por aparecer na Comunicação Social, reclamando contra a prática da tauromaquia; exigindo o fim da tourada; pressionando Órgãos do Governo, argumentando contra uma actividade que consideram anacrónica num tempo que, dizem, será o de um homem livre e solidário, não apenas no espaço humano mas também da vida animal.

Evidentemente, tal postura nunca mereceu dos aficionados qualquer postura mais azeda do que o natural contra-ponto de quem, esperando também do mundo tal estágio civilizacional, se recusa a desconsiderar a tauromaquia no quadro muito largo da cultura de um povo, das suas tradições mais enraizadas, de um processo de crescimento como gente, sempre buscando na fundura do tempo, a fonte de onde brotou a luta do homem pela sobrevivência, seja no acto da caça; seja na reprodução dos meios de subsistência e na multiplicação dos pratos na mesa, ou, muito mais fundo, na recusa da realidade quotidiana simples e comezinha, buscando o imaterial, orando a deuses, inventando a representação dessa realidade no pictórico, na palavra, na elevação do profano ao sagrado.

Mas as coisas não se ficaram pela argumentação mais ou menos teórica, mais ou menos filosófica, mais ou menos platónica. Como seria esperável e decorre da dinâmica do conflito de ideias, atrás da palavra teria de vir a acção por parte dos que chegam e querem alterar o estatuto, como se disse, num direito pleno da sua cidadania individual e colectiva. Vieram as manifestações, não apenas junto à sede do Parlamento e de outros locais mais ou menos oficialmente ligados à actividade cultural, mas também junto às praças de touros em dias de corrida.
Não veio mal ao mundo nisso.

Depois vieram os blogues e um crescer de linguagem marginal ao debate e às conveniências da discussão, trapalhadas, mentiras, votações do arco-da-velha, maradas e vigaristas, muita ignorância, muita raiva e mesmo ameaças. O espantoso é que tudo isto caiu no caso, trazido, não por quem já estava instalado nos anos de uma tradição secular, alegadamente passadista, conservador e violento, mas de quem chegava e tentava acuar, também alegadamente, progressista, dono de uma visão sobre um humanismo novo que irmanava a todos, gente e animais.

Por parte dos aficionados, e sobretudo das associações que juntam aficionados, criadores de toiros, toureiros e profissionais vários da tourada, a resposta foi sempre calma, reconhecendo sempre o direito à diferença, à expressão da opinião e ao ser contra, queixando-se nos círculos apenas contra diatribes de palavra, tentando mostrar os seus legítimos valores culturais e desmontando a grande ignorância que do outro lado se exibia sobre a actividade.

Os anti, apesar das sucessivas derrotas, mantinham presença à porta do Campo Pequeno, sempre com reduzida mas barulhenta representação, sobretudo nos locais que poderiam potenciar a presença de câmaras de tv.
Nos últimos tempos começaram a chegar sinais de alguma violência, com ameaças veiculadas por seitas, holligans e grupos de sinais totalitários e violentos que parecem ter percebido, a exemplo do futebol, que a penetração nestes grupos de anti-taurinos poderia dar-lhes alguma oportunidade de destaque.

Talvez esteja aí, mesmo por fora do conhecimento dos pequenos grupos de manifestantes e aproveitando a sua presença, que temos assistido a acções de vandalismo e destruição sobre viaturas e outros bens de propriedade de aficionados e, como aconteceu na Torreira, ao arremesso de pedras contra cavalos de toureio.

Em minha opinião, a reacção do cavaleiro Marcelo Mendes não foi correcta do ponto de vista de uma resposta que se quer calma e distante dos modos e dos meios destes grupos que começam a ser conhecidos como eco-terroristas, aparentemente defensores da vida e do direito animal, na verdade apenas gente desiludida com o fracasso do seu modelo cultural urbano, construído nos extremos de um processo de ruptura social e mesmo fora das suas margens naturais, tornando-se de facto anti-sociais e perigosamente agressivos contra tudo o que não caiba no seu pesadelo.

A corrida de toiros não tem que ser contra os direitos e as liberdades sociais dos seus opositores mas tem o dever de recusar e de repudiar as tentativas de intimidação e as agressões dos que se servem desse movimento para as suas arruaças de rua. A corrida de toiros deverá estar sempre disponível para um debate aberto sobre a sua justificação social, seja com quem for que o queira, no plano das ideias, pô-la em causa. A corrida de toiros tem o direito de não gostar de insultos e da ocupação permanente de um espaço que, sendo público, lhe pertence ao menos no plano do ideal no tempo da execução da sua legal e socialmente reconhecida e benevolente actividade. A persistência de tais manifestações dos anti-taurinos junto ao espaço onde existem as praças de toiros e em dias de corrida, apesar de ser um direito de cidadania, é, pela sua repetitividade um acontecimento mais visto como provocação do que como protesto, naturalmente na esperança de uma reacção de toureiros e de aficionados que os possa vitimizar aos olhos de um jogo qualquer que passe na televisão.

Acabando como comecei, têm quase razão, os que dizem que não há paciência que aguente tanta demonstração de intolerância e de abuso. José Brás. Publicado ontem no mural da ACTC


Ao que Cristina D'Eça Leal responde:

Um manifesto que poderia ser interessante se não fosse demasiado palavroso e absolutamente falacioso.

Chamei Chéché à criatura porque não a conheço nem do autocarro, mas a prosa dele reflete uma falta de neurónios confrangedora. Atribuí a irrazoabilidade à degenerescência celular por simpatia, pois por isso não poderá ser criticado, evidentemente.
Está visto que o José gosta de se ler e de ser lido, mas essa característica revela-se um obstáculo a quem quer defender um ponto de vista. É preciso esgravatar muito efeito de estilo para conseguir um ou outro argumento e, o que torna ainda mais penoso o debate, geralmente o argumento baseia-se em premissas falsas.
Em traços gerais, direi apenas que,

1º Os excessos cometem-se de parte a parte e quem quiser camuflar isso fá-lo de má fé, por fanatismo ou pura desonestidade (também há os simples, aqueles que ouvem uma frase ou vêem uma imagem e tiram logo conclusões irrefutáveis, mas não me parece que seja esse o caso)

2º Provavelmente não desconhece que a proteção policial é pedida pela Associação Animal e todos sabemos que não nos manifestamos enquanto esta proteção não estiver assegurada no terreno. Mas partem para um aproveitamento vergonhoso dessa situação, tentando mascarar a cultura de subjugação, intimidação e violência que caracteriza o comportamento tauromáquico (não estou com isto a dizer que não haja aficionados pacatos, como é lógico, estou a falar da atividade e do que promove)

3º Se só acordaram para o movimento abolicionista da tauromaquia neste século ou no século passado, a incultura histórica de quem se arvora em defensor máximo da identidade cultural brada aos céus e revela bem as máscaras de que se revestem para caucionar os vícios de que padecem. A tauromaquia esteve enraizada nas culturas de praticamente todos os povos europeus e destas foi sendo paulatinamente retirada até permanecer nas zonas mais incultas e atrasadas como o enclave ibérico e algumas regiões do sul de França, onde a contestação sobe de tom, como seria de esperar de pessoas que já não arrastam as mulheres pelos cabelos nem açoitam negros

4º Referindo-me agora concretamente ao episódio lamentável da Torreira, devo dizer que quem baseia um "artigo de opinião" nas desculpas esfarrapadas de um idiota que nem sequer tem a coragem de assumir frontalmente as suas atitudes, ignorando por completo a filmagem feita no local, merece o meu desprezo total. O meu e o de qualquer pessoa de boa fé com 2 neurónios no mínimo. Vê-se bem na filmagem que os manifestantes estão bastante afastados da praça e pacificamente sentados no chão; é o pelintra a cavalo que investe sobre eles por duas vezes e que se prepara para a terceira antes de ser travado. A valentia só o acomete em cima de um cavalo e quando rodeado de peões de brega, não vá a coisa correr mal. Alegar que os defensores dos animais apedrejam cavalos é tão ignóbil e estúpido como massacrar touros e cobrar bilhetes para assistir.

Correndo o risco de me repetir, mas sem me ralar nada com isso: a única razão que os aficionados podem alegar é que têm o direito a assistir a um espetáculo legal. O resto é grotesco. Poupem-se e poupem-nos.


... e como acham que o "ataque é a melhor defesa", lá vem de novo o sr.José Brás:

 ‎...e ao palavreado puro e duro. Vá la que você, Cristina, nasceu de costas para a imagem de si. Quanto ao meu amigo Chaubet, que você não poderia conhecer nem de autocarro porque ele é um marciano. Por acaso um marciano culto, boa gente, de humanidade que você não entenderia porque muito cheia de amigos, de actos de respeito pelo ser humano. Não é culto como a maioria dos anti-taurinos que vejo por ai a dar bocas como este Vitor Dias e porque cultura e humanismo aconteceram só para vosso benefício tertuliano pequeno. A vossa luta (se se pode chamar luta a isso), é velha, sim, como não poderia ser de outro modo. Mas é de uma velhice de derrotas em derrotas (melhor é reler Eça, por exemplo) até à fraude do Porta do Governo; até à mentira da imagem do toiro condoído pela saúde do toureiro; até ao aproveitamento da vossa causa por marginais nazis. Acredito que as pessoas que se manifestavam na Torreira era gente pacífica que se bate pela sua verdade e osso sempre merecerá o meu respeito. Mas sei do vandalismo que por lá passou nos carros dos aficionados e nas pedras arremessadas. Por isso também repudio a atitude do rapaz cavaleiro

... ao que Cristina D'Eça Leal responde, assertiva, como sempre:

Sim, José, tenho tendência para adjetivar, mas faço-o para reforçar ou colorir uma ideia, não em substituição da mesma.
Talvez a amizade e a partilha de gostos o impeça de ver os disparates que esse tal Carlos Patrício despeja, ou então leva-o a defendê-lo de tudo e todos, mas devia defendê-lo sobretudo de si próprio.
A nossa luta é - como todos os grande movimentos sociais - feita de avanços e recuos e acreditamos que de derrota em derrota chegaremos à vitória final. Como já lhe disse anteriormente, prefiro estar do lado dos vencidos se aí estiver a razão; não preciso de sentir maiorias atrás de mim para crescer.
Gostava que me explicasse em que é que relendo Eça, na sua opinião, eu passaria a apreciar o nobre negócio de massacrar animais em público, chamando-lhe arte. Porque sinceramente tenho dificuldade em perceber.
A fraude do portal do governo, não entendo - tanto quanto me lembro foi uma associação tauromáquica que explicou no seu mural como é que se procedia à suposta fraude.
A mentira a que se refere pareceu-me uma liberdade poética de legendar uma imagem, atribuindo ao touro sentimentos de compaixão ou de qualquer outra coisa, não me lembro. Era apenas um "wishful thinking" inocente e inconsequente. Quanto aos marginais nazis, o Vítor Dias já lhe respondeu; em qualquer dos lados há pessoas recomendáveis e outras irrecomendáveis, mas do seu lado pelos vistos, são os próprios dirigentes que se assumem como nazis. Embora deva dizer-lhe que me parece que as razões que assistem a qualquer causa devam ser as necessárias e suficientes para lhe dar suporte sem termos que recorrer ao currículo - poluto ou impoluto - dos seus seguidores.

(houve uma troca de "mimos" mas não interessa aqui para nada)

Os poderes psíquicos de Marcelo Mendes!

A febre anti-touradas já há muito que me atingiu, mas nestas recentes semanas os acontecimentos não podem deixar ninguém indiferente à questão. O blog Tourada - Portugal colocou os relatos de Marcelo Mendes à Agência Lusa. Comédia gratuita, acreditem.

Marcelo Mendes é o nome do cavaleiro que anda na ordem do dia. Segundo o próprio, "estava a aquecer os cavalos» e foi «insultado, o que é já normal. Entretanto, começou a corrida e, antes de tourear, fui novamente aquecer os cavalos». Ora, depois de instrumentalizar os cavalos, procedendo ao aquecimento como se se tratassem de carros fórmula 1, Marcelo Mendes foi insultado e agredido pelos manifestantes que se encontravam junto da arena do sangue. Ao que parece, o manifestante disse que o cavaleiro «deveria espetar ferros nas costas da mãe». Até aqui, nada que não seja corrente para um profissional de uma modalidade, sujeito a qualquer tipo de insultos e consideradões menos boas.

No entanto, Marcelo Mendes alega que o manifestante elaborou uma alusão ao cavaleiro que, recentemente, sofreu uma lesão com efeitos irreversíveis, à qual não podia ficar imune. De facto, é suficiente para se alterar emocionalmente. As imagens mostram o cavaleiro Marcelo Mendes a invadir o espaço dos manifestantes, com reais investidas de atropelamento, mas segundo as suas palavras apenas «tentou fixar a cara do tipo e arrancar atrás dele para o agarrar, para quando chegasse a polícia ser identificado». Creio ser difícil perseguir alguém a cavalo e agarrá-lo com sucesso (à velocidade que se vê nas imagens), uma vez que só atropelando o manifestante seria possível imobilizá-lo, a não ser que Marcelo Mendes tivesse poderes psíquicos que segurassem ou travassem o fugitivo. «Nunca tive intenção de magoar ninguém», diz. Declaração que confirma os poderes psíquicos de Marcelo Mendes, pois só com o poder da mente conseguiria imobilizar o manifestante em fuga. A mim faz-me lembrar os episódios de Tom & Jerry. A sério.

O clímax da comédia chega quando, segundo os relatos à Agencia Lusa, Marcelo Mendes «acusa ainda os manifestantes de provocarem danos materiais nas viaturas do seu "staff" e revelou que vai apresentar queixa junto das autoridades competentes, contra os manifestantes».

Marcelo Mendes, que faz parte de um rito social que destrói o património universal, apresentou queixa contra os manifestantes que lutam pelos direitos de animais subjugados e mal-tratados publicamente. Os touros, esses, não têm voz para reivindicar o direito à sua condição natural e ao que lhes pertence. Gostava de poder fazê-lo por eles, pelos touros: as autoridades competentes não teriam espaço para as infinitas queixas.

Ainda há dias comprei uma Smart Pen - uma óptima ferramenta para remover riscos do carro -, que pretendo enviar a Marcelo Mendes e a toda a sua equipa para poderem corrigir os danos materiais das suas viaturas. Mas só faço esse favor ao cavaleiro se reparar todos os danos imateriais que a arte tauromáquica provoca há vários séculos. Tem poderes psíquicos para isso?

Fonte:  Ensaios e Tertúlias

Porquê a Abolição das touradas?

Sempre foram contestados, já sabiam que algum dia seriam postos a revisão séria.

Não estamos a brincar ao igualizar a tauromaquia ao mais nojento que se possa conceber, um dejecto social.

Não é para ofender ninguém, mas, se alguém se sentir tocado, toque também na sua consciência, para confirmar se está do lado certo da Razão e da Justiça.

Os toireiros, estão a passar dias complicados, de desespero, de tentativa de rearmar, de blindar, cavar trincheira, reforçar o arame farpado, levar as praças móveis a novos sítios, aonde levam tudo, até o público menos interessado. Essa deturpação, junto com a crise geral, vai ajudar a esvaziar o balão desvairado.

Grave é o que fazem aos cavalos/éguas e aos touros/vacas, naquela horrenda caricatura de humanidade.

Grave, mais grave ainda, é a postura de agressividade e de apelo à reacção violenta contra pessoas, a atitude de ameaça e ataques de cavalaria civil contra demonstrantes (abolicionistas), a que se tem assistido, numa notória atitude territorial, que não tem argumentos com que se defendam os aficionados.

Não foi precisa muita pesquisa para ver quanto os recentes eventos ligados às arenas de massacre, tem acordado a sociedade para um tema a que muita gente não dava atenção. É cena de Portugal? Não, é geral para os 9 ou 10 infelizes países. Apenas no facebook? Não, toda a sociedade destes e outros países está e rever e analisar o que de mau tem andado a perdurar demais em desfavor dos animais, (des)necessariamente contra todos nós. É de hoje, desta temporada, a pior de sempre, a mais envenenada, com mau ambiente, com más areias, salgadas demais.

O que andam a fazer os aficions federados e os troll's da internet, em especial aqui no face-do-livro, é assombroso. Baralhar para dividir, façam-no uns com os outros. Fazem-no com os animais, não deviam. Esquecem-se que está pelo fim dos abusos, veio do mesmo sitio e é família,  aprendemos até onde quisemos, até onde deu para aturar. Por isso muitos dos que estamos pela abolição, estivemos "dentro do mundo", alguns dissemos muitos oléés e outros acharam graça a partes e detalhes. Cada vez são mais os que passaram a intolerantes e de quantos mais detalhes se sabe, mais vontade se tem de ver essa actividade deixada para a História. Grande parte dos que agora passaram de neutros a defensores, que assinam "aficionados p'ra ajudar a não acabar", desses quase ninguém sabe nada do que aquilo (des)trata, nem quanto aos animais envolvidos nem quanto ao resto que a «««tauromaquia»»» traz encanastrado, encrostado, na sociedade.

Nenhuma sociedade tem de aturar isto duma seita vernácula, de tempos de má memória, dos tempos de todas as atrocidades, do tempo das princesas com ranço e desses rituais sanguinários por mais tempo. Basta.

Está em tempo de se resolver este aparente imbróglio. Clamam, os imbecis, por paridade democrática, por contagem de armar e potência numérica, reclamam por liberdade de transtorno mental, numa fixação por vingar a sua triste vida em "festas de toiros". E fazem por esquecer tudo o resto, principalmente os animais que incomodam com essa bizarria.

Agora que entramos numa fase de queixas e processos judiciais, em parte argumentados pelo que se passa na internet, particularmente neste programa serviço internacional, faz parte dos factores de prova.
Foi dado mais um passo em frente, num grande processo que vai levar ao armistício nesta quezília, que tem apenas uma solução - ABOLIÇÃO.

Fonte:  Pró-Touro e Pró-Cavalo

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sobre as touradas

Lamento se sou alguém que, apesar de humano e de não poder ter acesso a uma visão do mundo pelos olhos e mente de um animal irracional, não me coaduno com o antropocentrismo. Lamento se respeito os animais irracionais e penso que merecem o mesmo respeito que qualquer ser humano. Lamento se acho completamente desnecessário maltratar animais, com fins de entretenimento, e sob o estandarte da tradição, o que não contribui em nada para o engrandecimento do ser humano psicológica ou intelectualmente. Lamento se respeito mais as ideias de quem passa anos a fio a estudar e a dedicar-se o mais objectivamente possível à busca da verdade, respeitando uma miríade de princípios que deram muito trabalho a definir, um trabalho se séculos, se não milénios, ao invés de acolher passivamente as ideias formuladas por pessoas que já pouco ou nada vêem que não a necessidade cega de perpetuar uma actividade, apenas porque é tradição ou porque é uma ocupação "familiar". Lamento que não queira ouvir falácias, vindas de pessoas que tanto arrogam verdade, mas que se deixam quedar intelectualmente no limbo das disposições familiares e tradicionais, que tão facilmente nublam o discernimento e a razão pura.
Lamento tudo isso, mas ainda não conseguiram dizer nada que me parecesse minimamente plausível, para fazer com que eu acolhesse uma mudança de ideologia.
Mas, acima de tudo, lamento viver num país que, além de todos os erros que perpetua, se permite condescender com este tipo de selvajaria arcaica.

por  Ricardo Lopes

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Entram guizos chocas e capotes"

A tourada é nesta altura um assunto polémico. É uma batalha pacífica travada pelos aficionados e pelos manifestantes pelos direitos dos animais. Dois grupos distintos defendem a sua grande paixão, e um lado os que apoiam e defendem a arte secular do toureio, do outro quem quer assegurar o direito dos animais.

Fora desta grande batalha, e na maioria dos portugueses estão os indiferentes. E no dia em que legalmente for exigido colocar um ponto final nesta batalha, tal como em quaisquer eleições, é a conquista dos indiferentes que vai marcar a diferença.

As manifestações pacíficas são um forte direito de quem quer impor a sua indignação, mas aos olhos do público em geral não fazem a diferença. A maior parte das pessoas embrenha-se nos seus problemas pessoais, e pensa haver assuntos mais importantes para o país decidir antes de tomar uma resolução contra ou a favor das touradas.

No entanto, a meu ver, o dia de ontem marca um grande ponto de viragem nesta batalha. O momento em que um toureiro decide investir contra um grupo de manifestantes pacíficos, mostra que para aquele homem não existe qualquer respeito pela vida humana. Acredito que nesta altura não poderá haver nenhum aficionado que possa estar orgulhoso daquele triste momento. Não fosse motivo mais do que suficiente condenar este acto por ser um atentado à vida humana, temos ainda que considerar o quase canibalismo deste homem. Visto que decide agredir com um animal, apoiantes dos direitos dos animais.
Não fosse trágica, esta situação é no mínimo irónica, e a meu ver, era exactamente a mesma coisa que os defensores dos direitos dos animais obrigassem um toureiro a lidar um familiar seu.

Os votos conquistam-se nos indecisos, e o dia de ontem pode ter ajudado uma grande maioria a decidir.

Tendo sido um atentado à vida, além dos trâmites legais, resta-nos apenas esperar que na arena seja aplicado algum tipo de sanção ao toureiro que fez isto. Caso não aconteça temos todos que ir preparando dorso e assumir que mais dia menos dia esta gente pode começar a espetar as bandarilhas em quem quer que passe.

Fonte

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Estado defensor da imoralidade tauromáquica

A realização de uma tourada no passado dia 19 de Agosto na única cidade antitouradas de Portugal, contra a decisão da Câmara Municipal de Viana do Castelo que não a autorizou, mas que contou com a complacência de um juiz de um tribunal de Braga, levou-me a refletir sobre o assunto e a levantar algumas questões, relacionadas com a suposta imparcialidade das várias instituições no que diz respeito à elaboração e ao cumprimento das leis que eles próprios criaram.

No caso referido, não deixa de ser curioso o facto da providência cautelar da associação de torturadores de animais ter sido posta num tribunal de Braga e não do de Viana do Castelo, local onde propunha realizar a tourada. Será que o juiz de Braga era um juiz amigo?
[[Neste caso a jurisdição administrativa era da Competência de Braga. O Tribunal de Viana é só judicial.]]

Até serem legalizadas as touradas de morte em Barrancos, com uma ajudinha do ex-presidente da República, Jorge Sampaio, amigo da tortura animal, foram cometidas ao longo de vários anos inúmeras ilegalidades sem que os prevaricadores tenham sido devidamente punidos. Uma vez mais, estiveram os poderes instalados ao serviço do retrocesso civilizacional e da imoralidade.

Nos Açores, a situação é por demais semelhante ao que se passa a nível nacional e até internacional. Se não fossem os apoios do Governo Regional e, pasme-se, da própria Assembleia Legislativa Regional que promove touradas, das autarquias, com destaque para as Câmaras Municipais de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória, as touradas de praça já tinham acabado e as de corda estariam reduzidas. Além disso, não poderá ficar esquecido o agrupamento de Estados denominado União Europeia que dizendo apoiar a agricultura ou a agropecuária hipocritamente subvenciona a criação de touros para serem torturados em espetáculos degradantes e violentos.

Deixando de lado as leis que são imorais pois, condenando os maus tratos animais, abrem exceção relativamente aos touros, se analisarmos a atuação das entidades que deviam zelar pelo cumprimento da lei, chegaremos à conclusão que a única legislação que é cumprida no que se refere a touradas é a lei da selva.

Já foram denunciadas, que eu saiba, à Direção Regional da Cultura (ou melhor Direção Regional da Tortura) a realização de uma tourada em Dia de Luto Nacional e a presença de crianças com menos de seis anos em diversas touradas, na ilha Terceira. No primeiro caso a resposta foi do género: “não sabíamos que José Saramago ia morrer” e no segundo caso, até há algum tempo, o silêncio absoluto.

No caso da presença das crianças que lá estão levadas pelos familiares, embora em muitos casos chorem de medo, como já foi denunciado por quem já assistiu, as entidades fecham os olhos pois sabem que não é apenas a chamada arraia-miúda que o faz mas também pessoas que ocupam os mais altos cargos governamentais e autárquicos.

A presença da polícia muitas vezes não é para obrigar o cumprimento da lei, mas sim para garantir a segurança de espetáculos que nem cumprem o estipulado nas leis, nomeadamente em termos de licenciamento e de publicidade. Para confirmar o mencionado basta consultarem os cartazes que divulgaram as touradas à corda promovidas por comissões de festas, da Igreja Católica, da Pedreira de Nordeste, dos Aflitos ou de Santa Bárbara (Ribeira Grande). Em dois dos casos, a não indicação da proveniência dos touros (por vezes bezerros que deixaram a “fase de aleitação” há pouco tempo) poderá estar associada a uma tentativa de fuga aos impostos por parte dos seus donos.

Sabendo que o que se pretende é acabar com o desnecessário sofrimento animal, será que podemos confiar cegamente nas entidades que tudo têm feito para que as coisas continuem como estavam no início do século passado ou em alguns casos pior?

Mas, perante uma conjuntura desfavorável, os amigos dos animais não devem desistir. Devem auto-organizar-se em associações ou em grupos informais e assim combater a indústria tauromáquica, denunciando os seus negócios sujos, todas as irregularidades e rebatendo todas as inverdades que é por eles transmitida.

Só conseguiremos uma sociedade melhor para todos, animais(não humanos) incluídos, se formos capazes de romper o cerco de alguma comunicação social e se conseguirmos fazer chegar a mensagem da verdade à maioria da população açoriana.

Manuel Soares


Nota - A itálico estão comentários feitas pelo CAPT

Como os aficionados contribuem para a luta antitourada

Nos últimos dias, a propósito das festas de Viana do Castelo, muito se tem falado de touradas.
Em 2009, Viana do Castelo tornou-se oficialmente uma cidade antitourada, integrando a rede de cidades saudáveis. A decisão, para além de pacifica acolheu a simpatia dos Vianenses e de gente de Portugal Continental, ilhas e por outros cantos do mundo.

Nos últimos tempos, o lóbi tauromáquico tem enfrentando grandes dificuldades. Dificuldades essas que não são mais do que os frutos de um desenvolvimento social, cívico e do crescimento de uma conscencialização ecológica. Por outras palavras: progresso.


As investidas do lóbi tauromáquico para contrariar e estagnar o desenvolvimento da consciencialização social das populações têm sido um tanto desastrosas para si próprios e benéficas para a causa antitourada.
Há não muito tempo, aquando dos projetos de lei do Bloco de Esquerda e PEV, que entre eles, sugeriam o fim dos apoios públicos à tauromaquia, rapidamente saltaram vozes que juraram de pés juntos que a tauromaquia, para além de não receber um cêntimo do Estado, eram rentável para as autarquias. Essas afirmações passam a ser particularmente curiosas quando se tem conhecimento da afluência de empresários tauromáquicos à sessão pública, organizada pelo BE, para discutir as mesmas propostas. Dizem as noticias que a sessão ficou marcada por insultos por parte dos aficionados, diz, quem lá esteve, que ficou ainda marcada pela falta de capacidade de argumentação e por um vocabulário pobre e desarticulado dos aficionados, confirmando assim (e eu nunca precisei de confirmação) as personalidades tendencialmente agressivas de quem assiste a touradas, e a baixa instrução de quem não tem a capacidade de adaptar tradições à realidade atual.


Mas afinal, se as pessoas que vivem às custas das touradas não recebem apoios públicos, porque se apressaram em ir defender o seu “quinhão”? Não faz sentido, é pouco credível. Se houve quem acreditasse na inexistência de apoios deixou de acreditar. No meio das trapalhices aficionadas, ganhou a causa antitourada.

Em Viana a situação repete-se. A elevação da cidade a primeira cidade antitourada de Portugal agradou a população. Agora, os aficionados, em mais uma investida atrapalhada, sem capacidade de medir as consequências, decidem fazer uma tourada em Viana.

A população foi clara: não os querem lá. A tourada em Viana foi polémica por vários motivos: primeiro pelo desrespeito do lóbi tauromáquico pela cidade e pelas suas gente; segundo pelo desrespeito ao poder local; terceiro porque uma tourada nunca é uma coisa boa.
As condições em que o circo foi montado, gerou a indignação de muita gente, por se traduzir em mais um ataque ao poder local - afinal os tribunais podem contrariar a vontade do povo para servir interesses de lóbis? Depois de todos os ataques dos últimos tempos, ainda há quem respeite o poder local em Portugal? A população de Viana sente-se desrespeitada, viram a sua vontade violada e as suas festas manchadas. A causa antitouradas cresceu.

Outro episódio curioso são as investidas na ilha de São Miguel. Há dois dias, na minha passagem pelo aeroporto de Ponta Delgada, a caminho da minha terra natal - Angra do Heroísmo, deparei-me com um quiosque que transmitia a barbárie da minha própria terra - a tourada à corda. Primeiro chamou-me a atenção as expressões das pessoas que olhavam para um monitor. Eram turistas, provavelmente nórdicos pela cor da pele e cabelo e o seu olhar era claro como água: o repúdio total. Achei ainda curioso os comentários de senhoras com alguma idade que de forma pausada e com o sotaque próprio da ilha diziam algo como “mas perquié quéssa gente não se põe a lê um livre em vez d'a atormentá os biches? Ome, certamente!”. Prova de que não é preciso estar-se na “flor da idade” para perceber o óbvio. No aeroporto de Ponta Delgada, parece ganhar também a causa antitourada.

O desespero de quem vive à custa de uma prática bárbara como a tourada, têm-se tornado, de maneira implícita, um aliado da luta pela fim das touradas em Portugal (sem esquecer os Açores) e no Mundo. Há que saber continuar a tirar todo o proveito dele.
Os touros, cavalos e toda uma sociedade que repudia a violência gratuita, agradecem aos desesperados.



Francisca M. Ávila
Angra do Heroísmo, 21 de Agosto de 2012

Fonte

domingo, 19 de agosto de 2012

Viana ensanguentada

Há quem queira fazer do dia 19 de Agosto de 2012 um dia importante para a sua liberdade pois dizem que esta regressou a Viana do Castelo devido à realização de uma tourada... ilegal. Eu tenho outra opinião... a liberdade de nos separamos dos ferrolhos impostos por uma elite sulista com a sua sede de sangue e sadismo, foi delapidada por uma associação que promove a violência e o mau trato dos animais, neste caso touros e cavalos, justificando-a de tradição nacional.
Esta tourada foi «validada» por uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga que autorizou a instalação de uma praça de tortura móvel em terrenos considerados como reserva por parte da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Não vou discutir os detalhes judiciais de tal questão nem mesmo a decisão tomada pelo próprio tribunal. O facto de não sermos um país onde possamos exprimir livremente a nossa opinião acerca das decisões judiciais e devido ao facto do corporativismo protector das antigas profissões elitistas defender as tomadas de posição dos seus elementos, faz-me ter o bem senso de 38 anos após o Dia da Liberdade não exprimir a minha opinião para assim evitar chatices...

De facto, hoje temos Viana ensanguentada. Ensanguentada pela dor e sofrimento de touros e cavalos submetidos a um espectáculo de puro sadismo humano que a nossa lei cobre da mesma forma que um pedófilo estupra uma puta. É assim que vejo os políticos que se vergam para a frente perante a tauromafia que mancha este país de ignorantes que se satisfazem com os touros, o vinho e as putas, e que chegando aos seus lares abusam dos seus numa exibição de machismo paneleiresco. É este o verdadeiro retrato de Portugal, país de brandos costumes porque a maior parte da sua população permanece indiferente ao sofrimento alheio, seja ele humano ou não humano, e só se preocupa com as injustiças nos relvados ou com os floreados cor de rosa.

A hora de Portugal se levantar passou! Iremos permanecer eternamente neste limbo entre uma existência cheia de significado e valor, e uma existência efémera na qual não se deve olhar para o que não se gosta; na qual não temos coragem de defender quem não tem voz; e na qual iremos permanecer neste ciclo vicioso de governação que nos leva todos os dias cada vez para mais fundo nesta sociedade lodosa onde a vida de um animal nos passa ao lado, encandeados pelas berrantes cores dos torturadores e dos fortes que amarram animais já fracos como se uma prova de valentia se tratasse.

...Viana está ensanguentada e a culpa é de todos nós.

Fonte: www.carris-geres.blogspot.pt

sábado, 18 de agosto de 2012

‎"Gnose dos touros

Penso que os homens e mulheres do distrito e não só entendem em profundidade que a tourada faz-me lembrar o tempo dos gladiadores, os reis, os leões, enfim uma história repleta de perversidade havendo formas até mesmo de os contornar na alimentação, parece-me um absurdo na era em que estamos e lamentavelmente apoiar este tipo de factos que deixam a humanidade no limbo da irracionalidade, já vi muitos touros que na arena poderiam ter posto fim á vida a muitos toureiros e não o fizeram admiravelmente. - Pergunto: que benefícios trás uma tourada? Cultura? Entretenimento? Tirem-me desta praia…
Reprovo e não consigo entender que aprazimento tem uma tourada, em que os aplausos “espetam” a sofrimento e o "cheiro" desses enérgicos aplausos "sabem" a sangue, se as pessoas soubessem o que os animais pensam de nós … mas sempre fieis , se eles nos julgassem, provocassem e se divertissem como nós, o ser humano desaparecia num só dia.
Mudem a mentalidade com o mais profundo respeito pelos animais, não vejo necessidade nenhuma de existirem estes “espetáculos” que considero atrozes. TOIRO, TOIRO , TOIRO.

Pedro Marinho
Arcos de Valdevez

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Recriação do espectáculo tauromáquico de modo a não envolver animais ou qualquer tipo de sofrimento animal

A PRÓTOIRO, na sua pagina, depois de duas pessoas terem sugerido uma recriação do espectáculo tauromáquico de modo a não envolver animais ou qualquer tipo de sofrimento animal:

"PRÓTOIRO: (...) A tourada não um recreio tourada é uma forma ética de dar morte a um animal, expondo o homem a sua vida ao touro, dando-lhe a hipotese de este o poder matar. Esse é o princípio básico da ética das corridas. "

"Portanto, seguindo esta lógica, vamos concluir que quando um homem decide dar porrada na mulher, esse é um combate ético porque a mulher pode retribuir e até pode lembrar-se de lhe atirar com a televisão à cabeça o que certamente não seria saudável. Ou então, generalizando, qualquer agressão entre pessoas capacitadas de se moverem é sempre uma forma ética de violentar essa pessoa já que ela pode defender-se e até tirar a vida ao seu agressor. Voltando ainda aos animais, as lutas entre cães, proibidas por lei em Portugal por razões éticas (e óbvias), são afinal um espectáculo ético já que os cães estão expostos da mesma maneira durante o combate e podem ambos receber a morte. Afinal de contas a Protoiro (creio que o (...), já que foi ele que teve precisamente esta conversa comigo e mais outros amigos pró-touros-anti-touradas), descobriu que qualquer forma de tortura é ética e legítima desde que o torturado tenha a possibilidade de se defender e provocar os mesmos danos (físicos) ao seu torturador.

Posto isto, e voltando ao mundo real...como é que um ser pensante pode acreditar que o touro e o toureiro estão de igual para igual, se o toureiro treinou horas e horas para o que vai fazer, e o touro está aterrorizado, confuso, sem perceber o que se passa nem porque foi ali parar, e obviamente sem saber como deve ou não reagir para conseguir a melhor defesa naquela situação? Fossem estas pessoas perceber alguma coisa de etologia (ou simplesmente perceber alguma coisa de animais), e talvez não dissessem estas barbaridades. Falta, entre muitas coisas, na nossa educação, o desenvolvimento do espírito critico dos estudantes portugueses (se bem que no caso do (...), que supostamente concluiu o curso de filosofia na unl, é mais inademissivel)."

por Miguel Marques