Mostrar mensagens com a etiqueta abolição. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta abolição. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 2 de agosto de 2016

E a tourada continua…

Um senhor chamado Francisco d’Orey, na página do facebook da Acção Directa, respondeu a uma convocatória para um protesto anti-tourada realizado no dia 28 de Julho com, entre várias outras, as seguintes preciosidades:
“Cambada de ignorantes comecem a contar as vacas galinhas e porcos que comem e são torturados a vida toda e acabam na vossa barriga. Depois vão ver como vivem os touros e os cavalos. No fim vejam como fica um touro que volta ao campo depois duma corrida e quando ainda não perceberem o lixo que vos vai na cabeça vai investigar sobre o que passam os anjmais uma vida inteira no zoo onde se passeiam com os vossos filhos etc. já agora como andam os vossos caezinhos lulus em casa deprimidos por estarem sozinhos horas à espera do dono”
“Tauromaquia: a indústria responsável pela vida feliz dum dos animais mais protegidos em Portugal”
“De acordo com os estudos científicos mais recentes sobre o touro bravo, sabemos que este tem reações hormonais únicas no reino animal. Sabemos, por exemplo, que este tem um hipotálamo (parte do cérebro que sintetiza as neurohormonas encarregues, nomeadamente, da regulação das funções de stress ou de defesa), 20% superior ao de todos os outros bovinos, e que, por isso, tem uma capacidade superior de segregação de beta-endorfinas (hormona e anestesiaste natural encarregada de bloquear os receptores da dor) o que faz com que o touro perante a colocação de uma bandarilha redobre as suas investidas em vez de fugir, que é a reação natural de qualquer animal à dor. O touro é selecionado tendo em conta a sua combatividade, sendo um animal que tem evoluído, ao longo dos séculos, estando fisiologicamente adaptado para a lide”.
Achei por bem responder ao último trecho, resposta que aqui transcrevo:
Excelentíssimo Senhor,
Passei aqui pela página da Acção Directa e, com perplexidade, li os seus comentários.
Devo dizer-lhe que hesitei bastante em responder-lhe, e hesitei por três razões:
1. O senhor é ordinário e mal educado; estes traços de personalidade impossibilitam qualquer debate sério e honesto; claro que será certamente um problema da sua história de vida, provavelmente de alguém que durante a sua ontogenia foi acossado e mal-tratado, eventualmente fruto de um meio descompensado mas, enfim, esses problemas hoje em dia têm tratamento e aconselho-o a procurá-lo.
2. O senhor é arrogante e utiliza argumentos ad hominem, o que é epistemologicamente inaceitável no debate científico.
3. O senhor é intelectualmente desonesto e cientificamente ignorante; passo a explicar. É intelectualmente desonesto porque refere dados cientificamente inconsistentes; ou consegue dizer-me, em que publicação avalizada pela Web of Knowledge submetida a peer review por um conjunto fidedigno de referees (única forma aceite pela comunidade científica de homologação de resultados e, mesmo assim, sujeitos a contraditório) encontrou esses resultados? Diga-me porque o saber não ocupa lugar e eu estou sempre disposto a aprender.
Claro que sei que o texto que o senhor tem o desplante de assinar não é seu.
De qualquer forma, porque pode alguém acreditar em si, cá vai resposta:
(se não compreender algum vocábulo diga, terei muito gosto em explicar)
Como é que o senhor actuou?
Depois do seu comentário ordinário e de explícita falta de educação, vai à página "O TOURO - Tudo o que precisa saber sobre o Touro Bravo", de onde, de forma acrítica porque apenas serve os seus interesses, e de forma desonesta porque não cita a fonte, faz um copy-paste do texto como se fosse seu. Aliás a sua cópia é de tal maneira acrítica que nem sequer se apercebeu dos erros de ortografia no original.
Portanto, a partir daqui, a minha conversa passa a ser com a douta fonte que o senhor desonestamente copiou sem citar.
Tanto quanto sei, nunca nenhuma revista científica credível aceitou publicar o manuscrito dos indivíduos do Departmento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madrid, manuscrito no qual se baseia o texto que o senhor copiou.
O texto que o senhor copiou começa por referir uma hipertelia intracefálica ao nível do infundíbulo do terceiro ventrículo.
Pergunte aos autores onde leram tal coisa? Qual a base amostral? Fundamenta-se num nível alfa inferior a 0,05? Esclareça-me.
Mais, eles que demonstrem que as hipertelias estruturais têm consequências metabólicas. Se mo demonstrarem proporei à Academia de Estocolmo que lhes seja atribuído o Prémio Nobel.
Continuando.
A beta-endorfina que é um polipéptido de cadeia curta (31 aminoácidos) é produzida não só ao nível hipotalâmico, mas também ao nível hipofisário e noutras zonas. Aliás ela foi descoberta em 1976 ao nível hipofisário e não ao nível hipotalâmico. Os autores da descoberta foram Choh Hao Li e David Chung. O seu a seu dono!
Um dos erros formais do texto que o senhor copiou é a afirmação de que algo no organismo está encarregue de alguma coisa. É um raciocínio teleológico aceite em religião mas inaceitável no discurso científico. Não está “encarregue” mas “tem por consequência”, o que é totalmente diferente. A teleologia demonstra uma ignorância avassaladora sobre os processos evolutivos.
Uma das principais inconsistências do manuscrito no qual se baseia o texto que o senhor copiou e que leva ao seu “chumbo” pela comunidade científica, é afirmar que o touro, uma vez lidado (ou seja, já cadáver) apresenta níveis de cortisol (hormona do stress) inferiores aos que apresenta um touro transportado num camião, deduzindo os autores que o touro sofre mais no camião do que durante a tourada. Erro crasso. Falam de touros durante a tourada, mas a maior parte dos touros estavam mortos durante a extracção do sangue. Um estudo que se realiza no cadáver de um animal não nos diz rigorosamente nada sobre o que se passava quando o animal estava vivo.
Outro disparate vem logo na frase seguinte: “o touro perante a colocação de uma bandarilha redobre as suas investidas em vez de fugir, que é a reação natural de qualquer animal à dor”.
Não, meu caro, em qualquer animal a reacção é a fuga se tiver condições para isso.
Se estiver encurralado como o touro na arena, portanto se não tiver condições de fuga, só tem duas alternativas: ou luta ou fica estático.
Nesta situação o animal avalia o inimigo. Se considera que tem condições para vencer, luta. Se considera que não tem, inibe a acção e fica estático.
O que é que o leva a lutar? É activado um conjunto de feixes nervosos denominado “sistema periventricular” que o leva a lutar.
O sistema periventricular é constituído por vias eferentes hipotalâmicas (na parede do terceiro ventrículo) que atingem principalmente os núcleos supra-ópticos posterior e tuberal e confinam com a substância cinzenta periventricular.
Uma das consequências da activação do sistema periventricular (atenção, só há estudos em humanos) é a produção do neuropéptido-y que, ao que tudo indica, pode estar associado à resiliência em relação ao stress pós-traumático e à resposta de medo, permitindo aos indivíduos uma melhor resposta sob stress extremo (Julie Steenhuysen, 2009).
E o que é que leva a inibir a acção?
Os poucos estudos conhecidos levados a cabo pela equipa de Laborit (1974, 1977) foram realizados em ratos. Em situações em que não pode lutar nem fugir é activado um conjunto de feixes nervosos denominado “sistema inibidor de acção” (área septal média, hipocampus, amígdala lateral e hipotálamo ventromediano).
Tanto quanto sei são desconhecidos os mecanismos neuroquímicos envolvidos, apesar de existirem algumas conjecturas sobre isso.
Bom, e vamos discutir um pouquinho o valor de sobrevivência da inibição dos centros de dor.
Antes de mais a dor tem um imenso valor de sobrevivência. Se não houvesse dor o animal não se aperceberia da gravidade dos seus ferimentos e morreria.
Assim, ao longo do processo evolutivo, foi seleccionada a capacidade de produção de endorfinas. Esta anestesia endógena é de curta duração e é uma atenuação e não uma eliminação da dor (não existe um único estudo que refira “eliminação”).
Os neuropeptídos que constituem as endorfinas são neuropéptidos de vida curta (short-term). Permitem ao animal, num curto período após o trauma, a serenidade necessária à organização de uma resposta adequada à situação.
Dou-lhe um exemplo humano. O senhor está a cortar pão e a faca resvala cortando-lhe um dedo. É muito doloroso. Mas, após algumas fracções de segundo, o seu sistema nervoso responde com a produção de endorfinas. A sua dor é significativamente atenuada. Pensa, vai desinfectar a ferida, decide ir ao hospital para a suturar, etc..
Se tivesse uma dor insuportável não teria a serenidade necessária para encontrar uma solução. As endorfinas permitem-lhe essa serenidade por um curto período mas, passado pouco tempo, vai sentir imensa dor. Contudo o problema está resolvido e sobreviveu. Mas as endorfinas são de vida curta. Apenas lhe dão tempo para resolver o problema, e muito pouco tempo.
Quando uma gazela é caçada por uma leoa, o seu sistema neuro-endócrino produz endorfinas. A dor diminui à espera de uma solução para o problema. Diz-se que a gazela sofre pouco. Mas isso será porque a morte é suficientemente rápida, mais rápida que o tempo de vida das endorfinas produzidas.
O período de lide de um touro na arena é demasiado longo. Não há endorfina que persista durante todo o tempo da lide.
E vamos agora ao resto, à lide.
As bandarilhas? Em Portugal espetadas ou a cavalo, ou a pé.
Para quem não sabe, são varas de madeira com uma ponta de aço de 6 cm que se prendem à área dorsal do touro e que aí se mantêm pelo facto de, na sua ponta, possuirem um arpão de 16 mm.
Existem ainda o matador e os forcados. O matador faz uma série de passes com a capa e também espeta bandarilhas no animal.
Os forcados desafiam o touro e, em grupo, agarram-no toldando-lhe a visão e tentando imobilizá-lo.
Nesta parte poderá não ser causada dor física ao animal, embora lhe seja imposto um enorme esforço físico e psicológico.
As bandarilhas, pela força da gravidade e do movimento do touro, causam danos aos nervos, músculos e vasos sanguíneos.
No caso dos danos causados nos vasos sanguínios, é significativamente reduzida a irrigação sanguínea dos músculos importantes para o movimento.
Além do mais, as bandarilhas podem ferir os ramos nervosos dorsais da medula espinal, o que causa claudicação temporária e leva à inibição reflexa do plexo braquial (o centro nervoso que inerva as extremidades anteriores). Podem ainda causar hemorragias no canal medular e ferir a parte superior das costelas.
Portanto, o sistema nervoso do touro sofre danos significativos durante a tourada, tornando uma resposta normal impossível em termos de libertação de ACTH e cortisol.
O estudo no qual se baseia o texto que o senhor copiou conclui, entre outras coisas sem qualquer fundamento científico credível, que os touros que só tenham sido transportados ou que estão na arena sem ser toreados, portanto sem danos físicos, produzem mais cortisol do que aqueles que sofreram danos. Portanto é maior o stress de não ser toureado do que o de ser toureado. Fantasticamente ilógico!!!
O que se passa na realidade é que o seu sistema nervoso está intacto, o que é essencial para a resposta hormonal.
José Laguía, membro do Colégio Oficial de Veterinários de Espanha refere que em pessoas envolvidas em acidentes com grandes lesões na coluna vertebral, a resposta hormonal que resultaria na liberação de cortisol é reduzida ou mesmo ausente? Pode haver alguma situação mais stressante para alguém do que pensar que poderá passar o resto da vida numa cadeira de rodas?
É que o que se passa na realidade é que o sistema nervoso está de tal modo danificado que se torna impossível a resposta adequada.
A outra parte do estudo dos indivíduos do Departmento de Fisiologia da Faculdade de Ciência Veterinária da Universidade Complutense de Madrid refere-se à produção de beta-endorfina que, como referi atrás, é produzida em situações de dor.
Segundo esses senhores, durante a tourada, o animal, aparentemente, liberta uma enorme quantidade de beta-endorfina. Então os ditos senhores concluem que neste caso a beta-endorfina seria capaz de evitar a dor do touro.
Dizem esses senhores que o touro liberta dez vezes a quantidade de beta-endorfina do que um ser humano. Fantástico!
Para o mínimo de credibilidade científica desta afirmação, os ditos seres humanos, para que o estudo comparativo fosse fidedigno, teriam que estar sujeitos rigorosamente às mesmas condições que o touro. É o controlo de variáveis – chama-se método científico.
Portanto o ser humano teria que ser toureado, bandarilhado, pegado, etc..
Tanto quanto sabemos isso não foi feito e portanto as conclusões não têm qualquer validade.
Ainda por cima, como já referi, os níveis hormonais foram medidos no sangue recolhido em touros mortos, por isso é impossível saber em que altura da tourada a beta-endorfina foi libertada.
Numa crítica ao manuscrito dos senhores da Universidade Complutense de Madrid, o atrás referido José Laguía defende que a resposta hormonal depende da “integridade das estruturas nervosas, pois sabe-se que, quando há um dano neurológico, a beta-endorfina pode ser libertada no local da dor, devido a determinados mecanismos celulares, sem o envolvimento do sistema nervoso. (…) quando a agressão é repetida frequentemente ou tem lugar durante um período prolongado de tempo, e quando os recursos do animal para alcançar o nível de adaptação são inadequados (…) as respostas hormonais à dor, ou seja, a liberação de grandes quantidades de beta-endorfina tais como são encontradas no sangue de touros após uma tourada, são a resposta normal do organismo a grande dor e stress, e têm muito pouco a ver com capacidade para os neutralizar; Na verdade, ao contrário, os níveis de hormona indicam o grau de dor experimentada e não a capacidade do animal para a neutralizar”.
Quanto à incongruência da fase final do texto que o senhor copiou: “O touro é selecionado tendo em conta a sua combatividade, sendo um animal que tem evoluído, ao longo dos séculos, estando fisiologicamente adaptado para a lide” talvez noutro dia a desmonte, mas este meu comentário já vai longo e a paciência já me vai faltando.

Cumprimentos.


Texto da autoria do Professor Luis Vicente
(link da publicação)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Corrida com anões reacendeu debate sobre touradas


"Partidos contornam o assunto nos programas eleitorais, apenas Bloco de Esquerda e o PAN se referem publicamente às touradas.

Na semana passada um movimento pró-tourada de Viana do Castelo cancelou uma corrida com anões por o tribunal ainda não ter decidido a providência cautelar que interpôs para contestar o indeferimento municipal à instalação de uma praça amovível na cidade. Um tribunal de Braga acabaria, também, por não autorizar a construção da praça.

Esta notícia trouxe de volta a polémica em torno da tauromaquia, com algumas vozes a apelarem ao fim da “barbárie da tortura dos animais para gáudio do sadismo público”, como o caso de Vital Moreira.

“Decididamente quando é que, perante a cobarde omissão do legislador, um tribunal tem a coragem de proibir estes espetáculos de degradação humana em nome da proteção constitucional da dignidade humana?”, indagou o ex-eurodeputado do PS, através do blogue Causa Nossa.

Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, adiantou ao jornal i que o PS não tem uma posição oficial sobre o assunto mas deixou claro que, a título pessoal, é contra as touradas.


Carta Aberta a Gabriela Canavilhas(***)

No entanto recorda que “80% dos portugueses não é a favor da extinção” desta prática e que, portanto, como a “esmagadora maioria dos portugueses está de acordo, não há razão para que seja posta em causa”.

Recorde-se que só o Bloco de Esquerda e o PAN se referem às touradas no programa eleitoral para as legislativas de 4 de outubro. Os outros partidos evitam a polémica."

http://www.noticiasaominuto.com/pais/439916/corrida-com-anoes-reacendeu-debate-sobre-touradas



"Viva la muerte" 
Manuel António Pina

Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar". O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

(***)Carta Aberta a Gabriela Canavilhas

MOVIMENTO INTERNACIONAL ANTI-TOURADAS
INTERNATIONAL MOVEMENT AGAINST BULLFIGHTS
MOVIMIENTO INTERNACIONAL ANTITAURINO
MOUVEMENT INTERNATIONAL ANTI CORRIDAS
www.iwab.org
IMAB@iwab.org

Exma. Senhora Deputada,

Aquando das suas declarações, em representação do grupo parlamentar do PS, relativamente à discussão da petição pela Abolição das Corridas deTouros em Portugal, foi proferida por si uma frase que consideramos espantosa. Se a memória não nos engana, a senhora afirmou e passamos a citar: "As touradas não foram instituídas nem por decreto nem por despacho e não devem ser abolidas nem por decreto nem por despacho". Astouradas não foram instituídas por decreto ou por despacho assim comomuitas outras actividades não o foram, no entanto a crer nos historiadores deste país, as touradas mesmo não tendo sido instituídas por decreto ou por despacho foram proíbidas por decretono reinado de D. Maria II.
O decreto do Governo de Passos Manuel (de 19/IX/1836) proibiu "em todo o reino as corridas de touros considerando que são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas, e bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade".

A história está cheia de costumes/tradições (direito consuetudinário) que não foram instituídos por decretos, mas que foram proíbidos pordecreto/despacho. O que ontem era aceitável mesmo sem lei, hoje não o é e por isso temque ser proíbido ou regulado por lei.
É comum a afirmação que as mulheres são seres mais sensíveis aocontrário dos homens. Não vamos discutir se tal afirmação é ou não veraz, no entanto podemos afirmar que no que a si respeita, a senhora não demonstra qualquer sensibilidade ou empatia quando se trata de outros seres que sofrem tal como nós. A sua frieza e o seu comportamento provam que a senhora não sente o mínimo de compaixão por ninguém. Não se sinta orgulhosa do seu discurso no parlamento porque se os taurófilos o consideram brilhante e já agora nas palavras deles leal, todas as outras pessoas sensíveis e empáticas consideram-no patético e desprezível. A senhora não foi eleita para defender os interesses de uma minoria, neste caso os taurófilos, mas sim para defender os interesses da maioria dos seus eleitores. Será que aqueles que a elegeram defendem touradas? Uma minoria talvez. Mas teria a senhora sido eleita se fosse isso que tivesse para lhes oferecer? Temos a certeza que ninguém a elegiria se soubesse que a senhora iria defender o indefensável.

As suas declarações são falaciosas quando afirma que a tauromaquia não recebe subsídios e é totalmente independente do Estado e são vergonhosas quando fala em liberdade e tolerância. A indústria tauromáquica recebe milhões de subsídios dos organismos públicos destepaís e da UE e não adianta negar. Como exemplo o Governo Regional dos Açores entregou entre 2004 e 2010 mais de 2.700.000,00 milhões de euros a essa mesma indústria. É algo que a senhora deverá saber uma vez que foi entre 2008 e 2009 directora geral da cultura do Governo Regional dos Açores. Quanto à liberdade e tolerância que liberdade minha senhora? A liberdade de uns quantos se regozijarem com a torturade um ser senciente? A tolerância de continuar a permitir um espectáculo que permite a tortura de animais? Minha senhora a sua liberdade e tolerância terminam no momento em que outro ser é impedidode ter a liberdade de não ser torturado.

Todos os animais à face deste planeta, não são objectos dos quais podemos dispôr a nosso beloprazer. Com eles compartilhamos este espaço e para com eles temos deveres e sim eles têm direitos por mais que seres supostamente iluminados como a senhora continuem a negá-los. Têm o direito decoexistir connosco e têm o direito a não ser torturados eposteriormente mortos num espectáculo público degradante.

O seu discurso é de facto leal ao lobby tauromáquico mas é imoral e totalmente desprovido de ética .Nunca é tarde para mudar mas algumas pessoas, como a senhora, persistem em viver no obscurantismo.

Maria Lopes (Coordenadora)
Movimento Internacional Anti-Touradas
www.iwab.org

Testemunho Real!



 Palabras de un técnico de sonido de televisión que hacía las retransmisiones de toros...

"En mi caso, que me ha tocado llevar el sonido en alguna retransmisión, siempre he comentado, que si en lugar de la mezcla de sonido de la banda de música, aplausos, bravos, olessss y demás... el sonido fuera el que capta el Sennheiser 816 (micrófono que capta a gran distancia y buena calidad) a pie de ruedo, donde se escucha perfectamente el sonido de la banderillas al entrar en la piel, los mugidos de dolor que da el animal a cada tortura a la que se somete... y además lo acompañáramos de primeros planos de las heridas que lleva, de los coágulos como la palma de una mano, de la sangre que le brota acompasada al latir del corazón o la mirada que pone en animal antes de que le den la estocada final, creo que el 90% apagaría el televisor al presenciar semejante carnicería a ritmo de pasodoble.

Yo, personalmente pedí el dejar de hacer ese tipo de trabajo, precisamente un día que en Castellón me tocó estar en el callejón y me cabreé mucho al escuchar a un toro, al cual el torero falló cuatro veces con el estoque y harto de escuchar al pobre animal me quité los auriculares... No tuve bastante, que mientras agonizaba, escupía, se ahogaba en su sangre, se vino a morir justo pegado a mi, apoyado sobre las maderas mientras daba pasmos y su mirada ensangrentada y con lágrimas, sí lágrimas, sean o no sean de dolor, se cruzó con la mía y no nos la perdimos hasta que un inútil .... falló dos veces con el descabello, al que le dije de todo.

Ahí acabó mi temporada torera de por vida.

Son sentimientos personales y lo mas probable es que a un amante de "la fiesta" le parezca ridículo, pero para mi, más ridículo es cuando después de semejante carnicería, giras la vista al público y los ves allí aplaudiendo, comiendo su bocata sin inmutarse, ni habiendo visto y oído lo que yo."

 Jose Sepúlveda Sepul



"Anonymous Defensa Animal España"
"El técnico de sonido del viral antitaurino: "Es una bestialidad, que lo soporte el que pueda" - El Huffington Post"
"El viral testimonio de un técnico de sonido sobre las corridas de toros - El Huffington Post"
"LA VOZ DE GALICIA"


"La memoria del llanto, un artículo contra los toros del periodista y escritor Francesc González Ledesma, publicado en el diario El País en marzo de 2010."



«Testemunho de um Técnico de Som sobre a Barbárie Tauromáquica

Jose Sepúlveda, técnico de som do Canal Nou e que durante algum tempo trabalhou na transmissão de touradas decidiu relatar aquilo que viu e ouviu durante estas emissões. A imagem inserida no texto é apenas para ilustração do artigo.

Sempre que trabalhei na parte sonora das transmissões frequentemente comentava que se em lugar da banda de música, dos aplausos, dos bravos, dos olés e etc o som fosse captado pelo Sennheiser 816 (microfone que capta a grande distância e com muita qualidade) perto da arena onde se escuta perfeitamente o som das bandarilhas a entrar na pele, os mugidos de dor do animal a cada tortura que é submetido e além disso as pessoas acompanhassem os primeiros planos das feridas, dos coágulos tão grandes com a palma da mão, do sangue que jorra, do bater do coração ou o olhar do animal antes da estocada final 90% desligaria a televisão ao presenciar tamanha chacina ao ritmo de pasodoble.

Eu pessoalmente pedi para deixar de fazer esse tipo de trabalho, porque um dia em Castellón, tocou-me estar entre barreiras e fiquei muito incomodado ao escutar um touro depois do toureiro ter falhado por quatro vezes a estocada e tive que tirar os auscultadores e o animal agonizava, cuspia, afogava-se no seu sangue vindo morrer mesmo ao pé de mim apoiado na madeira e o seu olhar ensanguentado e com lágrimas, sim lágrimas, sejam ou não sejam de dor cruzou-se com o meu até que um inútil falhou duas vezes o descabelo e eu disse-lhe tudo e mais alguma coisa.

Foi aí que terminou o meu trabalho em praças de touros para toda a vida.

São sentimentos pessoais e o mais provável é que um amante da “fiesta” ache ridículo, mas para mim ridículo é quando depois de semelhante carnificina olhas para o público e vês que aplaude, come sandes sem qualquer preocupação não tendo visto nem ouvido o que eu testemunhei”.

Excelente testemunho que retrata a verdade sobre um espectáculo que é brutalmente bárbaro e cruel e que tem que ser erradicado.

Prótouro
Pelos touros em liberdade

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O touro tem uma vida de rei durante 5 anos e depois sofre na arena durante 20 minutos

Deveria preocupar-nos o carácter doentio de criar animais para os sujeitar a um ritual de tortura antes de os matar. Até porque sabemos que violência é violência, qualquer que seja a vítima e não é por acaso que diversos estudos no âmbito da psicologia, demonstrem que todos os serial killers treinaram os seus dotes primeiro em animais.

É a sede de dominar e de subjugar que emana deste tipo de cultura, donde provém igualmente a violência doméstica (em que o mais forte necessita permanentemente de afirmar a sua superioridade através da submissão dos mais fracos).

Se o simples abandono de animais de estimação é consensualmente condenado pela população, por que motivo devemos aceitar que outros torturem touros, por mais bem estimados que sejam?


(DES)Argumentos:  tauromaquia
Fonte

É melhor a vida de um touro de lide do que a dos bois para consumo


Nenhum mal pode ser justificável por comparação com outro mal maior.

Corredor da Morte


O touro gosta da lide, sente-se respeitado

Deve ser resultado de algum estudo de opinião em que entrevistaram os touros à saída da arena...

Este é mais um paradoxo da defesa da tauromaquia: por um lado acusam os que a ela se opõem de antropomorfizar o touro quando falam em sofrimento mas, por outro não têm qualquer pudor em afirmar que o touro sente honra, arrogância ou paixão por ser ludibriado e ferido num ambiente hostil, longe dos seus pares.

A valentia, a inteligência contra a força bruta

Há quem prove diariamente que a valentia e a inteligência são superiores à força bruta, através da literatura, da filosofia, da ciência, da tecnologia, da política, da intervenção social.

A corrida de touros está concebida de forma a que um dos lados esteja preparado para vencer e o outro condicionado para perder. Não é por acaso que as praças são redondas, que os cornos são despontados e embolados, que os toureiros aprendem as técnicas de melhor enganar o touro, que a música toca, que o público grita, que a sequência e o tamanho das bandarilhas é precisamente aquele.

Assumindo que a inteligência é a capacidade de resolver novos problemas, o touro – o tal animal irracional – é o único que a tem que usar, porque é aquele que não sabe o que o espera. Se ensinássemos o touro (sim, são capazes de aprender, como todos os outros animais, através de estímulos positivos e negativos) a apontar ao corpo e não à muleta, a não reagir às primeiras agressões e esperar que o torturador se exponha cada vez mais, a virar a cabeça de lado no momento do encontro com o forcado? E se, sobretudo, o fizéssemos sem o conhecimento prévio de toureiros e forcados? Aí o desfecho seria seguramente outro e já não seria “justo”.

Basta ver os gestos repetidos e as expressões grotescas de triunfo dos toureiros para perceber o carácter supérfluo, primitivo e inútil da necessidade de um ritual em que o homem pretende demonstrar a superioridade sobre um animal. É fácil de perceber que uma coisa destas ao invés de elevar o homem, bestializa-o.

É ainda importante considerar a própria pertinência de perpetuar um ritual primitivo em que, supostamente, se confrontam a inteligência e a força bruta. Acima de tudo, é um ritual de vaidade, supérfluo e desnecessário. Alegar que tal confronto é uma das essências da tourada é afirmar que o homem precisa de provar que é intelectualmente superior a um animal, o que é verdadeiramente absurdo.

Concluindo: houve inteligência sim, mas a montante, na construção desta sequência. Mas sabemos bem do que a inteligência sem empatia é capaz.

O touro não sofre


Sabemos que é reprovável causar sofrimento por motivos triviais. Mas o que é facto é que o touro tem que sofrer durante o espetáculo com que se deleitam os aficionados.

Por isso parece-lhes melhor defender a ideia absurda de que um animal que sente uma mosca a picar-lhe os flancos, por uma espécie de passe de mágica, numa arena não sente ferros de 8cm de comprimento com um arpão de 4cmx2cm a enterrarem-se-lhe na carne e a dilacerarem-lhe músculos, vasos sanguíneos e nervos.

Para conferir alguma credibilidade a este absurdo, invocam muitas vezes um pseudo- estudo do porf. Illera, que obviamente não conseguiu passar pelo crivo do peer review. E como não conseguiu publicar em revistas científicas, optou por publicar as suas conclusões em revistas tauromáquicas que o acolheram de braços abertos e divulgaram até à exaustão.

Entre os argumentos pseudo-científicos frequentemente associados à alegação de que o touro não sofre, a questão da adrenalina costuma ter um papel de destaque. Dizem que a secreção de adrenalina como elemento inibidor de dor é a prova de que o touro não sofre com as agressões que sofre durante a lide. A auto-contradição é evidente: a secreção de adrenalina ocorre em momentos de claro perigo e tensão e é o mais claro indicador de que o touro está, efectivamente, a sofrer. Senão, a adrenalina não seria sequer necessária.

Puro bom senso.

Controvérsia sobre o sofrimento dos touros 
O touro picado não sente dor - As lérias do prof.Juan Carlos Illera  

domingo, 11 de maio de 2014

- Touradas: Património ou barbaridade?


Walter Benjamin disse que toda a nossa civilização assenta em barbárie. Sendo isso verdade, tendo os humanos baseado a sua civilização em estratégias de domínio e subjugação, será errado querer mudar essa forma de estar no mundo? 
Não me parece. Errado é persistir num modelo profundamente injusto. É tempo de abolição.

O único argumento legítimo e verdadeiro que têm os aficionados, é o de a tourada ser um espectáculo legalizado e, como tal, terem todo o direito a participar. Ponto final porque acabam aí os argumentos válidos. 
O que está na base do movimento anti-touradas não é claramente uma questão de gostos. Os gostos não se discutem. O pior é quando os nossos gostos colidem com a vida ou a integridade física de outros. Gostar é diferente de amar ou respeitar. 
Os que vivem da indústria tauromáquica cuidam dos touros porque vivem da sua exploração; se eles não lhes trouxessem rendimento, duvido que tratassem deles em regime pro-bono. Mas fica o desafio: vamos ver quantos aficionados amam verdadeiramente a raça taurina e se dispõem a cuidar dos exemplares existentes quando acabarem as touradas. Como fazem, por exemplo, as associações de animais por este país fora, que abnegadamente se dedicam a cuidar de cães e gatos abandonados
Outra falácia comum para fugir à discussão séria sobre ética é comparar a vida em liberdade que precede a tortura na arena à vida dos animais em criação intensiva. É claro que a criação intensiva é uma ignomínia, mas não invalida que as corridas de touros não constituam também uma ignomínia. 
A pergunta é simples: é eticamente aceitável criar um animal para o massacrar publicamente e ganhar dinheiro assim? 
Se respondermos sim, abrimos a porta para as lutas de cães, de galos, e até de indivíduos que, por grande carência financeira ou mesmo falta de neurónios, se disponham a entrar num recinto e participar numa luta de morte em jeito de espectáculo. Há quem goste de ver. E se vamos pela quantidade de público a assistir, nada batia os linchamentos públicos nos pelourinhos. Mas isso também acabou; houve uma altura em que passámos a considerar isso um espectáculo incorrecto e imoral.
Passando agora a mais uma das bandeiras frequentemente agitadas: a da extinção do touro bravo. Como muitos dos que lutam contra a existência das touradas são pró-ambientalistas, este parece ser um argumento forte. Parece, mas obviamente não é. O que os ecologistas defendem é a não interferência nos ecossistemas porque há equilíbrios frágeis cuja totalidade das varáveis são desconhecidas e as rupturas imprevisíveis. Não tem nada a ver com o touro bravo. A extinção do touro bravo teria o mesmo impacto ambiental que a extinção do caniche. Podemos lamentá-la, claro, por razões sentimentais, mas não afectam em nada os ecossistemas. E se falamos de ambiente, as herdades onde se faz a criação extensiva de touros podiam dar lugar a montados de sobro e plantação de oliveiras. Temos um clima e um solo excelentes para a produção de azeite e cortiça e não somos autónomos na questão do azeite, o que nos traria ganhos financeiros e mais independência económica. Os toureiros, se quisessem reconverter-se, podiam ir para a apanha da azeitona com as suas calcinhas justas e a jaqueta de lantejoulas; não seria prático mas dava uma nota de cor aos campos nessa altura do ano.
por Cristina D'Eça Leal

O vídeo da promoção do Prós e Contras.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Touradas. Uma tradição pelo país fora mas "sem margem de lucro"


As touradas e corridas "têm tendência para acabar."

Viana do Castelo volta a viver a polémica à volta da proibição de uma tourada. O i foi à procura do impacto de um negócio que sempre dividiu mais do que uniu.

Às touradas por causa dos touros.
O trocadilho é repetitivo e fácil de montar, mas ajuda a descrever uma guerra, que tem em Viana do Castelo a sua mais recente batalha. E logo no primeiro concelho do país a assumir-se como "antitouradas": em 2009 aprovou uma declaração para obrigar qualquer organizador a pedir-lhe autorização para realizar um espectáculo com animais. Logo, uma tourada ou corrida de touros. Mas a Prótoiro (Federação Portuguesa das Associações Taurinas), pelo segundo ano consecutivo, resolveu, sem consultar a autarquia, agendar uma tourada para a cidade. No meio do finca-pé entre a autarquia de Viana do Castelo e a associação - que vai durar, pelo menos, até 18 de Agosto, data da corrida - está a logística de um negócio que já pode "ter os dias contados".

O presságio é carregado pela voz de Joaquim Pinta Negra. Do outro lado da chamada, sempre vazia de alegria, nota--se o conformismo de quem passou "os últimos 40 ou 50 anos" a organizar corridas e touradas, a grande maioria na região de Torres Vedras. Responde com um "não" misturado entre risos quando queremos identificá-lo como empresário tauromáquico. Organizador de touradas então? "Pode ser." É o único momento descontraído da conversa, até Joaquim traçar com pessimismo o caminho onde hoje vê a tauromaquia em Portugal.

As touradas e corridas, lamentou, "têm tendência para acabar." Uma análise ao número de espectáculos tauromáquicos realizados em Portugal desde 2000 não afasta esta previsão. No ano passado realizaram-se 274 eventos no país, de acordo com os números da Associação Portuguesa de Criadores de Toiros de Lide (APCTL). Nos últimos 12 anos, aliás, só 2007 ficou como a excepção à regra - de resto, o número de espectáculos diminuiu sempre face ao ano anterior.

Sinal de que o interesse na tauromaquia está a diminuir, ou um reflexo da própria crise financeira do país? O último relatório da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), datado de 2011, mostra que, nesse ano, cerca de 660 mil pessoas assistiram a espectáculos tauromáquicos em Portugal. Em 2012, o número caiu para os 533 mil, segundo dados contabilizados pela APCTL. O IGAC, entidade tutelada pela Secretaria de Estado da Cultura, ainda não publicou o seu relatório de actividades referente a 2012.

Os números por si só não esclarecem a questão, mas Joaquim já opta pelo pessimismo. "Todos temos os dias contados: as ganadarias estão à rasca, muitas a fechar ou a reduzir efectivos, e os toureiros não têm dinheiro para os cavalos", previu. A conversa, por fim, acaba por chegar às touradas. Este ano, só entre Maio e Setembro da temporada tauromáquica, estão agendadas 84 touradas em Portugal. Lisboa, com 12 espectáculos, é o distrito mais concorrido, seguido de Santarém (11) e Évora (10). Só três dos 18 distritos do mapa não tinham qualquer corrida prevista nestes cinco meses.

Muitos destes espectáculos aterram em praças móveis e desmontáveis, espalhadas por localidades que nem sempre contam com arenas fixas. Os custos, como tudo, variam. Uma corrida montada numa destas praças fica à volta dos 25 mil euros? "Se tiver bons nomes [de cavaleiros], uma coisa com nível, ficará pelo menos no dobro", corrige Joaquim, ao responder, entre risos, à quantia sugerida pelo i à primeira tentativa. "É sempre muita despesa, muita mesmo", desabafa.

AS DESPESAS
As primeiras começam logo com as obrigações legais, definidas pela IGAC. A tabela de serviços da entidade obriga a cada corrida de touro o pagamento de 1077,30 euros de taxa "até cinco dias úteis antes do espectáculo". O montante varia depois consoante o tipo de actividade tauromáquica em questão: entre novilhadas (887 euros), variedades taurinas (760 euros) e novilhadas populares ou festivais taurinos (443 euros).
Além da taxa, o recinto da tourada terá sempre de ser sujeito a uma vistoria, executada por delegados da IGAC. Caso se trate de uma arena com capacidade superior a mil lugares, esta despesa nunca será inferior a 373 euros. Só em obrigações com a tutela, portanto, uma tourada implica o pagamento de quase 1500 euros. E fica a faltar o resto - os custos com delegados técnicos tauromáquicos (da IGAC), policiamento, serviços de bombeiros, ambulâncias, touros (e o seu transporte), promoção do evento e até direitos de autor das músicas tocadas no recinto. "Uma corrida nunca fica por menos de 25 mil euros", esclarece Hélder Milheiro, membro da comissão executiva da Prótoiro, actualmente ocupado em organizar a (prevista) tourada de Viana do Castelo, antes de acrescentar que, em média, são necessárias 175 pessoas para montar e preparar um recinto. Isto quando a tourada é acolhida por uma praça móvel. Passar a conversa para o Campo Pequeno, a praça lisboeta com capacidade para cerca de 10 mil pessoas, dá logo direito a inflacionar os números.

SEM LUCRO 
Neste caso, só em encargos fixos, uma tourada implica um custo a rondar os 20 mil euros. Já o policiamento, bombeiros e ambulâncias, juntos, correspondem a quase 1500 euros. "Há encargos muito grandes, [por isso] não há grande margem de lucro", confessa ao i fonte da organização de espectáculos da praça. Algo compreensível quando alguns dos artistas e cavaleiros de maior renome no país "chegam a pedir quase 25 mil euros" para actuarem como cabeças de cartaz nas maiores corridas do ano.

O cachet reservado aos artistas ocupa mesmo uma das fatias mais dispendiosas dos gastos ligados às touradas. E depende de factores "que podem ir desde a distância [da residência do cavaleiro] à praça, da simpatia do toureiro por uma localidade ou da força que este tenha para meter gente" na arena, como enumerou ao i Hugo Ferro, da Associação Nacional de Toureiros.

A quase ausência de lucros é uma queixa também partilhada por quem se dedica a criar animais com destino marcado à nascença. "Neste momento gastamos mais dinheiro a criar um touro do que ganhamos a vendê-lo", revelou João Santos Andrade, presidente da associação que congrega os criadores de touros de lide. Até chegar à praça, cada animal implica, "em números redondos", um investimento entre os 1000 e os 1500 euros dividido entre custos com ração, veterinária ou manutenção de infra-estruturas. "No mínimo", explicou o dirigente, criar um touro demora "três ou quatro anos", até ser vendido por uma verba a rondar "quase sempre" os 1500 euros. As contas, portanto, são fáceis de fazer. "Não há ganhos nenhuns, de uma maneira geral estamos sempre a perder dinheiro. Isto funciona mais como uma tentativa de manter a tradição e o negócio", admite, por fim, João Santos Andrade.

Manter o negócio e a tradição custa, e só o gosto pelo tauromaquia parece ir aguentando quem lida diariamente com o meio. "Se fizéssemos touradas com a intenção de pôr dinheiro na algibeira, era impossível", confessou Joaquim Pinta Negra, ao introduzir a missão a que hoje se dedica - a de "fazer um espectáculo com qualidade" para "a receita ir toda parar" a instituições de solidariedade.


No caso da "Corrida da Liberdade" de Viana do Castelo, porém, a questão está antes presa na legalidade do evento. Hélder Milheiro, da Prótoiro, nem coloca em causa a realização da tourada agendada para 18 de Agosto. "Do ponto de vista legal, é à IGAC que compete autorizar a corrida. Nenhuma autarquia em Portugal tem poder para proibir uma corrida", argumentou, ao classificar o problema como "puramente administrativo".

O dirigente defendeu que o projecto de "antitouradas" da autarquia "nunca chegou a ser aprovado em Assembleia Municipal" e "vai contra a lei que regula o bem-estar animal", já que esta "admite a tauromaquia como excepção". Até porque, prosseguiu o dirigente, os municípios "governam para o bem público e de acordo com aquilo que a comunidade deseja."

Em 2011, um inquérito realizado a 1133 pessoas pela Eurosondagem, em parceria com a Prótoiro, mostrou que 32,7% dos inquiridos era aficionado de espectáculos taurinos, enquanto 32,8% não gostava, embora também "não concordasse com que se tirasse a liberdade a quem gosta de assistir a actividades com toiros."

Fonte www.ionline.pt

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O percurso do cavalo usado para toureio

Por: Dr. Vasco Reis (médico veterinário aposentado)

Como animal de fuga que é, procuraria a segurança, pondo-se à distância daquilo de que desconfia ou que considera ser perigoso.

No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com os ferros na boca, mais ou menos serrilhados, puxados pelas rédeas e actuando sobre as gengivas (freio; bridão - com accção de alavanca, ambos apertados contra as gengivas por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior– barbela), coisas muito castigadoras. É incitado pela voz do cavaleiro e por outras acções, chamadas hipocritamente de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas.

Ele é impelido para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro ou a ser parado por tracção nas rédeas.

Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca.
Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso.

É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem estar.

Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.





quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O maior problema...


"O maior problema dos animais somos nós, os humanos. Os que os maltratam e massacram, por razões óbvias. São inimigos deles. E nós, os que os defendemos, porque não nos entendemos sobre como o fazer, e nos tornamos também um problema para eles"

domingo, 21 de outubro de 2012

A decadência da tauromaquia

Praça de touros de Tijuana
La decadencia de la tauromaquia

'Agoniza, en declive y herida de muerte'', éstas serían las palabras con las que, a día de hoy, se definiría la situación de la tauromaquia en España. Unas palabras que empiezan a oírse de los propios ganaderos, empresarios, periodistas, críticos taurinos, aficionados y toreros.
La conciencia social, la apatía de los aficionados taurinos, la falta de dinero,  la fuerte crisis que golpea a España, y la voluntad de algunos Ayuntamientos están haciendo que hoy la tauromaquia esté mas que nunca al borde del precipicio.
Desde el año 2007, los festejos taurinos han descendido un 47% en toda España. Los ganaderos ya destinan más reses al  matadero que a las plazas de toros y cuentan día tras día con enormes pérdidas económicas por lo que ya  se plantean seriamente la alternativa de los mataderos como única vía de escape.

La herida abierta por Cataluña en el año 2010 prohibiendo las corridas de toros, lejos de cicatrizar, se hace mas profunda a medida que las organizaciones en defensa de los animales con el apoyo de mas del 73% de la población siguen trabajando para abolir una cruel tradición digna de un pueblo primitivo.

Dos años después de su prohibición en Cataluña, parece que le llega el turno a San Sebastián donde su alcalde quiere poner fin a esta atrocidad y de este modo no derramar mas sangre inocente en las arenas de sus plazas.

 "El sufrimiento de los animales no debe convertirse en un espectáculo público" , dijo el alcalde Juan Carlos Izaguirre.

No deja de llamar la atención que con un país al borde de pedir el rescate financiero, se malgasten mas de 500 millones de euros en festejos taurinos y que a pesar de usar la palabra austeridad , muchos Ayuntamientos siguen endeudándose año tras año celebrando corridas de toros en plazas cada vez mas vacías.
A pesar de que un 73% de la ciudadanía esta en contra o le es indiferente la tauromaquia, el Gobierno central hace oídos sordos al grito unánime de la población que pide el fin de de la tortura y muerte de miles de toros cada año en nuestro Estado.
La tauromaquia sobrevive  gracias a  los intereses  privados de algunos políticos, al endeudamiento de los Ayuntamientos, al regalo masivo de entradas a los centros escolares de algunas comunidades y al engaño de los turistas. A estos últimos se les vende un espectáculo de danza entre un toro y un caballo, en el que en ningún momento hay maltrato hacia el toro. Una vez iniciado el festejo, salen horrorizados, con lágrimas en sus ojos por lo que están presenciando.

La organización internacional por la defensa de los animales AnimaNaturalis seguirá trabajando para que en un futuro cercano esta mal llamada "fiesta nacional" acabe por abolirse en todo el estado y deje de avergonzar a la mayoría de los ciudadanos que no quieren que se les identifique con dicha atrocidad.

Guillermo Amengual, coordinador para España de la 'Campaña Antitauromaquia'.
http://animanaturalis.org/p/1584

Encerramento da temporada 2012 no Cartaxo

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Algarve pela Abolição da Tauromaquia: Garraiada da polémica

Temos a nossa primeira vitória!O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, Engenheiro Macário Correia garantiu ao AAT hoje, dia 24 de Setembro de 2012, NÃO AUTORIZAR a Garraiada da Semana da Recepção ao Caloiro em Faro. O AAT, em nome do movimento de cidadania dos abolocionistas da tauromaquia, louva a coragem política deste autarca, elevando a história da cidade de Faro a uma cidade LIMPA DE TAUROMAQUIA!!!!!!!!!


Em nome do CAPT, queremos congratular o AAT pelo seu empenho e dedicação na erradicação da tauromaquia no Algarve, Faro e em Portugal! Muitos parabéns. Pequenos passos levam-nos a grandes vitórias! Deixamos aqui também um agradecimento especial ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Faro, Engenheiro Macário Correia pela audácia e apoio nesta luta tão importante para Portugal e para a evolução deste país. Bem hajam!

CAPT - Campanha Abolicionista da Tauromaquia em Portugal
Movimento Português pela ABOLIÇÃO da tauromaquia em Portugal e no Mundo! 


Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas no concelho


Macário diz que touradas não são bem vindas a Faro



Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas em Faro


Macário Correia cancela garraiada e declara que touradas não são bem-vindas no concelho de Faro



Faro: Presidente Macário Correia não autoriza "Garraiada" da semana recepção ao caloiro

25-09-12
“ O Algarve pela Abolição da Tauromaquia” (AAT), é um grupo de cidadãos cuja missão é a luta pela abolição das “corridas de touros”, touradas, vacadas, largadas, rodeos e afins ou de qualquer outro tipo de manifestação da chamada “tradição tauromáquica” no Algarve. 

O AAT diz num comunicado que teve conhecimento de que estava agendada uma “garraiada” na semana de recepção ao caloiro para esta quarta-feira dia 26 de Setembro, actividade da Associação Académica de Estudantes da Universidade do Algarve.

Posto isto, e no seguimento do trabalho do AAT desde 2011, foi feito um pedido ao autarca farense Macário Correia para a não autorização da mesma.

Hoje foi confirmado ao AAT que Macário Correia não deu autorização para esta prática.

Além disso o AAT confirma no mesmo comunicado que as licenças necessárias à garraiada não foram pedidas, sublinhando, assim, a ignorância dos grupos académicos, que mais deveriam ser de formação superior: “graças a ela uma vaca bebé não vai ser “garraiada” ao belo prazer de um grupo de pessoas que de “formação superior” deixam tudo a desejar”.

O AAT propõe ainda à Associação Académica da Ualg “dignar-se” a fazer uma actividade de angariação de fundos a reverter às organizações que em Faro tanto fazem para a manutenção do bem estar de inúmeros animais. 



«Garraiada» que já não ia decorrer causa grande polémica em Faro

A «Garraiada» da Receção ao Caloiro da Associação Académica da Universidade do Algarve, que se devia realizar esta quarta-feira, esteve envolta em polémica, mas nunca chegou sequer ao pedido de licenciamento.

Tanto a AAUAlg, como o presidente da autarquia, confirmam que tudo não passou de uma intenção, nunca formalizada, apesar de constar do programa do evento. Os estudantes também frisaram que a iniciativa nada tinha que ver com uma tourada, não envolvendo derramamento de sangue.

Segundo a Associação Académica, «foram iniciadas as diligências necessárias para criar condições legais para o referido evento, tendo em especial atenção o cuidado pela seleção da empresa que iria transportar as vacas e com as questões do respetivo licenciamento».

«Contudo, não estando todas as condições reunidas, a AAUALG não entrou sequer com qualquer pedido formal junto da Autarquia para o licenciamento do evento», acrescentou.

O presidente da Câmara de Faro Macário Correia confirmou ao Sul Informação que nunca houve pedido de licenciamento. «Quando me apercebi que isso estava agendado, falei com eles [dirigentes da AAUAlg], que acharam por bem não avançar, dada a polémica que envolve o tema», referiu.

Elogiando a postura do presidente da AAUAlg Pedro Barros, que considerou ser «uma pessoa muito aberta e interessada em fazer a aproximação dos estudantes à cidade», Macário Correia adiantou, ainda assim, que «se tivesse sido feito o pedido, não o autorizava, por ser um assunto controverso».

Quanto ao facto de ter autorizado espetáculos tauromáquicos enquanto presidente da Câmara de Tavira, Macário Correia assegurou que foram «mínimos». «Houve muitos que desaconselhei a fazer. Aprovei alguns de caráter lúdico, mas de sangue muito poucos», referiu. «Tinha, de resto, um acordo com a associação para a diminuição dos mesmos», revelou.

A AAUAlg, por seu lado, frisou que este é um espetáculo de características lúdicas, «que promove o espírito de união e entreajuda entre os caloiros e os seus académicos, não contendo qualquer “crime” de sangue para com os animais eventualmente utilizados, pois a “Garraiada” não é uma Tourada».

«Assim, a AAUALG repudia as declarações das associações de Defesa do Animais, em virtude de nunca antes terem tido a coragem de contactar diretamente a Associação Académica ou os seus dirigentes, realizando juízos de valor sobre pessoas e instituições sem qualquer tipo de fundamento», rematou.


Defensores e detratores das touradas também já se pronunciaram

As notícias que vieram ontem a lume sobre uma decisão do presidente da Câmara de Faro de proibir a realização de uma Garraiada no concelho foram bem recebidas pelas associações anti-tourada. Mas a reação dos que apoiam esta tradição não se fez esperar, com a associação Prótoiro a acusar o autarca de procurar protagonismo, numa altura em que se arrisca a perder o mandato.

Segundo o jornal “i”, que cita um comunicado que lhe foi enviado pela associação pró-tourada, esta acusa Macário Correia de «sobrepor-se à liberdade» dos munícipes, que «deixará de representar». «A Prótoiro repudia veementemente este ataque à liberdade dos cidadãos, neste caso estudantes, de poderem usufruir de uma manifestação cultural tauromáquica de caráter popular, tão enraizada nas nossas comunidades estudantis», disse ainda a associação.


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Depoimentos...

 Estão sempre a dizer para nos calarmos, argumentando que a porcaria em que participam directa ou indirectamente está salvaguardada pela lei e por uma qualquer distorcida "lei dos gostos e das opiniões" e tentando também dissuadir-nos na luta dizendo que só estamos a ajudar à porcaria da festa. Não, vamos deixar que as pessoas sejam expostas passiva e acriticamente, ainda por cima em ambiente festivo de tortura, que propicia e bem ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos, sem as expor a uma visão oposta. Claro, e depois sempre com as lamúrias de que não querem que isto seja uma ditadura. Que isto seja uma ditadura querem os senhores, que mais não queriam que tudo encarneiradinho a participar na porcaria das vossas festas sanguinárias, a fazer fila para comprar os vossos bilhetes sujos! E depois dizem para irmos viver para o Peru e ainda aproveitam as condições desfavoráveis do país noutros aspectos sócio-económicos, ainda que seja claramente muito melhor viver pobre e sem compactuar culturalmente na tortura de animais do que ser pobre e, além disso, fazê-lo. Que ridicularidade! Mas dizem para irmos para um país livre de touradas e não vermos simplesmente, como se a nossa consciência deprimisse sem o estímulo visual, como as suas mentes condicionadas deprimem a transmissão do impulso nervoso pelo nervo óptico, para não conseguirem enxergar a valente merda que fazem quando participam num espectáculo bárbaro! Até podiam pegar na gente aficcionada toda e formar uma nação isolada e dizer que não tínhamos nada que ver com as suas tradições culturais, que não tínhamos nada que interferir nas suas expressões culturais! Pois, só que os animais, infelizmente para suas insolências, não existem para servir sob um país ou os interesses humanos. Isso é coisa do passado. Hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico, não é justificável que os animais continuem a servir o homem, ou a prestar juramento a uma bandeira ou ao cifrão, quase como regime militar obrigatório. É ridículo e é arcaico. Estão também sempre com a história de que quem é contra é porque não conhece as touradas e arroga conhecimento. Eu não preciso de saber que gás usavam no extermínio de judeus ou que pão lhes davam de comer nos campos de concentração ou que armamento os obrigavam a produzir para o exército alemão para saber que foi uma calamidade que teve que ser terminada, ainda que pela força. A única coisa que eu prefiro de saber é que é um espectáculo que promove maus tratos a animais, humilhação, agonia, desespero, obrigando-os a participar neste delírio psicopata! Não preciso de saber mais nada. Tradição, história? A evolução suplanta tudo isso! A história da humanidade é como a história de qualquer pessoa individual, serve para aprender com os erros do passado e alterar a conduta para algo que promova a coerência e a integridade! Já Leonardo Da Vinci, no século XV, defendia os animais. Mas tal como na sua época, as suas invenções e visão do mundo no geral eram demasiado avançadas para a mentalidade rústica que imperava, talvez quase 6 séculos depois! algumas das suas ideias sejam grandes demais para caber na cabeça de muita gente, infelizmente. Mas não se preocupem, que este espectáculo decadente há-de acabar, quando se educarem as crianças para o respeito absoluto da vida alheia, sem descriminação de espécie, e não se permitir que elas sejam mais expostas a violência contra animais em ambiente depressor da sensibilidade! As touradas, como outras actividades que constituem verdadeiros atentados à dignidade da vida animal e à sua plena expressão em ambiente natural, e uma afronta tão ignominiosa que faz nutir asco à inteligência e à integridade do homem moderno! Eu até acho ridículo que em tantos sítios se pondere sequer resolver isto por meio de referendos. Também foi preciso fazer um referendo para consagrar na lei a proibição de matar, maltratar ou torturar um ser humano? Ou somos suficientemente atrasadinhos para isso? Então, porque raio é preciso atender a lobbies para decidir isso? Decidir democraticamente vidas, não é democracia alguma. A vida tem um valor intrínseco infinitamente superior a qualquer sistema político ou social! Deixemos de ser ridículos. Postos de trabalho? Mas agora vamos justificar imoralidades com base em questões económicas? É o dinheiro que dita o valor ou a extensão de uma vida? Até dá vómitos pensar isso! Se a Igreja de um dia para o outros começasse a ter problemas financeiros e descobrisse que se restaurasse os autos-de-fé até teria suficiente assistência para reequilibrar as suas finanças seria legítimo fazê-lo?! Quanto parvoíce vai para aqui... E sim, é mais do que óbvio que os espectáculos estão a decair em assistência. Até porque, sabem que mais, prefiro gastar 6 € ou 8 € até que sejam a ver um bom filme durante 2 horas do que a gastar um balúrdio descomunal para compactuar nos maus tratos a seres sencientes! Mas onde é que está a dúvida? O que raio é que as torturas ensinam? A ser-se cobarde? A ser-se exibicionista? A fazer depender a sua felicidade de reputação da violência contra seres que não se podem defender? Também se sentem bem a bater em mulheres e crianças, se tiverem uma plateia a aplaudir-vos? Enfim, enfim...

Eu compreendo perfeitamente que uma má formação pessoal e influências culturais negativas e persistentes possam inculcar uma visão dos animais como meras coisas, utensílios do ser humano, utensílios de caça, de divertimento, de palhaçada, de testes ridículos. Apenas peço que uma vez na vida parem para pensar que se calhar o mundinho iludido em que vivem de superioridade incontestável da vida humana sobre a animal, não passa disso mesmo, de uma ilusão inculcada culturalmente.
por Ricardo Lopes

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Intelectuais contra as touradas

(...) um cartaz sem data, mas provavelmente de meados do século passado (foi visado pela Comissão de Censura), no qual várias personalidades portuguesas se pronunciavam sobre touradas, a convite da Sociedade Protectora dos Animais.

(..) esse cartaz (..) transcrevia posições antigas contra as touradas que se tornaram actuais (...) transcrevo alguns dos depoimentos de intelectuais portugueses da época que nele constam:

"Os espectáculos bárbaros e cruéis, em que o prazer dos espectadores está precisamente na contemplação do martírio e, porventura, na agonia dos animais sacrificados, em que se integram as corridas de touros, o tiro aos pombos e os combates de animais uns contra os outros, devem ser banidos de todas as sociedades com pretensão a civilizadas".
Pedro José da Cunha, 
Professor e Antigo Reitor da Universidade de Lisboa
"Sou contra os 'touros de morte' como teria sido contra os bárbaros combates dos circos romanos, em que os homens eram atirados às feras. Não posso concordar, portanto, com que se atirem, nos nossos circos, as pobres feras aos homens!"
Leal da Câmara,
 Professor e Pintor de Arte
"Como homem e como professor não posso deixar de lhes enviar a minha mais completa e entusiástica adesão ao protesto levantada pela Sociedade Protectora dos Animais contra um espectáculo indigno do nosso tempo, da nossa mentalidade, da nossa civilização".
Aurélio Quintanilha, 
 Professor da Universidade de Coimbra
"A multidão desvairada das praças de touros é a mesma multidão odiosa das arenas de Roma, é a mesma multidão que nas madrugadas das execuções se proscreve dos leitos para ir contemplar, numa bestialidade repugnante, o dos condenados à morte a contorcer-se no garrote ou na forca, a cabeça dos decapitados dependurando-se sangrenta, clamando vingança, não das mãos delicadas, da filha de Herodíades, mas sim das mãos imundas, indignas do carrasco."
Ferreira de Castro, 
Escritor 


 (...)
 Seria hoje possível encher um cartaz com depoimentos semelhantes de intelectuais portugueses?

Fonte: De Rerum Natura

sábado, 15 de setembro de 2012

Porque é que há gente aficcionada e se mantém fiel à tradição?

Deve haver muito tribalismo. Marias e Manéis são criados no ambiente tauromáquico desde a infância, absorvem a cartilha e vão com os outros e as outras. São alvo da influência e evitam pensar, interessar-se, terem coragem em discordar e mudar, mesmo que vacilem e reconheçam que há sofrimento dos animais. Mas seria difícil discordar, seria incómodo, provocaria zanga e arriscaria acusação de traição e castigo por parte da multidão. 

Com certeza, que reconhecem sofrimento da parte dos animais, mas mais forte do que compaixão será o gosto pelo "espectáculo", pela "festa das pessoas (claro que os animais não festejam, pois sofrem)", a presunção, a cumplicidade, o companheirismo, a confraternização, mais ou menos embriagada e embriagadora. 

Para essa onda, então que se lixe o sofrimento dos bichos, quando a tourada é tão "entusiasmante"?

Trata-se, pois, de defender o espectáculo, a tradição, o negócio, a facturação dos “artistas”, as "admiráveis qualidades" da tauromaquia e os "feitos culturais, virtuosos e admiráveis dos artistas tauromáquicos" e as barrigadas de gozo que as touradas proporcionam?

Penso que cartas abertas críticas e didácticas dirigidas ao lobby pouco influência terão na evolução desta mentalidade, mas deverão ter um ricochete importante e levar o público em geral a tomar conhecimento e a reflectir sobre a realidade da tauromaquia. Pouco esforço exigem, pois os argumentos dos críticos da tauromaquia são óbvios. Penso que devem ser frequentes e variadas.
Provavelmente, até provocarão respostas dos aficcionados, que representem tiros nos próprios pés.

Vasco Reis
médico veterinário aposentado
Aljezur

Touradas V

Cultura é tudo aquilo que contribui para tornar a humanidade mais sensível, mais inteligente e civilizada. A violência, o sangue, a crueldade, tudo o que humilha e desrespeita a vida jamais poderá ser considerado "arte" ou "cultura". A violência é a negação da inteligência.
Uma sociedade justa não pode admitir actos eticamente reprováveis (mesmo que se sustem na tradição), cujas vítimas directas são milhares de animais.
É degradante ver que nas praças de touros torturam-se bois e cavalos para proporcionar aberrantes prazeres a um animal que se diz racional.
Portugal não se pode permitir continuar a prática do crime económico que é desperdiçar milhares de hectares de terra para manter as manadas de gado, dito bravo. A verdade é que são precisos dois hectares de terreno, o equivalente a dois campos de futebol, para criar em estado bravio cada boi destinado às touradas. Ora isto é tanto mais criminoso quando Portugal é obrigado a importar metade da alimentação que consome. Decerto os milhares de hectares desperdiçados a tentar manter bois em estado bravio, produziriam muito mais útil riqueza se aproveitados em produção agrícola, frutícola, etc.
Uma minoria quer manter as touradas e as praças de touros, bárbara e sangrenta reminiscência das arenas da decadência do Império Romano. De facto nas arenas de hoje o crime é o mesmo: tortura, sangue, sofrimento e morte de seres vivos para divertimento das gentes das bancadas. Como pode continuar tamanha barbaridade como esta, das touradas, no século XXI?
Só pode permanecer como tradição o que engrandece a humanidade e não os costumes aberrantes que a degradam e a embrutecem.

Não seja responsável pela tortura.
Não assista a touradas!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Apelo contra a transmissão televisiva de touradas e contra a publicidade tauromáquica

Apelo fundamentado em conhecimentos científicos irrefutáveis.

Exmos. Srs.,

Dirijo-me a V.Exas apoiado em conhecimentos científicos irrefutáveis, que me motivam e cuja revelação deve influir didacticamente em quem tenha capacidade de compreensão. Nesse sentido, permitam-me recordar que:

"Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa, ausentes nas plantas. Portanto, medo e dor são essenciais e condições de sobrevivência.
A ciência revela que a constituição anatómica, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
Eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto, ao prazer e à dor.
Descobertas recentes confirmam que animais, muito para além de mamíferos, aves, polvos, são seres inteligentes e conscientes. O senso comum apreende isto e a ciência confirma."
É inegável que touradas provocam enorme sofrimento a touros e cavalos. É lastimável que empresa apoiem isso.

Venho, por este meio, apelar à RTP e à TVI para que deixem de emitir touradas, e à SIC - a quem muito agradeço por ter deixado de as emitir -, para que jamais retroceda nesta matéria.
Venho, igualmente, apelar aos anunciantes da televisão para que se dissociem por completo da tauromaquia, nomeadamente, tomando todas as medidas para que, em circunstância alguma, os spots publicitários das suas campanhas sejam difundidos no intervalo imediatamente anterior ou em interrupções comerciais de qualquer espetáculo tauromáquico televisionado.
Incluo nos destinatários desta mensagem algumas agências de meios, para que também estas saibam que, embora me recuse terminantemente a assistir a atos de crueldade contra animais, vou tendo conhecimento de quais as marcas que não se estão a dissociar dos blocos de publicidade supra referidos, por intermédio de materiais como estes: http://youtu.be/fBnf-z9Ze78 e https://www.facebook.com/photo.php?fbid=452671758099726&set=a.454703424563226.106105.215151238518447&type=3&theater. E se até há pouco tempo, não sabia quais as marcas implicadas, agora que sei, qualquer aparição das mesmas me transporta mentalmente para cenários de sangue, dor, sofrimento, agonia e morte, fazendo-me perder completamente a vontade de as utilizar/consumir.
Gostaria muito que todas as estações de televisão nacionais, ao invés de transmitirem espetáculos violentos e deseducativos como as touradas, optassem por dar o seu contributo para que Portugal seja um país onde as crianças e os jovens sejam, desde cedo, ensinados a respeitar os animais e a natureza. Gostaria também que as restantes organizações a que ora me dirijo, tivessem presente que são co-responsáveis pela sociedade em que estão inseridas, e deixassem de promover as suas marcas nos espaços em causa, por uma sociedade civilizada. Por um Portugal mais modernos e progressista que não admita espetáculos de crueldade contra os animais.
Agradecendo pela atenção dispensada e ficando na expectativa de uma resposta, que espero que seja positiva, a esta minha mensagem,

Com os melhores cumprimentos,
Vasco Manuel Martins Reis, médico veterinário
Aljezur