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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Corrida com anões reacendeu debate sobre touradas


"Partidos contornam o assunto nos programas eleitorais, apenas Bloco de Esquerda e o PAN se referem publicamente às touradas.

Na semana passada um movimento pró-tourada de Viana do Castelo cancelou uma corrida com anões por o tribunal ainda não ter decidido a providência cautelar que interpôs para contestar o indeferimento municipal à instalação de uma praça amovível na cidade. Um tribunal de Braga acabaria, também, por não autorizar a construção da praça.

Esta notícia trouxe de volta a polémica em torno da tauromaquia, com algumas vozes a apelarem ao fim da “barbárie da tortura dos animais para gáudio do sadismo público”, como o caso de Vital Moreira.

“Decididamente quando é que, perante a cobarde omissão do legislador, um tribunal tem a coragem de proibir estes espetáculos de degradação humana em nome da proteção constitucional da dignidade humana?”, indagou o ex-eurodeputado do PS, através do blogue Causa Nossa.

Gabriela Canavilhas, ex-ministra da Cultura, adiantou ao jornal i que o PS não tem uma posição oficial sobre o assunto mas deixou claro que, a título pessoal, é contra as touradas.


Carta Aberta a Gabriela Canavilhas(***)

No entanto recorda que “80% dos portugueses não é a favor da extinção” desta prática e que, portanto, como a “esmagadora maioria dos portugueses está de acordo, não há razão para que seja posta em causa”.

Recorde-se que só o Bloco de Esquerda e o PAN se referem às touradas no programa eleitoral para as legislativas de 4 de outubro. Os outros partidos evitam a polémica."

http://www.noticiasaominuto.com/pais/439916/corrida-com-anoes-reacendeu-debate-sobre-touradas



"Viva la muerte" 
Manuel António Pina

Só nos faltava esta: uma ministra da Cultura para quem divertir-se com o sofrimento e morte de animais é... cultura. Anote-se o seu nome, porque ele ficará nos anais das costas largas que a "cultura" tinha no século XXI em Portugal: Gabriela Canavilhas. É esse o nome que assina o ominoso despacho publicado ontem no DR criando uma "Secção de Tauromaquia" no Conselho Nacional de Cultura. Ninguém se espante se, a seguir, vier uma "Secção de Lutas de Cães" ou mesmo, quem sabe?, uma de "Mutilação Genital Feminina", outras respeitáveis tradições culturais que, como a tauromaquia, há que "dignificar". O património arquitectónico cai aos bocados? A ministra foi ali ao lado "dignificar" as touradas. O património arqueológico degrada-se? Chove nos museus, não há pessoal, visitantes ainda menos? O teatro, o cinema, a dança, morrem à míngua? Os jovens não lêem? As artes estiolam? A ministra foi aos touros e grita "olés" e pede orelhas e sangue no Campo Pequeno. Diz-se que Canavilhas toca piano. Provavelmente também fala Francês. E houve quem tenha julgado que isso basta para se ser ministro da Cultura...

(***)Carta Aberta a Gabriela Canavilhas

MOVIMENTO INTERNACIONAL ANTI-TOURADAS
INTERNATIONAL MOVEMENT AGAINST BULLFIGHTS
MOVIMIENTO INTERNACIONAL ANTITAURINO
MOUVEMENT INTERNATIONAL ANTI CORRIDAS
www.iwab.org
IMAB@iwab.org

Exma. Senhora Deputada,

Aquando das suas declarações, em representação do grupo parlamentar do PS, relativamente à discussão da petição pela Abolição das Corridas deTouros em Portugal, foi proferida por si uma frase que consideramos espantosa. Se a memória não nos engana, a senhora afirmou e passamos a citar: "As touradas não foram instituídas nem por decreto nem por despacho e não devem ser abolidas nem por decreto nem por despacho". Astouradas não foram instituídas por decreto ou por despacho assim comomuitas outras actividades não o foram, no entanto a crer nos historiadores deste país, as touradas mesmo não tendo sido instituídas por decreto ou por despacho foram proíbidas por decretono reinado de D. Maria II.
O decreto do Governo de Passos Manuel (de 19/IX/1836) proibiu "em todo o reino as corridas de touros considerando que são um divertimento bárbaro e impróprio de nações civilizadas, e bem assim que semelhantes espectáculos servem unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade".

A história está cheia de costumes/tradições (direito consuetudinário) que não foram instituídos por decretos, mas que foram proíbidos pordecreto/despacho. O que ontem era aceitável mesmo sem lei, hoje não o é e por isso temque ser proíbido ou regulado por lei.
É comum a afirmação que as mulheres são seres mais sensíveis aocontrário dos homens. Não vamos discutir se tal afirmação é ou não veraz, no entanto podemos afirmar que no que a si respeita, a senhora não demonstra qualquer sensibilidade ou empatia quando se trata de outros seres que sofrem tal como nós. A sua frieza e o seu comportamento provam que a senhora não sente o mínimo de compaixão por ninguém. Não se sinta orgulhosa do seu discurso no parlamento porque se os taurófilos o consideram brilhante e já agora nas palavras deles leal, todas as outras pessoas sensíveis e empáticas consideram-no patético e desprezível. A senhora não foi eleita para defender os interesses de uma minoria, neste caso os taurófilos, mas sim para defender os interesses da maioria dos seus eleitores. Será que aqueles que a elegeram defendem touradas? Uma minoria talvez. Mas teria a senhora sido eleita se fosse isso que tivesse para lhes oferecer? Temos a certeza que ninguém a elegiria se soubesse que a senhora iria defender o indefensável.

As suas declarações são falaciosas quando afirma que a tauromaquia não recebe subsídios e é totalmente independente do Estado e são vergonhosas quando fala em liberdade e tolerância. A indústria tauromáquica recebe milhões de subsídios dos organismos públicos destepaís e da UE e não adianta negar. Como exemplo o Governo Regional dos Açores entregou entre 2004 e 2010 mais de 2.700.000,00 milhões de euros a essa mesma indústria. É algo que a senhora deverá saber uma vez que foi entre 2008 e 2009 directora geral da cultura do Governo Regional dos Açores. Quanto à liberdade e tolerância que liberdade minha senhora? A liberdade de uns quantos se regozijarem com a torturade um ser senciente? A tolerância de continuar a permitir um espectáculo que permite a tortura de animais? Minha senhora a sua liberdade e tolerância terminam no momento em que outro ser é impedidode ter a liberdade de não ser torturado.

Todos os animais à face deste planeta, não são objectos dos quais podemos dispôr a nosso beloprazer. Com eles compartilhamos este espaço e para com eles temos deveres e sim eles têm direitos por mais que seres supostamente iluminados como a senhora continuem a negá-los. Têm o direito decoexistir connosco e têm o direito a não ser torturados eposteriormente mortos num espectáculo público degradante.

O seu discurso é de facto leal ao lobby tauromáquico mas é imoral e totalmente desprovido de ética .Nunca é tarde para mudar mas algumas pessoas, como a senhora, persistem em viver no obscurantismo.

Maria Lopes (Coordenadora)
Movimento Internacional Anti-Touradas
www.iwab.org

Testemunho Real!



 Palabras de un técnico de sonido de televisión que hacía las retransmisiones de toros...

"En mi caso, que me ha tocado llevar el sonido en alguna retransmisión, siempre he comentado, que si en lugar de la mezcla de sonido de la banda de música, aplausos, bravos, olessss y demás... el sonido fuera el que capta el Sennheiser 816 (micrófono que capta a gran distancia y buena calidad) a pie de ruedo, donde se escucha perfectamente el sonido de la banderillas al entrar en la piel, los mugidos de dolor que da el animal a cada tortura a la que se somete... y además lo acompañáramos de primeros planos de las heridas que lleva, de los coágulos como la palma de una mano, de la sangre que le brota acompasada al latir del corazón o la mirada que pone en animal antes de que le den la estocada final, creo que el 90% apagaría el televisor al presenciar semejante carnicería a ritmo de pasodoble.

Yo, personalmente pedí el dejar de hacer ese tipo de trabajo, precisamente un día que en Castellón me tocó estar en el callejón y me cabreé mucho al escuchar a un toro, al cual el torero falló cuatro veces con el estoque y harto de escuchar al pobre animal me quité los auriculares... No tuve bastante, que mientras agonizaba, escupía, se ahogaba en su sangre, se vino a morir justo pegado a mi, apoyado sobre las maderas mientras daba pasmos y su mirada ensangrentada y con lágrimas, sí lágrimas, sean o no sean de dolor, se cruzó con la mía y no nos la perdimos hasta que un inútil .... falló dos veces con el descabello, al que le dije de todo.

Ahí acabó mi temporada torera de por vida.

Son sentimientos personales y lo mas probable es que a un amante de "la fiesta" le parezca ridículo, pero para mi, más ridículo es cuando después de semejante carnicería, giras la vista al público y los ves allí aplaudiendo, comiendo su bocata sin inmutarse, ni habiendo visto y oído lo que yo."

 Jose Sepúlveda Sepul



"Anonymous Defensa Animal España"
"El técnico de sonido del viral antitaurino: "Es una bestialidad, que lo soporte el que pueda" - El Huffington Post"
"El viral testimonio de un técnico de sonido sobre las corridas de toros - El Huffington Post"
"LA VOZ DE GALICIA"


"La memoria del llanto, un artículo contra los toros del periodista y escritor Francesc González Ledesma, publicado en el diario El País en marzo de 2010."



«Testemunho de um Técnico de Som sobre a Barbárie Tauromáquica

Jose Sepúlveda, técnico de som do Canal Nou e que durante algum tempo trabalhou na transmissão de touradas decidiu relatar aquilo que viu e ouviu durante estas emissões. A imagem inserida no texto é apenas para ilustração do artigo.

Sempre que trabalhei na parte sonora das transmissões frequentemente comentava que se em lugar da banda de música, dos aplausos, dos bravos, dos olés e etc o som fosse captado pelo Sennheiser 816 (microfone que capta a grande distância e com muita qualidade) perto da arena onde se escuta perfeitamente o som das bandarilhas a entrar na pele, os mugidos de dor do animal a cada tortura que é submetido e além disso as pessoas acompanhassem os primeiros planos das feridas, dos coágulos tão grandes com a palma da mão, do sangue que jorra, do bater do coração ou o olhar do animal antes da estocada final 90% desligaria a televisão ao presenciar tamanha chacina ao ritmo de pasodoble.

Eu pessoalmente pedi para deixar de fazer esse tipo de trabalho, porque um dia em Castellón, tocou-me estar entre barreiras e fiquei muito incomodado ao escutar um touro depois do toureiro ter falhado por quatro vezes a estocada e tive que tirar os auscultadores e o animal agonizava, cuspia, afogava-se no seu sangue vindo morrer mesmo ao pé de mim apoiado na madeira e o seu olhar ensanguentado e com lágrimas, sim lágrimas, sejam ou não sejam de dor cruzou-se com o meu até que um inútil falhou duas vezes o descabelo e eu disse-lhe tudo e mais alguma coisa.

Foi aí que terminou o meu trabalho em praças de touros para toda a vida.

São sentimentos pessoais e o mais provável é que um amante da “fiesta” ache ridículo, mas para mim ridículo é quando depois de semelhante carnificina olhas para o público e vês que aplaude, come sandes sem qualquer preocupação não tendo visto nem ouvido o que eu testemunhei”.

Excelente testemunho que retrata a verdade sobre um espectáculo que é brutalmente bárbaro e cruel e que tem que ser erradicado.

Prótouro
Pelos touros em liberdade

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

... Para mim acabou!


"A TVE PARA MIM ACABOU

A minha família nāo desgostava de touradas. Não que se babassem por ir ver o Tito Capristano à Moita ou o Nelo Cagarras a Santarém, mas lá em casa, se passava uma Corrida, a malta ficava a ver. Nas férias andaluzes, chegados ao apartamento com sal mediterrânico, o meu Pai punha na TVE e até ao jantar sorvíamos a cantilena espanhola dos comentadores especialistas e 8 ou 10 toiros de morte.

Não éramos aficionados mas gostávamos de ver. Do espectáculo. Da arte do matador. Da faena. Da orquestra. Do tribalismo. Só não podíamos ver os cavaleiros. Gajos de jaqueta brilhante montados num cavalo a espetar farpas que se transformavam em bandeirinhas que acenavam ao público. Degradante. O cavaleiro é o cobarde da tourada, é o puto que insulta e depois foge. Tínhamos, eu e o meu Pai, um sonho: unir a Ibéria numa só tourada: matadores espanhóis, forcados portugueses. Os cavaleiros passariam a alisar a areia, a limpar os estábulos e a dar água aos toiros.

Olho a televisão com o canal público a dar tourada. Aquelas mesmas caras de sempre de olhar bovino. Caras de gente laranja, de bigodes falsamente aristocráticos, as famílias da "tradição", os betos e os que querem passar por betos, as calças caqui, os penteados, as patilhas, uma portugalidade meio bizarra que parece advir de promíscuas relações entre primos e irmãos. Esta gente que ali está atrás das tábuas funde-se com as vacas em noites de Inverno: por isso aquele bovino olhar, a mansidão das carecas reluzentes, a lhaneza.

Pai, eu já não posso continuar a ver isto. Não é fácil questionarmos as coisas que enquanto crescemos eram naturais. Mais difícil quando as víamos junto aos que amamos. O meu Pai gostava de ver e eu via e também gostava porque gostava dele. Vamos continuar a ir aos nossos sítios a que íamos sempre juntos. Vamos a Moledo, a Ceuta, a Sevilha, a Mijas, ao Forte de Peniche, às Caldas do Luiz Pacheco, a Vilarelho ouvir o Maestro Coca-Cola Killer ensinar Bach às gentes do campo, vamos continuar a ir ao Estádio da Luz e a abraçarmo-nos dentro dos golos do Benfica, mas, Pai, a TVE para mim acabou.

Há qualquer coisa de profundamente degradante nas touradas. Não é só o sofrimento do animal, é o espanto com que ele observa os animais da bancada. A incredulidade de estar perante a maldade do mundo. O toiro leva nos olhos uma tristeza de estar assistindo à vileza do humano. Porte imponente, músculos fortes, cornos pontiagudos, nobreza de carácter, mas os olhos. É nos olhos do toiro que nós vemos a sua ingenuidade. Uma criança perdida no meio da multidão.

O animal sorve a vida de forma natural. Passa anos a comer ervinhas, a ver pores-do-sol, a esfocinhar amorosamente com outros animais. Vive a vida em liberdade, em campos abertos de luz, por onde pode correr, parar, dormitar, ficar só a ver. Ficar só a viver. Recebe arco-íris com uma chuvinha que lhe molha a língua e as dentolas, afasta borboletas e mosquitos com um espirro, ressona e acorda os pássaros da árvore onde está encostado. O animal não reflecte sobre o mundo, mas vive-o. Sobretudo, sente-o. Os elementos da natureza são-lhe prazenteiros. É-lhe natural ir beberricar aquela água, comer este molhe de ervas, cagar ou mijar onde lhe apetecer. O céu é-lhe natural, as nuvens e o Sol, os caminhos de terra, as plantas, os passarinhos. Aquela brisa que vem em Agosto com cheiro a cereais. Ele levanta a cabeça, fecha os olhos e sente-a. Não pensa sobre ela, mas sabe-a.

De repente, uma arena! Um cubículo de areia com milhares de pessoas e vozes e urros! De repente, o horror. Chamam-no, assustam-no, dão-lhe palmadas na cabeça, espetam-lhe ferros frios no lombo. Encosta-se às tábuas, sente a madeira, procura um caminho para voltar para o campo. Está cercado. Cornetas, luzes, gritos. Rios de sangue escorrem-lhe pelo corpo. O peso das bandarilhas coloridas enquanto corre. Não entende aquilo, não sabe o porquê. Cansado, ofegante, em pânico, investe contra o carrossel de homens e cavalos que o rodeiam.

Baixa a cabeça, com as patas tenta furar o chão como se pudesse abrir um alçapão que o fizesse cair da arena para um prado onde corresse e lambuzasse as bochechas de outro toiro. Um campo aberto a céu aberto. Sem cornetas, sem pessoas, sem gritos, sem bandarilhas coloridas, sem bigodes quase aristocráticos, sem ferros frios no lombo, sem rios de sangue pelo corpo, sem maldade.
O último sonho do toiro antes de morrer."



por Ricardo Silveirinha



sexta-feira, 16 de maio de 2014

O touro tem uma vida de rei durante 5 anos e depois sofre na arena durante 20 minutos

Deveria preocupar-nos o carácter doentio de criar animais para os sujeitar a um ritual de tortura antes de os matar. Até porque sabemos que violência é violência, qualquer que seja a vítima e não é por acaso que diversos estudos no âmbito da psicologia, demonstrem que todos os serial killers treinaram os seus dotes primeiro em animais.

É a sede de dominar e de subjugar que emana deste tipo de cultura, donde provém igualmente a violência doméstica (em que o mais forte necessita permanentemente de afirmar a sua superioridade através da submissão dos mais fracos).

Se o simples abandono de animais de estimação é consensualmente condenado pela população, por que motivo devemos aceitar que outros torturem touros, por mais bem estimados que sejam?


(DES)Argumentos:  tauromaquia
Fonte

É melhor a vida de um touro de lide do que a dos bois para consumo


Nenhum mal pode ser justificável por comparação com outro mal maior.

Corredor da Morte


O touro gosta da lide, sente-se respeitado

Deve ser resultado de algum estudo de opinião em que entrevistaram os touros à saída da arena...

Este é mais um paradoxo da defesa da tauromaquia: por um lado acusam os que a ela se opõem de antropomorfizar o touro quando falam em sofrimento mas, por outro não têm qualquer pudor em afirmar que o touro sente honra, arrogância ou paixão por ser ludibriado e ferido num ambiente hostil, longe dos seus pares.

A valentia, a inteligência contra a força bruta

Há quem prove diariamente que a valentia e a inteligência são superiores à força bruta, através da literatura, da filosofia, da ciência, da tecnologia, da política, da intervenção social.

A corrida de touros está concebida de forma a que um dos lados esteja preparado para vencer e o outro condicionado para perder. Não é por acaso que as praças são redondas, que os cornos são despontados e embolados, que os toureiros aprendem as técnicas de melhor enganar o touro, que a música toca, que o público grita, que a sequência e o tamanho das bandarilhas é precisamente aquele.

Assumindo que a inteligência é a capacidade de resolver novos problemas, o touro – o tal animal irracional – é o único que a tem que usar, porque é aquele que não sabe o que o espera. Se ensinássemos o touro (sim, são capazes de aprender, como todos os outros animais, através de estímulos positivos e negativos) a apontar ao corpo e não à muleta, a não reagir às primeiras agressões e esperar que o torturador se exponha cada vez mais, a virar a cabeça de lado no momento do encontro com o forcado? E se, sobretudo, o fizéssemos sem o conhecimento prévio de toureiros e forcados? Aí o desfecho seria seguramente outro e já não seria “justo”.

Basta ver os gestos repetidos e as expressões grotescas de triunfo dos toureiros para perceber o carácter supérfluo, primitivo e inútil da necessidade de um ritual em que o homem pretende demonstrar a superioridade sobre um animal. É fácil de perceber que uma coisa destas ao invés de elevar o homem, bestializa-o.

É ainda importante considerar a própria pertinência de perpetuar um ritual primitivo em que, supostamente, se confrontam a inteligência e a força bruta. Acima de tudo, é um ritual de vaidade, supérfluo e desnecessário. Alegar que tal confronto é uma das essências da tourada é afirmar que o homem precisa de provar que é intelectualmente superior a um animal, o que é verdadeiramente absurdo.

Concluindo: houve inteligência sim, mas a montante, na construção desta sequência. Mas sabemos bem do que a inteligência sem empatia é capaz.

O touro não sofre


Sabemos que é reprovável causar sofrimento por motivos triviais. Mas o que é facto é que o touro tem que sofrer durante o espetáculo com que se deleitam os aficionados.

Por isso parece-lhes melhor defender a ideia absurda de que um animal que sente uma mosca a picar-lhe os flancos, por uma espécie de passe de mágica, numa arena não sente ferros de 8cm de comprimento com um arpão de 4cmx2cm a enterrarem-se-lhe na carne e a dilacerarem-lhe músculos, vasos sanguíneos e nervos.

Para conferir alguma credibilidade a este absurdo, invocam muitas vezes um pseudo- estudo do porf. Illera, que obviamente não conseguiu passar pelo crivo do peer review. E como não conseguiu publicar em revistas científicas, optou por publicar as suas conclusões em revistas tauromáquicas que o acolheram de braços abertos e divulgaram até à exaustão.

Entre os argumentos pseudo-científicos frequentemente associados à alegação de que o touro não sofre, a questão da adrenalina costuma ter um papel de destaque. Dizem que a secreção de adrenalina como elemento inibidor de dor é a prova de que o touro não sofre com as agressões que sofre durante a lide. A auto-contradição é evidente: a secreção de adrenalina ocorre em momentos de claro perigo e tensão e é o mais claro indicador de que o touro está, efectivamente, a sofrer. Senão, a adrenalina não seria sequer necessária.

Puro bom senso.

Controvérsia sobre o sofrimento dos touros 
O touro picado não sente dor - As lérias do prof.Juan Carlos Illera  

sábado, 15 de junho de 2013

A tourada vista por um médico veterinário


Os animais humanos e não humanos são seres dotados de sistema nervoso, mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é agradável, perigoso e agressivo e doloroso.

Estes seres experimentam sensações, emoções e sentimentos muito semelhantes. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga, sem as quais, não poderiam sobreviver. Portanto, medo e dor são condições essenciais de sobrevivência.

Afirmar-se que nalguma situação não medicada, algum animal possa não sentir medo e dor se for ameaçado ou ferido, é testemunho da maior ignorância, ou intenção de negar uma verdade vital.

A ciência revela que o esquema anatómico, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.

As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento. O senso comum apreende e a ciência confirma-o.
Depois desta explicação, imaginem o sofrimento horrível que uma pessoa teria se fosse posta no lugar de um touro capturado e conduzido ao “calvário” de uma tourada.

Conclusão comportamental ética?

Seres humanos (tauromáquicos) não devem infligir a outros seres de sensibilidade semelhante (touros e cavalos), sofrimentos a que os próprios infligidores (tauromáquicos) não aceitariam ser submetidos.
Na tourada à portuguesa importa mencionar o terrível sentimento de claustrofobia e pânico que o touro sofre desde que é retirado violentamente da campina e transportado em aperto até à arena. Depois, há o maltrato com a finalidade de o enfraquecer física e animicamente antes de ser toureado.

Na arena, o touro enfrenta a provocação e a tortura durante a lide e no fim desta, com a retirada sempre violenta e muito dolorosa das bandarilhas, rasgando ou cortando mais o couro sem qualquer anestesia.
No final de tudo, o animal é metido no transporte, esgotado, ferido e febril, em acidose metabólica horrível que o maldispõe e intoxica, até que a morte o liberte de tanto sofrimento.

O cavalo sofre um esgotamento e terrível tensão psicológica ao ser usado como veículo, sendo dominado, incitado e lançado pelo cavaleiro e obrigado a enfrentar o touro, quando a sua atitude natural seria a de fuga e de pôr-se a uma distância segura.

À força de treino, de esporas que o magoam e ferem, de ferros na boca e corrente à volta da mandíbula, que o magoam e o subjugam, o cavalo arrisca morte por síncope/paragem cardíaca, ferimentos mais ou menos graves, até a morte na arena.

É difícil, senão impossível, acreditar que toureiros e aficionados amem touros e cavalos, quando os submetem a violência, risco, sofrimento.
Questiono-me porque se continua a permitir uma actividade que assenta na violência e no sofrimento público de animais, legalizado e autorizado por lei e até apreciado, aplaudido e glorificado por alguns?

E uma verdadeira democracia não permite nem legaliza a tortura. E você?

Vasco Reis,13.6.13
Publicado no Algarve Jornal 123, Portimão, Algarve, Portugal


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A tourada é uma manifestação cultural que faz parte da nossa identidade coletiva


A cultura não é uma realidade estática, mas dinâmica, e está em permanente processo de construção. Muitas tradições se têm perdido e não foi por isso que perdemos a nossa identidade, pelo contrário, muitos de nós negamos identificar-nos com quem tem orgulho em massacrar animais em público num show de características trogloditas.

Não queremos uma cultura que ritualiza e glorifica exercícios de domínio, de subjugação, de violência. Queremos uma cultura que promova a justiça, a integração e o respeito e isso não é compatível com o caráter de exceção dado à tauromaquia no que concerne ao direito a não ser maltratado que a legislação reconhece aos animais não humanos.

Por falar em construção de um outro tipo de sociedade e assumindo que por aí passa a educação e formação das crianças, perguntamos porque é que a violência simulada em filmes é sujeita a critérios de idades mínimas da audiência permitida e apenas passada na televisão depois das 22h00 (com bolinha assinalando que a ficção a que vamos assistir contém cenas que podem chocar a sensibilidade dos espectadores) e a tourada – baseada em violência real – não é sujeita aos mesmos critérios?

Ainda que verificada em Portugal desde há alguns séculos, a tourada sempre foi uma atividade praticada e apreciada por minorias localizadas. No século XXI, a maioria do povo português não só não identifica a tourada como parte da sua cultura, como a rejeita. Ao contrário doutros fenómenos culturais locais – que gozam da aceitação de todos os portugueses, mesmo que deles não usufruam – a tourada não é aceite e viola princípios fundamentais das pessoas, como o princípio do respeito pelos animais. A identidade colectiva da sociedade portuguesa quer ver a tourada relegada para uma prática morta, que teve o seu lugar na história, mas que já não caracteriza a cultura em Portugal.

domingo, 21 de outubro de 2012

A decadência da tauromaquia

Praça de touros de Tijuana
La decadencia de la tauromaquia

'Agoniza, en declive y herida de muerte'', éstas serían las palabras con las que, a día de hoy, se definiría la situación de la tauromaquia en España. Unas palabras que empiezan a oírse de los propios ganaderos, empresarios, periodistas, críticos taurinos, aficionados y toreros.
La conciencia social, la apatía de los aficionados taurinos, la falta de dinero,  la fuerte crisis que golpea a España, y la voluntad de algunos Ayuntamientos están haciendo que hoy la tauromaquia esté mas que nunca al borde del precipicio.
Desde el año 2007, los festejos taurinos han descendido un 47% en toda España. Los ganaderos ya destinan más reses al  matadero que a las plazas de toros y cuentan día tras día con enormes pérdidas económicas por lo que ya  se plantean seriamente la alternativa de los mataderos como única vía de escape.

La herida abierta por Cataluña en el año 2010 prohibiendo las corridas de toros, lejos de cicatrizar, se hace mas profunda a medida que las organizaciones en defensa de los animales con el apoyo de mas del 73% de la población siguen trabajando para abolir una cruel tradición digna de un pueblo primitivo.

Dos años después de su prohibición en Cataluña, parece que le llega el turno a San Sebastián donde su alcalde quiere poner fin a esta atrocidad y de este modo no derramar mas sangre inocente en las arenas de sus plazas.

 "El sufrimiento de los animales no debe convertirse en un espectáculo público" , dijo el alcalde Juan Carlos Izaguirre.

No deja de llamar la atención que con un país al borde de pedir el rescate financiero, se malgasten mas de 500 millones de euros en festejos taurinos y que a pesar de usar la palabra austeridad , muchos Ayuntamientos siguen endeudándose año tras año celebrando corridas de toros en plazas cada vez mas vacías.
A pesar de que un 73% de la ciudadanía esta en contra o le es indiferente la tauromaquia, el Gobierno central hace oídos sordos al grito unánime de la población que pide el fin de de la tortura y muerte de miles de toros cada año en nuestro Estado.
La tauromaquia sobrevive  gracias a  los intereses  privados de algunos políticos, al endeudamiento de los Ayuntamientos, al regalo masivo de entradas a los centros escolares de algunas comunidades y al engaño de los turistas. A estos últimos se les vende un espectáculo de danza entre un toro y un caballo, en el que en ningún momento hay maltrato hacia el toro. Una vez iniciado el festejo, salen horrorizados, con lágrimas en sus ojos por lo que están presenciando.

La organización internacional por la defensa de los animales AnimaNaturalis seguirá trabajando para que en un futuro cercano esta mal llamada "fiesta nacional" acabe por abolirse en todo el estado y deje de avergonzar a la mayoría de los ciudadanos que no quieren que se les identifique con dicha atrocidad.

Guillermo Amengual, coordinador para España de la 'Campaña Antitauromaquia'.
http://animanaturalis.org/p/1584

Encerramento da temporada 2012 no Cartaxo

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Depoimentos...

 Estão sempre a dizer para nos calarmos, argumentando que a porcaria em que participam directa ou indirectamente está salvaguardada pela lei e por uma qualquer distorcida "lei dos gostos e das opiniões" e tentando também dissuadir-nos na luta dizendo que só estamos a ajudar à porcaria da festa. Não, vamos deixar que as pessoas sejam expostas passiva e acriticamente, ainda por cima em ambiente festivo de tortura, que propicia e bem ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos, sem as expor a uma visão oposta. Claro, e depois sempre com as lamúrias de que não querem que isto seja uma ditadura. Que isto seja uma ditadura querem os senhores, que mais não queriam que tudo encarneiradinho a participar na porcaria das vossas festas sanguinárias, a fazer fila para comprar os vossos bilhetes sujos! E depois dizem para irmos viver para o Peru e ainda aproveitam as condições desfavoráveis do país noutros aspectos sócio-económicos, ainda que seja claramente muito melhor viver pobre e sem compactuar culturalmente na tortura de animais do que ser pobre e, além disso, fazê-lo. Que ridicularidade! Mas dizem para irmos para um país livre de touradas e não vermos simplesmente, como se a nossa consciência deprimisse sem o estímulo visual, como as suas mentes condicionadas deprimem a transmissão do impulso nervoso pelo nervo óptico, para não conseguirem enxergar a valente merda que fazem quando participam num espectáculo bárbaro! Até podiam pegar na gente aficcionada toda e formar uma nação isolada e dizer que não tínhamos nada que ver com as suas tradições culturais, que não tínhamos nada que interferir nas suas expressões culturais! Pois, só que os animais, infelizmente para suas insolências, não existem para servir sob um país ou os interesses humanos. Isso é coisa do passado. Hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico, não é justificável que os animais continuem a servir o homem, ou a prestar juramento a uma bandeira ou ao cifrão, quase como regime militar obrigatório. É ridículo e é arcaico. Estão também sempre com a história de que quem é contra é porque não conhece as touradas e arroga conhecimento. Eu não preciso de saber que gás usavam no extermínio de judeus ou que pão lhes davam de comer nos campos de concentração ou que armamento os obrigavam a produzir para o exército alemão para saber que foi uma calamidade que teve que ser terminada, ainda que pela força. A única coisa que eu prefiro de saber é que é um espectáculo que promove maus tratos a animais, humilhação, agonia, desespero, obrigando-os a participar neste delírio psicopata! Não preciso de saber mais nada. Tradição, história? A evolução suplanta tudo isso! A história da humanidade é como a história de qualquer pessoa individual, serve para aprender com os erros do passado e alterar a conduta para algo que promova a coerência e a integridade! Já Leonardo Da Vinci, no século XV, defendia os animais. Mas tal como na sua época, as suas invenções e visão do mundo no geral eram demasiado avançadas para a mentalidade rústica que imperava, talvez quase 6 séculos depois! algumas das suas ideias sejam grandes demais para caber na cabeça de muita gente, infelizmente. Mas não se preocupem, que este espectáculo decadente há-de acabar, quando se educarem as crianças para o respeito absoluto da vida alheia, sem descriminação de espécie, e não se permitir que elas sejam mais expostas a violência contra animais em ambiente depressor da sensibilidade! As touradas, como outras actividades que constituem verdadeiros atentados à dignidade da vida animal e à sua plena expressão em ambiente natural, e uma afronta tão ignominiosa que faz nutir asco à inteligência e à integridade do homem moderno! Eu até acho ridículo que em tantos sítios se pondere sequer resolver isto por meio de referendos. Também foi preciso fazer um referendo para consagrar na lei a proibição de matar, maltratar ou torturar um ser humano? Ou somos suficientemente atrasadinhos para isso? Então, porque raio é preciso atender a lobbies para decidir isso? Decidir democraticamente vidas, não é democracia alguma. A vida tem um valor intrínseco infinitamente superior a qualquer sistema político ou social! Deixemos de ser ridículos. Postos de trabalho? Mas agora vamos justificar imoralidades com base em questões económicas? É o dinheiro que dita o valor ou a extensão de uma vida? Até dá vómitos pensar isso! Se a Igreja de um dia para o outros começasse a ter problemas financeiros e descobrisse que se restaurasse os autos-de-fé até teria suficiente assistência para reequilibrar as suas finanças seria legítimo fazê-lo?! Quanto parvoíce vai para aqui... E sim, é mais do que óbvio que os espectáculos estão a decair em assistência. Até porque, sabem que mais, prefiro gastar 6 € ou 8 € até que sejam a ver um bom filme durante 2 horas do que a gastar um balúrdio descomunal para compactuar nos maus tratos a seres sencientes! Mas onde é que está a dúvida? O que raio é que as torturas ensinam? A ser-se cobarde? A ser-se exibicionista? A fazer depender a sua felicidade de reputação da violência contra seres que não se podem defender? Também se sentem bem a bater em mulheres e crianças, se tiverem uma plateia a aplaudir-vos? Enfim, enfim...

Eu compreendo perfeitamente que uma má formação pessoal e influências culturais negativas e persistentes possam inculcar uma visão dos animais como meras coisas, utensílios do ser humano, utensílios de caça, de divertimento, de palhaçada, de testes ridículos. Apenas peço que uma vez na vida parem para pensar que se calhar o mundinho iludido em que vivem de superioridade incontestável da vida humana sobre a animal, não passa disso mesmo, de uma ilusão inculcada culturalmente.
por Ricardo Lopes

sábado, 15 de setembro de 2012

Porque é que há gente aficcionada e se mantém fiel à tradição?

Deve haver muito tribalismo. Marias e Manéis são criados no ambiente tauromáquico desde a infância, absorvem a cartilha e vão com os outros e as outras. São alvo da influência e evitam pensar, interessar-se, terem coragem em discordar e mudar, mesmo que vacilem e reconheçam que há sofrimento dos animais. Mas seria difícil discordar, seria incómodo, provocaria zanga e arriscaria acusação de traição e castigo por parte da multidão. 

Com certeza, que reconhecem sofrimento da parte dos animais, mas mais forte do que compaixão será o gosto pelo "espectáculo", pela "festa das pessoas (claro que os animais não festejam, pois sofrem)", a presunção, a cumplicidade, o companheirismo, a confraternização, mais ou menos embriagada e embriagadora. 

Para essa onda, então que se lixe o sofrimento dos bichos, quando a tourada é tão "entusiasmante"?

Trata-se, pois, de defender o espectáculo, a tradição, o negócio, a facturação dos “artistas”, as "admiráveis qualidades" da tauromaquia e os "feitos culturais, virtuosos e admiráveis dos artistas tauromáquicos" e as barrigadas de gozo que as touradas proporcionam?

Penso que cartas abertas críticas e didácticas dirigidas ao lobby pouco influência terão na evolução desta mentalidade, mas deverão ter um ricochete importante e levar o público em geral a tomar conhecimento e a reflectir sobre a realidade da tauromaquia. Pouco esforço exigem, pois os argumentos dos críticos da tauromaquia são óbvios. Penso que devem ser frequentes e variadas.
Provavelmente, até provocarão respostas dos aficcionados, que representem tiros nos próprios pés.

Vasco Reis
médico veterinário aposentado
Aljezur

Touradas V

Cultura é tudo aquilo que contribui para tornar a humanidade mais sensível, mais inteligente e civilizada. A violência, o sangue, a crueldade, tudo o que humilha e desrespeita a vida jamais poderá ser considerado "arte" ou "cultura". A violência é a negação da inteligência.
Uma sociedade justa não pode admitir actos eticamente reprováveis (mesmo que se sustem na tradição), cujas vítimas directas são milhares de animais.
É degradante ver que nas praças de touros torturam-se bois e cavalos para proporcionar aberrantes prazeres a um animal que se diz racional.
Portugal não se pode permitir continuar a prática do crime económico que é desperdiçar milhares de hectares de terra para manter as manadas de gado, dito bravo. A verdade é que são precisos dois hectares de terreno, o equivalente a dois campos de futebol, para criar em estado bravio cada boi destinado às touradas. Ora isto é tanto mais criminoso quando Portugal é obrigado a importar metade da alimentação que consome. Decerto os milhares de hectares desperdiçados a tentar manter bois em estado bravio, produziriam muito mais útil riqueza se aproveitados em produção agrícola, frutícola, etc.
Uma minoria quer manter as touradas e as praças de touros, bárbara e sangrenta reminiscência das arenas da decadência do Império Romano. De facto nas arenas de hoje o crime é o mesmo: tortura, sangue, sofrimento e morte de seres vivos para divertimento das gentes das bancadas. Como pode continuar tamanha barbaridade como esta, das touradas, no século XXI?
Só pode permanecer como tradição o que engrandece a humanidade e não os costumes aberrantes que a degradam e a embrutecem.

Não seja responsável pela tortura.
Não assista a touradas!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Apelo contra a transmissão televisiva de touradas e contra a publicidade tauromáquica

Apelo fundamentado em conhecimentos científicos irrefutáveis.

Exmos. Srs.,

Dirijo-me a V.Exas apoiado em conhecimentos científicos irrefutáveis, que me motivam e cuja revelação deve influir didacticamente em quem tenha capacidade de compreensão. Nesse sentido, permitam-me recordar que:

"Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa, ausentes nas plantas. Portanto, medo e dor são essenciais e condições de sobrevivência.
A ciência revela que a constituição anatómica, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
Eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto, ao prazer e à dor.
Descobertas recentes confirmam que animais, muito para além de mamíferos, aves, polvos, são seres inteligentes e conscientes. O senso comum apreende isto e a ciência confirma."
É inegável que touradas provocam enorme sofrimento a touros e cavalos. É lastimável que empresa apoiem isso.

Venho, por este meio, apelar à RTP e à TVI para que deixem de emitir touradas, e à SIC - a quem muito agradeço por ter deixado de as emitir -, para que jamais retroceda nesta matéria.
Venho, igualmente, apelar aos anunciantes da televisão para que se dissociem por completo da tauromaquia, nomeadamente, tomando todas as medidas para que, em circunstância alguma, os spots publicitários das suas campanhas sejam difundidos no intervalo imediatamente anterior ou em interrupções comerciais de qualquer espetáculo tauromáquico televisionado.
Incluo nos destinatários desta mensagem algumas agências de meios, para que também estas saibam que, embora me recuse terminantemente a assistir a atos de crueldade contra animais, vou tendo conhecimento de quais as marcas que não se estão a dissociar dos blocos de publicidade supra referidos, por intermédio de materiais como estes: http://youtu.be/fBnf-z9Ze78 e https://www.facebook.com/photo.php?fbid=452671758099726&set=a.454703424563226.106105.215151238518447&type=3&theater. E se até há pouco tempo, não sabia quais as marcas implicadas, agora que sei, qualquer aparição das mesmas me transporta mentalmente para cenários de sangue, dor, sofrimento, agonia e morte, fazendo-me perder completamente a vontade de as utilizar/consumir.
Gostaria muito que todas as estações de televisão nacionais, ao invés de transmitirem espetáculos violentos e deseducativos como as touradas, optassem por dar o seu contributo para que Portugal seja um país onde as crianças e os jovens sejam, desde cedo, ensinados a respeitar os animais e a natureza. Gostaria também que as restantes organizações a que ora me dirijo, tivessem presente que são co-responsáveis pela sociedade em que estão inseridas, e deixassem de promover as suas marcas nos espaços em causa, por uma sociedade civilizada. Por um Portugal mais modernos e progressista que não admita espetáculos de crueldade contra os animais.
Agradecendo pela atenção dispensada e ficando na expectativa de uma resposta, que espero que seja positiva, a esta minha mensagem,

Com os melhores cumprimentos,
Vasco Manuel Martins Reis, médico veterinário
Aljezur

sábado, 8 de setembro de 2012

Deputados defensores dos animais avisam que touradas em horário infantil é um “retrocesso social”

A Associação Parlamentar de Defesa dos Animais (APDDA) avisou que a retransmissão de touradas em horário infantil não tem sentido e é um “retrocesso social”, depois de sete anos sem transmissão na televisão pública.

Para a APDDA, o anúncio de retransmitir de novo este “espetáculo decadente e cruel” na televisão pública estatal é um “passo atrás” na consciencialização pelo respeito pelos animais.

“As corridas de touros em horário infantil violam todo o espírito e letra da legislação até agora”, sublinhou o porta-voz da dita associação, o deputado de CHA, Chesús Yuste, que dirigiu uma conferência de imprensa para dar conta dos novos projetos da associação, que tem já 28 deputados.

Segundo explica a associação, a RTVE tinha decidido não retransmitir touradas em horário infantil. Mas agora eliminou as touradas da secção de violência para com animais do seu Manual de Estilo, no passado mês de Abril, como passo prévio para recuperar este espetáculo na televisão pública.

Neste sentido, Yuste indicou que a intenção da associação, formada por vários grupos parlamentares, é alcançar acordos de forma a apresentar várias iniciativas no parlamento sobre o tema.

Calendário de trabalho

No que diz respeito ao calendário de trabalho da APDDA, o deputado aragonês adiantou que em dezembro deste ano se celebrará o quinto aniversário da criação da associação e se realizará uma entrega de prémios aos que mais se distinguiram na defesa dos animais.

Entretanto, em abril ou maio, realizar-se-âo umas jornadas de estudo, com participação dos promotores, em que se abordarão diferentes assuntos de interesse sobre o tema.

Para mais, nos próximos meses trabalharão na situação dos animais de companhia, com campanhas de esterilização e fomento de adoções para reduzir a carga das administrações públicas.

Da mesma forma, sinalizou-se que se dará continuidade à subcomissão parlamentar sobre os maus tratos a animais que, no seu entendimento, produziu algumas conclusões “interessantes”, como a necessidade de aprovar uma legislação estatal sobre proteção animal que permita garantir um mínimo entre as legislações autonómicas.

A APDDA falou também da necessidade de abordar uma reforma do Código Penal para endurecer as penas contra os maus tratos a animais e abordar o “polémico assunto” do Toro de la Vega de Tordesillas (Valladolid).

Esta associação parlamentar engloba um total de 28 deputados e ex-deputados de grande parte dos grupos. Assim por exemplo destaca-se a senadora da CiU, Monsterrat Candini; a deputada da IU, Ascensión de las Heras; o ex-senador da Entesa Catalana, Josep María Esquerda; o ex-deputado dos verdes Francisco Garrido; o senador Jordi Guillot da ICV; o ex-deputado Joan Herrera; o ex-senador da CiU, Josep Maldonado; Joan Josep Nuet, deputado da IU; e a deputada da ICV, Laia Ortiz.

Do PSOE encontra-se o porta-voz para as Alterações Climáticas e ex-Ministra do Ambiente Cristina Narbona; o ex-deputado e responsável pelo Meio Ambiente Hugo Morán; a deputada catalã Esperanza Esteve, assim como Pablo Martín Peré e o navarro Juan Moscoso.

DO PP encontram-se os deputados Leopoldo Barreda, Antonio Gallego, Concha Bravo, José Miguel Castillo, Marta Torrado e José López Garrido. Em representação do PNV está Emilio Olabarria, enquanto que do ICV está o senador Joan Saura e o deputado Joan Coscubiela.

Fonte:  Espaço NOA Notícias de Outros Animais
Europapress (traduzido)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"chéché" e a Torreira

A nossa amiga Cristina D'Eça Leal publicou no seu mural este artigo que passamos a transcrever para perceberem o busílis:

Chaubet e a Torreira 
APESAR DOS MEUS ALERTAS CAÍRAM NA ESPARRELA
Desde que começou a ser moda, alguns meninos e meninas, armados em piedosas carpideiras, irem para junto das praças de toiros provocar e insultar os apreciadores de touradas, que tenho avisado os aficionados de que é preciso algum cuidado. Sei que estas juvenis e ridículas manifestações passam com a idade. Todavia, na fase de crescimento, sempre incomodam um tanto e até são capazes de convencer algum que, ingenuamente, os leve a sério. Não se aperceba de que a verdadeira pretensão dessa desocupada (digo desocupada porque, à hora em que aparecem com os protestos os jovens, normalmente, estão a estudar ou a trabalhar) é chamar a atenção.
Isso mesmo compreendeu a P.S.P. de Lisboa. Para evitar que aqueles a quem chamo os “ contra”, os auto intitulados anti taurinos, se aproximem e, com o falso pretexto de querer catequisar para a sua causa os taurinos, provoquem ou insultem, criou um espaço delimitado por um gradeamento onde os instala. Depois, vigilante, deixa-os vociferar os seus protestos e insultos mas não sair do espaço que lhes foi concedido. Sei, por experiência própria, a oportunidade desta medida.
Antes da P.S.P. ter tomado consciência de que não eram os taurinos que provocavam, insultavam ou queriam à força obrigar os “contra” a gostarem de touradas, os piedosos anti touradas andavam à vontade. Fui algumas vezes, atrevida e malcriadamente, abordado por piedosos e “pacíficos” contra que me questionavam porque gostava de touradas e censuravam-me por isso.
Como a abordagem era feita por miúdos com idade de serem meus filhos ou netos, levei sempre o caso para atitudes próprias da adolescência. Não lhes liguei. Mas houve aficionados, com todo o direito, devido às provocações de que eram alvo, que reagiram de forma menos tolerante. Até violenta. Era isso que eles queriam. O objetivo era esse. Levar os taurinos a perderem a cabeça e depois acusarem-nos de desordeiros, agressivos, etc. e, de início tiveram êxito.
Ultimamente porém os taurinos e, como disse já, a P.S.P. , estragou-lhes a tática. A P.S.P. encurralando-os, os taurinos não ligando às suas ruidosas provocações. Mas eles, certamente por terem pouco que fazer, não desarmam. Como em Lisboa nada conseguiam, lembraram-se de Viana do Castelo. Para mais sendo tão publicitada a tourada que se ia lá efetuar.
Porém, mediatizada a iniciativa da Prótoiro, as autoridades de Viana, seguiram o exemplo das de Lisboa. Criaram um espaço à volta da praça, onde os cavaleiros podiam exercitar os seus cavalos, as pessoas podiam chegar às bilheteiras sem serem importunadas, os intervenientes no espectáculo circularem livremente. Enfim, embora fora do “perímetro de segurança” criado pelas autoridades para os conter, lá estivessem, os planos dos “contra” falharam. Não deram nas vistas.
Já na Torreira a coisa foi diferente. A autoridade, talvez menos avisada, não os controlou devidamente e eles tiveram ocasião para atirar pedras aos cavalos e cavaleiros, provoca-los e insulta-los e conseguir a reação que procuravam.
Um dos cavalos espantou-se e foi para cima dos “contra” causando o pânico. Oportuna câmara de televisão que “POR ACASO” estava ali filmou o sucedido e até filmou uma menina lacrimosamente indignada a fazer queixa dos taurinos. Eles é que eram os maus. Eles é que tinham provocado.
Tudo planeado com antecipação. Tudo estudado cuidadosamente e os taurinos, caíram na esparrela.
Ora este arrazoado todo, até mesmo repetitivo, porque essa gente dos “contra” é manhosa e nós, os taurinos, temos que saber lidar com ela. Lembrem-se que até a coordenadora do Portal do Governo, confirmou que os resultados de uma iniciativa que os “contra” tiveram, era fraudulenta. Tinha 3.000 registos falsos! O que fez essa garotada? (dada a abismal diferença de idade existente entre nós, considero-me com direito a usar este adjetivo) Pediram desculpa pelo erro? Deram alguma explicação? Não! Atrevida e capciosamente, para sugestionar crédulos, publicitaram uma informação encorajadora do seu objetivo. A net é o seu meio de propaganda mais utilizado. Tentam através dela, dar a ideia de que têm numeroso apoio quando, afinal, perante o número de taurinos que há, são um número, barulhento e atrevido, sim, mas insignificante.
Digo atrevido porque, à porta de uma praça de toiros estão 30/40/vá lá/100, “contras”. A assistir à tourada, estão uns milhares de taurinos. Não será atrevimento pretensioso, malcriado e exagerado, essa miudagem criticar as opções desses milhares? A defesa dos animais? Não! Um expediente para se fazerem notados. Cresçam. Façam-se mulherzinhas e homenzinhos tranquilamente. Fazendo-se respeitar mas, também respeitando os outros.
Quanto a nós, não responder é o melhor. Se não lhes dermos "material" para poderem comentar, apagam-se como balão sem gás. Falta-lhes gás/imaginação para continuar.
Carlos Patrício Álvares (Chaubet)

Como sempre alguém do "contra" comenta:

José Brás Um abraço a um homem grande: -"TORREIRA

Mais dia, menos dia, teria de acontecer!
Têm quase razão, os que dizem que não há paciência que aguente tanta demonstração de intolerância e de abuso de uma coisa que, se de modo justo se tem como liberdade de opinião no seu direito pleno, não só de a ter mas também de a defender publicamente, juntando-se por afinidade de ideais, organizando-se em grupos, manifestando-se no espaço público, mas que, por exagero de repetição, acaba por se tornar numa clara provocação e apelo ao confronto com os que, no outro lado das suas “razões”, agem dentro da legalidade, em tempos e espaços de fruição do seu crer e do seu fazer.

De início foram as palavras apenas que ouvimos e lemos de gente que, seja lá com que motivação for, começou por aparecer na Comunicação Social, reclamando contra a prática da tauromaquia; exigindo o fim da tourada; pressionando Órgãos do Governo, argumentando contra uma actividade que consideram anacrónica num tempo que, dizem, será o de um homem livre e solidário, não apenas no espaço humano mas também da vida animal.

Evidentemente, tal postura nunca mereceu dos aficionados qualquer postura mais azeda do que o natural contra-ponto de quem, esperando também do mundo tal estágio civilizacional, se recusa a desconsiderar a tauromaquia no quadro muito largo da cultura de um povo, das suas tradições mais enraizadas, de um processo de crescimento como gente, sempre buscando na fundura do tempo, a fonte de onde brotou a luta do homem pela sobrevivência, seja no acto da caça; seja na reprodução dos meios de subsistência e na multiplicação dos pratos na mesa, ou, muito mais fundo, na recusa da realidade quotidiana simples e comezinha, buscando o imaterial, orando a deuses, inventando a representação dessa realidade no pictórico, na palavra, na elevação do profano ao sagrado.

Mas as coisas não se ficaram pela argumentação mais ou menos teórica, mais ou menos filosófica, mais ou menos platónica. Como seria esperável e decorre da dinâmica do conflito de ideias, atrás da palavra teria de vir a acção por parte dos que chegam e querem alterar o estatuto, como se disse, num direito pleno da sua cidadania individual e colectiva. Vieram as manifestações, não apenas junto à sede do Parlamento e de outros locais mais ou menos oficialmente ligados à actividade cultural, mas também junto às praças de touros em dias de corrida.
Não veio mal ao mundo nisso.

Depois vieram os blogues e um crescer de linguagem marginal ao debate e às conveniências da discussão, trapalhadas, mentiras, votações do arco-da-velha, maradas e vigaristas, muita ignorância, muita raiva e mesmo ameaças. O espantoso é que tudo isto caiu no caso, trazido, não por quem já estava instalado nos anos de uma tradição secular, alegadamente passadista, conservador e violento, mas de quem chegava e tentava acuar, também alegadamente, progressista, dono de uma visão sobre um humanismo novo que irmanava a todos, gente e animais.

Por parte dos aficionados, e sobretudo das associações que juntam aficionados, criadores de toiros, toureiros e profissionais vários da tourada, a resposta foi sempre calma, reconhecendo sempre o direito à diferença, à expressão da opinião e ao ser contra, queixando-se nos círculos apenas contra diatribes de palavra, tentando mostrar os seus legítimos valores culturais e desmontando a grande ignorância que do outro lado se exibia sobre a actividade.

Os anti, apesar das sucessivas derrotas, mantinham presença à porta do Campo Pequeno, sempre com reduzida mas barulhenta representação, sobretudo nos locais que poderiam potenciar a presença de câmaras de tv.
Nos últimos tempos começaram a chegar sinais de alguma violência, com ameaças veiculadas por seitas, holligans e grupos de sinais totalitários e violentos que parecem ter percebido, a exemplo do futebol, que a penetração nestes grupos de anti-taurinos poderia dar-lhes alguma oportunidade de destaque.

Talvez esteja aí, mesmo por fora do conhecimento dos pequenos grupos de manifestantes e aproveitando a sua presença, que temos assistido a acções de vandalismo e destruição sobre viaturas e outros bens de propriedade de aficionados e, como aconteceu na Torreira, ao arremesso de pedras contra cavalos de toureio.

Em minha opinião, a reacção do cavaleiro Marcelo Mendes não foi correcta do ponto de vista de uma resposta que se quer calma e distante dos modos e dos meios destes grupos que começam a ser conhecidos como eco-terroristas, aparentemente defensores da vida e do direito animal, na verdade apenas gente desiludida com o fracasso do seu modelo cultural urbano, construído nos extremos de um processo de ruptura social e mesmo fora das suas margens naturais, tornando-se de facto anti-sociais e perigosamente agressivos contra tudo o que não caiba no seu pesadelo.

A corrida de toiros não tem que ser contra os direitos e as liberdades sociais dos seus opositores mas tem o dever de recusar e de repudiar as tentativas de intimidação e as agressões dos que se servem desse movimento para as suas arruaças de rua. A corrida de toiros deverá estar sempre disponível para um debate aberto sobre a sua justificação social, seja com quem for que o queira, no plano das ideias, pô-la em causa. A corrida de toiros tem o direito de não gostar de insultos e da ocupação permanente de um espaço que, sendo público, lhe pertence ao menos no plano do ideal no tempo da execução da sua legal e socialmente reconhecida e benevolente actividade. A persistência de tais manifestações dos anti-taurinos junto ao espaço onde existem as praças de toiros e em dias de corrida, apesar de ser um direito de cidadania, é, pela sua repetitividade um acontecimento mais visto como provocação do que como protesto, naturalmente na esperança de uma reacção de toureiros e de aficionados que os possa vitimizar aos olhos de um jogo qualquer que passe na televisão.

Acabando como comecei, têm quase razão, os que dizem que não há paciência que aguente tanta demonstração de intolerância e de abuso. José Brás. Publicado ontem no mural da ACTC


Ao que Cristina D'Eça Leal responde:

Um manifesto que poderia ser interessante se não fosse demasiado palavroso e absolutamente falacioso.

Chamei Chéché à criatura porque não a conheço nem do autocarro, mas a prosa dele reflete uma falta de neurónios confrangedora. Atribuí a irrazoabilidade à degenerescência celular por simpatia, pois por isso não poderá ser criticado, evidentemente.
Está visto que o José gosta de se ler e de ser lido, mas essa característica revela-se um obstáculo a quem quer defender um ponto de vista. É preciso esgravatar muito efeito de estilo para conseguir um ou outro argumento e, o que torna ainda mais penoso o debate, geralmente o argumento baseia-se em premissas falsas.
Em traços gerais, direi apenas que,

1º Os excessos cometem-se de parte a parte e quem quiser camuflar isso fá-lo de má fé, por fanatismo ou pura desonestidade (também há os simples, aqueles que ouvem uma frase ou vêem uma imagem e tiram logo conclusões irrefutáveis, mas não me parece que seja esse o caso)

2º Provavelmente não desconhece que a proteção policial é pedida pela Associação Animal e todos sabemos que não nos manifestamos enquanto esta proteção não estiver assegurada no terreno. Mas partem para um aproveitamento vergonhoso dessa situação, tentando mascarar a cultura de subjugação, intimidação e violência que caracteriza o comportamento tauromáquico (não estou com isto a dizer que não haja aficionados pacatos, como é lógico, estou a falar da atividade e do que promove)

3º Se só acordaram para o movimento abolicionista da tauromaquia neste século ou no século passado, a incultura histórica de quem se arvora em defensor máximo da identidade cultural brada aos céus e revela bem as máscaras de que se revestem para caucionar os vícios de que padecem. A tauromaquia esteve enraizada nas culturas de praticamente todos os povos europeus e destas foi sendo paulatinamente retirada até permanecer nas zonas mais incultas e atrasadas como o enclave ibérico e algumas regiões do sul de França, onde a contestação sobe de tom, como seria de esperar de pessoas que já não arrastam as mulheres pelos cabelos nem açoitam negros

4º Referindo-me agora concretamente ao episódio lamentável da Torreira, devo dizer que quem baseia um "artigo de opinião" nas desculpas esfarrapadas de um idiota que nem sequer tem a coragem de assumir frontalmente as suas atitudes, ignorando por completo a filmagem feita no local, merece o meu desprezo total. O meu e o de qualquer pessoa de boa fé com 2 neurónios no mínimo. Vê-se bem na filmagem que os manifestantes estão bastante afastados da praça e pacificamente sentados no chão; é o pelintra a cavalo que investe sobre eles por duas vezes e que se prepara para a terceira antes de ser travado. A valentia só o acomete em cima de um cavalo e quando rodeado de peões de brega, não vá a coisa correr mal. Alegar que os defensores dos animais apedrejam cavalos é tão ignóbil e estúpido como massacrar touros e cobrar bilhetes para assistir.

Correndo o risco de me repetir, mas sem me ralar nada com isso: a única razão que os aficionados podem alegar é que têm o direito a assistir a um espetáculo legal. O resto é grotesco. Poupem-se e poupem-nos.


... e como acham que o "ataque é a melhor defesa", lá vem de novo o sr.José Brás:

 ‎...e ao palavreado puro e duro. Vá la que você, Cristina, nasceu de costas para a imagem de si. Quanto ao meu amigo Chaubet, que você não poderia conhecer nem de autocarro porque ele é um marciano. Por acaso um marciano culto, boa gente, de humanidade que você não entenderia porque muito cheia de amigos, de actos de respeito pelo ser humano. Não é culto como a maioria dos anti-taurinos que vejo por ai a dar bocas como este Vitor Dias e porque cultura e humanismo aconteceram só para vosso benefício tertuliano pequeno. A vossa luta (se se pode chamar luta a isso), é velha, sim, como não poderia ser de outro modo. Mas é de uma velhice de derrotas em derrotas (melhor é reler Eça, por exemplo) até à fraude do Porta do Governo; até à mentira da imagem do toiro condoído pela saúde do toureiro; até ao aproveitamento da vossa causa por marginais nazis. Acredito que as pessoas que se manifestavam na Torreira era gente pacífica que se bate pela sua verdade e osso sempre merecerá o meu respeito. Mas sei do vandalismo que por lá passou nos carros dos aficionados e nas pedras arremessadas. Por isso também repudio a atitude do rapaz cavaleiro

... ao que Cristina D'Eça Leal responde, assertiva, como sempre:

Sim, José, tenho tendência para adjetivar, mas faço-o para reforçar ou colorir uma ideia, não em substituição da mesma.
Talvez a amizade e a partilha de gostos o impeça de ver os disparates que esse tal Carlos Patrício despeja, ou então leva-o a defendê-lo de tudo e todos, mas devia defendê-lo sobretudo de si próprio.
A nossa luta é - como todos os grande movimentos sociais - feita de avanços e recuos e acreditamos que de derrota em derrota chegaremos à vitória final. Como já lhe disse anteriormente, prefiro estar do lado dos vencidos se aí estiver a razão; não preciso de sentir maiorias atrás de mim para crescer.
Gostava que me explicasse em que é que relendo Eça, na sua opinião, eu passaria a apreciar o nobre negócio de massacrar animais em público, chamando-lhe arte. Porque sinceramente tenho dificuldade em perceber.
A fraude do portal do governo, não entendo - tanto quanto me lembro foi uma associação tauromáquica que explicou no seu mural como é que se procedia à suposta fraude.
A mentira a que se refere pareceu-me uma liberdade poética de legendar uma imagem, atribuindo ao touro sentimentos de compaixão ou de qualquer outra coisa, não me lembro. Era apenas um "wishful thinking" inocente e inconsequente. Quanto aos marginais nazis, o Vítor Dias já lhe respondeu; em qualquer dos lados há pessoas recomendáveis e outras irrecomendáveis, mas do seu lado pelos vistos, são os próprios dirigentes que se assumem como nazis. Embora deva dizer-lhe que me parece que as razões que assistem a qualquer causa devam ser as necessárias e suficientes para lhe dar suporte sem termos que recorrer ao currículo - poluto ou impoluto - dos seus seguidores.

(houve uma troca de "mimos" mas não interessa aqui para nada)

Porquê a Abolição das touradas?

Sempre foram contestados, já sabiam que algum dia seriam postos a revisão séria.

Não estamos a brincar ao igualizar a tauromaquia ao mais nojento que se possa conceber, um dejecto social.

Não é para ofender ninguém, mas, se alguém se sentir tocado, toque também na sua consciência, para confirmar se está do lado certo da Razão e da Justiça.

Os toireiros, estão a passar dias complicados, de desespero, de tentativa de rearmar, de blindar, cavar trincheira, reforçar o arame farpado, levar as praças móveis a novos sítios, aonde levam tudo, até o público menos interessado. Essa deturpação, junto com a crise geral, vai ajudar a esvaziar o balão desvairado.

Grave é o que fazem aos cavalos/éguas e aos touros/vacas, naquela horrenda caricatura de humanidade.

Grave, mais grave ainda, é a postura de agressividade e de apelo à reacção violenta contra pessoas, a atitude de ameaça e ataques de cavalaria civil contra demonstrantes (abolicionistas), a que se tem assistido, numa notória atitude territorial, que não tem argumentos com que se defendam os aficionados.

Não foi precisa muita pesquisa para ver quanto os recentes eventos ligados às arenas de massacre, tem acordado a sociedade para um tema a que muita gente não dava atenção. É cena de Portugal? Não, é geral para os 9 ou 10 infelizes países. Apenas no facebook? Não, toda a sociedade destes e outros países está e rever e analisar o que de mau tem andado a perdurar demais em desfavor dos animais, (des)necessariamente contra todos nós. É de hoje, desta temporada, a pior de sempre, a mais envenenada, com mau ambiente, com más areias, salgadas demais.

O que andam a fazer os aficions federados e os troll's da internet, em especial aqui no face-do-livro, é assombroso. Baralhar para dividir, façam-no uns com os outros. Fazem-no com os animais, não deviam. Esquecem-se que está pelo fim dos abusos, veio do mesmo sitio e é família,  aprendemos até onde quisemos, até onde deu para aturar. Por isso muitos dos que estamos pela abolição, estivemos "dentro do mundo", alguns dissemos muitos oléés e outros acharam graça a partes e detalhes. Cada vez são mais os que passaram a intolerantes e de quantos mais detalhes se sabe, mais vontade se tem de ver essa actividade deixada para a História. Grande parte dos que agora passaram de neutros a defensores, que assinam "aficionados p'ra ajudar a não acabar", desses quase ninguém sabe nada do que aquilo (des)trata, nem quanto aos animais envolvidos nem quanto ao resto que a «««tauromaquia»»» traz encanastrado, encrostado, na sociedade.

Nenhuma sociedade tem de aturar isto duma seita vernácula, de tempos de má memória, dos tempos de todas as atrocidades, do tempo das princesas com ranço e desses rituais sanguinários por mais tempo. Basta.

Está em tempo de se resolver este aparente imbróglio. Clamam, os imbecis, por paridade democrática, por contagem de armar e potência numérica, reclamam por liberdade de transtorno mental, numa fixação por vingar a sua triste vida em "festas de toiros". E fazem por esquecer tudo o resto, principalmente os animais que incomodam com essa bizarria.

Agora que entramos numa fase de queixas e processos judiciais, em parte argumentados pelo que se passa na internet, particularmente neste programa serviço internacional, faz parte dos factores de prova.
Foi dado mais um passo em frente, num grande processo que vai levar ao armistício nesta quezília, que tem apenas uma solução - ABOLIÇÃO.

Fonte:  Pró-Touro e Pró-Cavalo

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

AGRESSÃO NA TORREIRA

A repetida e perigosa carga feita pelo cavaleiro tauromáquico Marcelo Mendes montado num seu cavalo de lide, contra pessoas que tomavam parte numa manifestação devidamente autorizada e pacífica de repúdio à tourada na Torreira, na tarde do dia 2 de Setembro, documenta ao mundo o que pode resultar do espírito tauromáquico.
O ambiente tauromáquico é escola de formação de mentalidades treinadas na prática de violência cruel contra touros e cavalos e contra os defensores dos direitos dos animais a não serem massacrados.
Arrogância, agressividade, violência, desrespeito por pessoas que pensam de outra maneira e que protestam de maneira pacífica foi o que, mais uma vez, se verificou.

Estranhamos e lamentamos a reacção atrasada e a intervenção lenta e frouxa que os elementos da GNR presentes na Torreira patentearam. Não compreendemos porque não protegeram os manifestantes imediatamente, como seria o seu dever. E porque não apearam e não detiveram o cavaleiro agressor nesse flagrante delito? Eram forças presentes para defender a Ordem. Mas que Ordem? Para protegerem os aficcionados e os “artistas”? E porque não, protegerem os manifestantes deste agressivo e perigoso “artista”?
"O cavalo foi dominado e dirigido por meio de ferros na boca (freio e bridão), que pressionam as sensíveis gengivas do maxilar inferior causando dor e são mantidos nessa posição por barbelas apertadas de corrente metálica comprimindo a pele e causando dor, principalmente, quando as rédeas são puxadas com maior ou menor violência. O cavalo foi impulsionado por esporas mais ou menos agressivas, até cortantes, que são comprimidas dolorosamente contra o ventre. O animal foi assim obrigado com violência a carregar sobre os demonstrantes, quando estes estavam sentados, da primeira vez. Da segunda vez, já estes se tinham levantado, obviamente assustados e tentando escapar de serem empurrados e pisados pelo cavalo subjugado à vontade e à acção do cavaleiro. Mais tarde, como em todas as lide, o mesmo cavalo foi posto em ansiedade (por vezes causando morte por colapso cardíaco) e em risco de ferimento e de morte pelo cavaleiro tauromáquico, que o utilizou como veículo para combater e vencer o touro.
Tudo isto é a negação de amor pelo cavalo, animal violentado e sacrificado na tourada, além do touro”.
A cena está a ser divulgada extensa e intensamente pelas redes e pela comunicação social em Portugal e no estrangeiro, provocando enorme admiração e indignação. Portugal está a ser notícia pelos piores motivos, que envergonham portugueses e autoridades policiais, que já decepcionaram profundamente.
O mundo está atento a Portugal e ao modo como este atentado vai ser tratado.
Aguardamos a atitude dos tauromáquicos, com as suas habituais deturpações dos acontecimentos e o branqueamento da cruel actividade tauromáquica neste permissivo país, onde animais e pessoas estão cronicamente sujeitos a exploração e maus tratos.
Esperamos que seja feita uma cobertura informativa honesta.
Exigimos que seja feita uma investigação rigorosa, que sejam inquiridas as muitas testemunhas, que o crime do cavaleiro e a actuação da GNR sejam julgados. Aguardamos a sentença, esperando que não tarde.

Vasco Reis, médico veterináro



Cavaleiro investe duas vezes contra manifestantes anti-tourada