João Moura (cavaleiro)
A cabeça do "Ferrolho" na parede.
João Moura: Este cavalo foi o cavalo mais célebre que eu tive, e o que mais me ajudou na minha carreia, foi o "Ferrolho".
Mesa feita com as patas do "Ferrolho"
[Narração] Mas tem outras recordações do "Ferrolho", a cauda, a pele, e até das patas fez esta original mesa. Noutra sala tem mais trofeus.
Decoração de outra sala na casa de João Moura.
JM: São touros que toureei em Madrid, onde... cortei-lhe as orelhas que são os máximos trofeus e que sai pela porta grande.
Jornalista: E matou-os?
JM: Sim, foram mortos em Madrid.
Jornalista: E porque é que guarda as cabeças?
JM: São... são touros importantes porque sair pela porta grande de Madrid é o sonho de qualquer toureiro.
Jornalista: E matou-os?
JM: Sim, foram mortos em Madrid.
Jornalista: E porque é que guarda as cabeças?
JM: São... são touros importantes porque sair pela porta grande de Madrid é o sonho de qualquer toureiro.
[Narração] (..) para continuar com a tradição familiar conta agora com o filho de 14 anos.
João Moura Júnior: É uma grande responsabilidade...ser filho de uma... uma grande figura... do toureio mundial...é muito custoso... desde pequeno... que... gostei sempre de touros e cavalos, e o meu sonho é... ser toureiro. Estudar até... ao nono ano e... depois começar a tourear...
Jornalista: Mais do que o nono ano, não?
JMJ: Não...
João Moura Júnior: É uma grande responsabilidade...ser filho de uma... uma grande figura... do toureio mundial...é muito custoso... desde pequeno... que... gostei sempre de touros e cavalos, e o meu sonho é... ser toureiro. Estudar até... ao nono ano e... depois começar a tourear...
Jornalista: Mais do que o nono ano, não?
JMJ: Não...
[Narração] Sónia Matias não tinha na família ninguém ligado às touradas, apesar disso um dia foi ao campo pequeno e gostou tanto que decidiu ser toureira. Tinha 12 anos.
Jornalista: O que é que os seus pais disseram?
Sónia Matias (Toureira): Que eu não ‘tava bem da cabeça. É mesmo esta a expressão que eles me utilizaram(...)
[Narração] Mas apesar do ar feminino, Sónia garante que é tão capaz de tourear como qualquer homem, e conta que até já matou touros das três vezes que actuou a Espanha.
Jornalista: O que é que os seus pais disseram?
Sónia Matias (Toureira): Que eu não ‘tava bem da cabeça. É mesmo esta a expressão que eles me utilizaram(...)
[Narração] Mas apesar do ar feminino, Sónia garante que é tão capaz de tourear como qualquer homem, e conta que até já matou touros das três vezes que actuou a Espanha.
Manuel Gonçalves (Empresário Tauromáquico)
Manuel Gonçalves: Os toureiros é uma classe média/alta, em questão económica.
MG: Um toureiro pode ganhar até 10.000 contos por corrida. (...) São... são bem pagos.
[Narração] É o mais antigo empresário tauromáquico português (...) mas diz que os tempos já são como dantes.
MG: Neste momento é mais fácil perder 5.000 contos do que ganhar 500 contos. O público é o elemento essencial de qualquer espectáculo. (..) numa praça de touros de 10.000 lugares, estarem lá 1.000... não há ambiente, e o espectáculo morre um bocadinho por isso.
[Narração] Numa tourada os touros são os únicos que tudo perdem e nada ganham.
MG: Um toureiro pode ganhar até 10.000 contos por corrida. (...) São... são bem pagos.
[Narração] É o mais antigo empresário tauromáquico português (...) mas diz que os tempos já são como dantes.
MG: Neste momento é mais fácil perder 5.000 contos do que ganhar 500 contos. O público é o elemento essencial de qualquer espectáculo. (..) numa praça de touros de 10.000 lugares, estarem lá 1.000... não há ambiente, e o espectáculo morre um bocadinho por isso.
[Narração] Numa tourada os touros são os únicos que tudo perdem e nada ganham.
Hélder Queiroz (Forcados do Aposento da Moita)
[Narração] Diz que encara o touro na arena pelo espírito de aventura(...)
Nos grupos de forcados as mulheres também não são bem-vindas.
Hélder Queiroz: (...)Acho que o lugar das mulheres é ‘tarem ao nosso lado... noutro, noutro... separados, acompanharem-nos, ‘tarem connosco no jantar, nos apoiar-nos em casa, darem-nos força, e desejarem-nos sorte, acho que isso é o lugar principal da mulher para os forcados.(...)”
Nos grupos de forcados as mulheres também não são bem-vindas.
Hélder Queiroz: (...)Acho que o lugar das mulheres é ‘tarem ao nosso lado... noutro, noutro... separados, acompanharem-nos, ‘tarem connosco no jantar, nos apoiar-nos em casa, darem-nos força, e desejarem-nos sorte, acho que isso é o lugar principal da mulher para os forcados.(...)”
Os touros
[Narração] Sem eles não haveria forcados, nem toureiros, nem tourada, são os actores principais num espectáculo que para eles é sempre uma corrida para a morte.
[Narração] João Moura e o filho praticam quase diariamente com bezerras, esta tem cerca de um ano.
Antes de entrar na arena cortaram-lhe tanto os cornos que o animal não parou de sangrar, e o facto de ser apenas uma bezerra não a impediu de ser cravada com várias bandarilhas durante o treino.
As pessoas ligadas à tauromaquia ficam incomodadas quando se fala em crueldade contra os animais.
MG: “Minha senhora, minha senhora, minha senhora, o touro existe, só e exclusivamente para as touradas, é um animal que existe só para isto!”
Jornalista: Não acha que é um espectáculo cruel?
José Pedro Pires da Costa: Não, de maneira nenhuma.
Jornalista: Não acha que é cruel para com o touro?
JPPC: Claro que não!
Jornalista: Porquê?
JPPC: Porquê? Porque... porque... sei lá, é complicado agora estar a responder...
Jornalista: Gostas de animais?
JMJ: Gosto... cavalos, de toiros.
Jornalista: Achas que gostas de toiros?
JMJ: Gosto, gosto de toiros.
Jornalista: Mas estás disposto a andar a... a espetá-los. E eventualmente a matá-los.
JMJ: Pois, a matá-los também.
Jornalista: Achas que isso é maneira de gostar?
JMJ: Ah, não sei. Mas é a profissão, tem de ser assim.
Jornalista: Nunca teve pena de um toiro?
SM: Não [risos] Não, acho que não. [mp3]
Luís Rouxinol: O touro é... nasce com... com a finalidade em ser toureado.
João Moura: É um touro bravo que é criado só para ser toureado.
Hélder Queiroz: Os touros não sofrem naquela altura, podem sofrer mais tarde...
Jornalista: Por que é que diz isso?
HQ: Porque... essa... a raça desse touro foi lidada para isso, este touro foi criado para isso, não... não... ele foi, a genética dele não faz com que ele sofra dentro da praça...
JPPC: As pessoas que não gostam de corridas de touros deviam de se informar, informaracerca do que é uma corrida de touros.
SM: Nós somos livres de gostar do que gostamos, só vai à arena quem gosta.
MG: Deus criou o Homem e criou os animais, para que os animais servissem o homem, não é para que o homem sirva os animais.
JPPC: Não há ninguém que goste mais dos animais do que eu.
Antes de entrar na arena cortaram-lhe tanto os cornos que o animal não parou de sangrar, e o facto de ser apenas uma bezerra não a impediu de ser cravada com várias bandarilhas durante o treino.
As pessoas ligadas à tauromaquia ficam incomodadas quando se fala em crueldade contra os animais.
MG: “Minha senhora, minha senhora, minha senhora, o touro existe, só e exclusivamente para as touradas, é um animal que existe só para isto!”
Jornalista: Não acha que é um espectáculo cruel?
José Pedro Pires da Costa: Não, de maneira nenhuma.
Jornalista: Não acha que é cruel para com o touro?
JPPC: Claro que não!
Jornalista: Porquê?
JPPC: Porquê? Porque... porque... sei lá, é complicado agora estar a responder...
Jornalista: Gostas de animais?
JMJ: Gosto... cavalos, de toiros.
Jornalista: Achas que gostas de toiros?
JMJ: Gosto, gosto de toiros.
Jornalista: Mas estás disposto a andar a... a espetá-los. E eventualmente a matá-los.
JMJ: Pois, a matá-los também.
Jornalista: Achas que isso é maneira de gostar?
JMJ: Ah, não sei. Mas é a profissão, tem de ser assim.
Jornalista: Nunca teve pena de um toiro?
SM: Não [risos] Não, acho que não. [mp3]
Luís Rouxinol: O touro é... nasce com... com a finalidade em ser toureado.
João Moura: É um touro bravo que é criado só para ser toureado.
Hélder Queiroz: Os touros não sofrem naquela altura, podem sofrer mais tarde...
Jornalista: Por que é que diz isso?
HQ: Porque... essa... a raça desse touro foi lidada para isso, este touro foi criado para isso, não... não... ele foi, a genética dele não faz com que ele sofra dentro da praça...
JPPC: As pessoas que não gostam de corridas de touros deviam de se informar, informaracerca do que é uma corrida de touros.
SM: Nós somos livres de gostar do que gostamos, só vai à arena quem gosta.
MG: Deus criou o Homem e criou os animais, para que os animais servissem o homem, não é para que o homem sirva os animais.
JPPC: Não há ninguém que goste mais dos animais do que eu.
A Tourada
[Narração] Dentro dos curros os animais estão agitados, pior estariam se soubessem o que lhes vai acontecer.
Os touros são conduzidos para este pequeno compartimento e imobilizados com um barrote e com cordas, só depois os curraleiros lhes cortam as pontas dos cornos. No final põem-lhes protecções de cabedal. [mp3]
Os touros são conduzidos para este pequeno compartimento e imobilizados com um barrote e com cordas, só depois os curraleiros lhes cortam as pontas dos cornos. No final põem-lhes protecções de cabedal. [mp3]
[Narração] (...)numa coisa todos os toureios são iguais nenhum sai para uma corrida sem pedir protecção divina
SM: Sempre que venho para as corridas trago estes santinhos que me acompanham, sempre que chego ao hotel a primeira coisa que eu faço é colocá-los, neste caso foi nesta mesinha (...) para depois antes de ir para a corrida fazer as minhas rezas... e quando voltar agradecer.
Jornalista: Traz sempre os mesmos?
SM: Sim, trago sempre os mesmos. Por vezes tenho... tenho excepções, vou por exemplo, mostrar aqui a nossa senhora dos toureiros que é a Macarena, que é uma das santinhas que eu nunca me esqueço em casa, embora os outros também não esqueça, mas esta é tipo indispensável, também uso na casaca.
[Narração] (..) na praça ninguém quer saber dos sentimentos do touro, e muitos nem imaginam que mal saem da arena os animais têm de passar por outro mau bocado. Voltam a ser amarrados para que os curraleiros lhes retirem as bandarilhas. O director de corrida não nos deixou fazer imagens, alegou que seria demasiado impressionantes para o público. Aqui fica o som do protesto dos touros enquanto os homens lhes cortam a carne para retira a farpa. [mp3]
SM: Sempre que venho para as corridas trago estes santinhos que me acompanham, sempre que chego ao hotel a primeira coisa que eu faço é colocá-los, neste caso foi nesta mesinha (...) para depois antes de ir para a corrida fazer as minhas rezas... e quando voltar agradecer.
Jornalista: Traz sempre os mesmos?
SM: Sim, trago sempre os mesmos. Por vezes tenho... tenho excepções, vou por exemplo, mostrar aqui a nossa senhora dos toureiros que é a Macarena, que é uma das santinhas que eu nunca me esqueço em casa, embora os outros também não esqueça, mas esta é tipo indispensável, também uso na casaca.
[Narração] (..) na praça ninguém quer saber dos sentimentos do touro, e muitos nem imaginam que mal saem da arena os animais têm de passar por outro mau bocado. Voltam a ser amarrados para que os curraleiros lhes retirem as bandarilhas. O director de corrida não nos deixou fazer imagens, alegou que seria demasiado impressionantes para o público. Aqui fica o som do protesto dos touros enquanto os homens lhes cortam a carne para retira a farpa. [mp3]
Entretanto nas bancadas o público vibra com as estucadas dos cavaleiros, mas emoção a sério é quando alguma coisa corre mal.
Duas horas depois a corrida chega ao fim. Todos se saíram bem, forcados e cavaleiros já só sonham com o descanso, e com o banho.
LR: (...)Depois daqui corrida vou tomar o meu banhinho e jantar descansado com a minha família.
[Narração] Nos curros, os touros não têm direito a jantar nem a água, nem sequer a um desinfectante que lhe alivie as feridas. Vão ter que esperar que abra o matadouro mais próximo para então serem mortos. Se a corrida for a um sábado só são abatidos segunda de manhã. Às vezes, quando algum touro se destaca pela bravura, o ganadeiro decide poupar-lhe a vida e usá-lo como reprodutor. Mas a verdade é que nenhum dos animais desta corrida mereceu a clemência dos homens.
Duas horas depois a corrida chega ao fim. Todos se saíram bem, forcados e cavaleiros já só sonham com o descanso, e com o banho.
LR: (...)Depois daqui corrida vou tomar o meu banhinho e jantar descansado com a minha família.
[Narração] Nos curros, os touros não têm direito a jantar nem a água, nem sequer a um desinfectante que lhe alivie as feridas. Vão ter que esperar que abra o matadouro mais próximo para então serem mortos. Se a corrida for a um sábado só são abatidos segunda de manhã. Às vezes, quando algum touro se destaca pela bravura, o ganadeiro decide poupar-lhe a vida e usá-lo como reprodutor. Mas a verdade é que nenhum dos animais desta corrida mereceu a clemência dos homens.
in “Vermelho e Negro”, reportagem exibida na SIC na semana de 9 de Junho de 2003
Jornalista (e narração da reportagem): Cristina Boavida
Imagem: Odacir JúniorEdição: Marco Carrasqueira
Jornalista (e narração da reportagem): Cristina Boavida
Imagem: Odacir JúniorEdição: Marco Carrasqueira
“Vermelho e Negro”
Assista ao vídeo e reportagem:
As touradas: Violência e Maltrato dos Animais
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